capítulo oito

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"Não disse que não é amor, definitivamente é, mas eu sei que é efêmero e que o tempo há de mudá-lo como o inverno muda as árvores, e mesmo que eu te amasse com todas as forças do meu corpo nem em cem anos poderia te amar tanto quanto te amei em um único dia..."

Era por volta das oito da noite. Jeongin estava imersa na narrativa de "O Morro dos Ventos Uivantes", quando um feixe de luz repousou rapidamente sobre seu rosto ─ sumiu e o fez outra vez. Ela voltou os olhos para a janela por um segundo, sem dar muita importância, logo retomou sua leitura.

"... Talvez daqui 100 anos eu ame ainda mais, tanto, que tu já tenha se espalhado de tal forma..."

Novamente aquela luz encandeava sua visão, fazendo formas de círculo sobre seu rosto. Esticou o braço e afastou a cortina um pouco mais pro lado, a fim de ver o que tanto tentava chamar sua atenção do lado de fora, quando notou que a fonte responsável era uma lanterna que vinha da janela vizinha. Pôs a mão à frente dos olhos, logo a luz apagou-se e Yunho agora acenava à sua maneira empolgada. Seus lábios movíam-se como se estivesse falando alguma coisa, era difícil entender.

Jeongin deixou o livro de lado, pegou na escrivaninha uma folha, uma caneta de ponta grossa e começou a escrever. Um minuto depois, ela ergueu o papel à altura da janela.

Não consigo entender

Após ler o recado, Yunho correu os olhos pelo quarto, à procura de algo que pudesse escrever, então voltou-se para a janela mais uma vez e gesticulou para que a garota esperasse um instante. Rapidamente, pegou algumas folhas no quarto vizinho, junto de uma caneta, escreveu o que queria e repetiu a atitude de Jeongin.

Está ocupada agora?

Choi não demorou a ler a resposta do outro. Escreveu a sua na página oposta e mostrou novamente.

Não. Por quê?

Jeong também tratou de escrever assim que leu o que Jeongin havia respondido. Atrapalhou-se com os papéis ao levá-los à janela, ─ o que também arrancou um risinho da menor ─ mas logo deixou sua pergunta visível.

Pode ir lá embaixo um segundo?

A morena pegou um outro papel, escreveu o que desejava e mostrou ao mais velho.

Posso.

Legal. Vou descer e te encontro já já.

Foi a resposta de Yunho, que saiu logo depois de certificar-se que sua mensagem tinha sido entendida.

Jeongin mordeu de leve o lábio inferior, o olhar ainda fixo no cômodo, agora de luzes apagadas. Enfim, levantou da cadeira, pegou um casaco de Jongho jogado na cama e saiu do quarto.

─ Vai sair? ─ Indagou San levantando a cabeça quase enfiada dentro da geladeira quando ela passou pela cozinha.

─ Não. Na verdade, sim, vou... tomar um pouco de ar lá embaixo. ─ Deu de ombros.

─ Ah. Não volte muito tarde.

─ Tudo bem. E você vê se veste uma camisa pra não pegar um resfriado de frente pra essa geladeira aí. ─ Brincou. O irmão riu fraco gesticulando para que fosse embora e assim Jeongin fez.

Do lado de fora, a noite fria envolveu sua pele como pequenas agulhas penetrando-a ao mesmo tempo. Yunho estava observando a rua deserta com as mãos enfiadas nos bolsos do moletom cinza o qual estava usando. Ele virou abruptamente em sua direção e todo seu corpo estremeceu, entretanto, ela continuou a aproximar-se.

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