capítulo três

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Ao meio dia em ponto o sinal sonoro liberou os alunos para o almoço. Naturalmente, cada grupinho dispersou-se pelo pátio para aproveitar aquele tempo juntos, entretanto, o grupo de Jeongin estava incompleto desta vez. Yeosang, como sempre, jogava alguma coisa no celular, Wooyoung não tinha dado sinal de vida desde o início das aulas e Hongjoong não faria mais parte do dos almoços ou de qualquer coisa que envolvesse a escola.

Ao longe, alguém aproximava-se correndo com algo nas mãos. De algum modo o jeito de correr bastante familiar forçou Jeongin a estreitar os olhos para conferir se era alguém que de fato conhecia.

─ Ah, meu Deus! Yeo, aquele ali é o Wooyoung?

Kang desviou a atenção para onde a amiga indicava, repetiu seu gesto de semicerrar os olhos e voltou-se para ela novamente.

─ Sim, é ele. ─ Ao dizer, um risinho baixo escapou entre seus dentes.

Um minuto depois, Wooyoung chegou até eles e parou ofegante com as mãos apoiadas nos joelhos ─ a destra segurava uma pequena sacola colorida.

─ Eu gostaria de te perguntar alguma coisa, mas nem sei por onde começar. ─ Jeongin franziu as sobrancelhas em análise à situação do garoto, que, sem dizer nada, a entregou a embalagem.

─ Hoje... mais cedo... você disse... disse que... se eu comprasse os... chocolates... iria... falar com o... Yunho. ─ Suspiros densos entrecortavam sua fala e, ao fim, Jung levantou a cabeça para olhá-la.

A expressão da Choi mudou bruscamente, seus olhos recaíram sobre o conteúdo dentro da sacola: uma caixa de chocolates e um cartão especial do White Day. Ela não conseguia acreditar que Wooyoung havia levado a sério sua frase irônica.

─ E-eu não estava falando sério! ─ Exclamou aflita. De soslaio pôde ver Yeosang disfarçando um sorriso.

─ Mas eu estou falando muito sério agora e você vai falar com ele, ser sincera sobre tudo o que sente. ─ Já de tronco erguido, como se nada tivesse acontecido, Jung sorriu da forma mais cínica que podia. A atitude fez o sangue de Jeongin ferver.

─ Quantas vezes vou precisar te dizer que não vai rolar? Woo, por favor, desiste disso, já está ficando enfadonho! ─ Suspirou pesadamente, em seguida sentou-se à mesa com um biquinho de frustração estampado em seu rosto.

─ Innie, você me conhece, não vou desistir até que fale com ele. ─ Cruzou os braços decidido. ─ Pode estar perdendo uma grande oportunidade, sabia? E se ele gostar de você, mas só estiver querendo que dê o primeiro passo, hm?

─ Pra você é muito fácil me dizer o quanto preciso ser corajosa pra falar o que guardei por seis anos!

─ Não são seis anos ainda. ─ Interrompeu Yeosang.

─ Que seja! ─ Num movimento rápido e brusco, levantou batendo as palmas das mãos sobre a mesa, o que surpreendeu ambos os rapazes. ─ Você acha que vale a pena arriscar tudo isso por um "e se"?

Fez-se silêncio por algum tempo, então Wooyoung posicionou-se ao lado da Choi, passou o braço por seus ombros e sentou junto de si.

─ Vamos fazer um trato. Se contar pro Yun tudo o que está no seu coraçãozinho, prometo não tocar mais nesse assunto, mas você precisa realmente tentar, o que acha?

A mais nova parou pra pensar por alguns instantes na proposta tentadora. Seria bom não tê-lo o tempo inteiro como um papagaio repetindo que ela deveria falar sobre o que sente, mas só de pensar em fazer tal coisa, Jeongin estremecia dos pés à cabeça.

─ Não vai nem mencionar o nome dele? ─ Fitou Wooyoung com atenção, na tentativa de ler sua expressão. O garoto assentiu e entrelaçou seus dedos mindinhos como num juramento, arrancando da menor um suspiro de derrota. ─ Tudo bem, eu falo, mas só no fim da aula.

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