capítulo vinte e cinco

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Sábado, Universidade Nacional de Seoul, 2:35 p.m.

— Agora entendo porque não queria ter aulas comigo. Já é fluente e só estava sendo modesta. — Disse Park Seonghwa, erguendo a vista do livro de exercícios para a morena ao seu lado, que riu sem graça.

— De modo algum, eu só não queria incomodá-lo. — Juntou as mãos sob a mesa, deslizando os dedos um no outro levemente nervosa. Park meneou a cabeça à sua intrínseca maneira serena.

— Não incomoda. É bom passar tempo com você. Q-quero dizer, você é uma companhia agradável. — Era a primeira vez que Jeongin via o universitário tropeçar numa palavra, e achou particularmente adorável.

— Também acho sua companhia agradável. À propósito, você é sempre tão calmo, espero que sua aula tenha passado essa característica pra que eu possa utilizar na hora prova.

A brincadeira provocou um sorriso aberto no outro e, por um segundo, a Choi notou o quanto aquele sorriso caía bem nele.

— Eu não nasci assim, então é algo que você pode aprender. E já vi que pode aprender qualquer coisa.

Jeongin corou pelo elogio proferido a si, desviando o olhar inevitavelmente para uma das estantes imponentes organizadas em fileiras perfeitas.

— Escuta, se não tiver comido a sobremesa ainda, podemos para numa confeitaria na volta. Conheço uma que tem opções deliciosas. 

— Eu estava mesmo com vontade de comer algo doce. — Jeongin respondeu um tanto pensativa. — Tudo bem, mas só se me deixar pagar dessa vez! 

Uma risada frouxa escapou dos lábios de Seonghwa como um sopro e ele mudou a postura, apoiando os antebraços sobre a mesa de madeira cor de capuccino. 

— O que tem demais em aceitar uma gentileza, Jeongin?

— Não é uma gentileza, já são duas. Se continuar aceitando, vai chegar um ponto em que não vou mais poder retribuí-lo. — Justificou, fazendo o rapaz achar graça em seu jeito sério de falar. — Do que está rindo? Seonghwa! Não é uma brincadeira. — Franziu o cenho e comprimiu os lábios num biquinho. Park virou o rosto ao lado contrário, para que ela não ficasse ainda mais chateada por ele estar rindo. 

— Desculpa. É só que... — Pigarreou, ao que recompunha-se. — ... é que uma gentileza, você não tem que retribuir, e você é engraçada quando fica assim. 

— Assim como? — Cruzou os braços, erguendo uma das sobrancelhas, então o mais velho fechou a cara, como se a estivesse imitando. — O quê? Eu não fico assim!  

— Claro que fica! — O outro insistiu entre risos. — Sua boca encolhe, mas suas bochechas ficam infladas. — Ele gesticulava ao falar, mas Jeongin sacudia a cabeça numa negação austera, que também era divertida de se ver. — Não vai acreditar em mim, já entendi, você tem opiniões fortes.

— Sim, eu tenho. — Assentiu com um gesto firme de cabeça. — E, na minha opinião, deveríamos ir logo para pegar as melhores sobremesas. 

— E, na minha opinião, está completamente certa! — Num segundo, levantou, em seguida fechou os livros e cadernos com delicadeza, ajudando-a a colocar de volta na bolsa. 

Os dois saíram quase saltitantes da biblioteca. Eram como duas formiguinhas a caminho de um grande cubo de açúcar. 

Não demorava para pegar um metrô em Gwanak-gu. Era um distrito muito movimento, sobretudo pela presença da Universidade, por isso sempre havia um vasto horário para embarcar no transporte e ir pra qualquer lugar de Seul. 

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