capítulo vinte e sete

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Yunho ainda sentia as mãos um tanto trêmulas após deixar a enfermaria, apesar de seus lábios estarem curvados num sorriso largo. A voz doce de Jeongin ecoava em seus ouvidos como a canção mais bonita do mundo, dizendo "Yun" melodicamente num loop incansável. Ele nunca se sentira assim antes, gostava da sensação, ao mesmo tempo que ficava confuso. 

— Parece feliz pra alguém num hospital. — Disse outra pessoa, fazendo-o sair de sua mente distraída. Wooyoung o encarava de braços cruzados, com uma expressão neutra, mas Yunho fechou a cara. — Por que está me olhando assim?

— Não seja cínico. — Resmungou. Desde que tiveram o pequeno desentendimento saindo da festa, Jeong não queria ver o amigo nem que fosse pintado de ouro.

— Não estou sendo, só fiz um comentário. — Deu de ombros impassível, ao que o acastanhado meneou a cabeça. — Continua fazendo o que eu te disse pra não fazer, não é? 

— Você quem diz o que eu tenho que fazer agora? Escuta, Wooyoung, pode me dizer exatamente o que estou fazendo sem parecer um ciumento controlador? 

— Ainda acha que é por ciúmes? Sério? Você não ouviu nada do que eu disse na outra noite. Inacreditável! — O mais novo esfregou as têmporas sem paciência.

— Inacreditável é você continuar insistindo na mesma coisa sem sentido. Já falei uma vez e não me importo em repetir: a Jeongin não é do San, muito menos sua. 

—  Ah, e ela é sua, então? — Retrucou, tornando a cruzar os braços, e trocou o peso de uma perna para outra. Jeong lançou-lhe um olhar cético. 

— Que tipo de pergunta é essa? Claro que não. Estou dizendo que ela é grandinha pra escolher os próprios amigos sem que você e o San metam o nariz em tudo. 

— Só que você está atrapalhando a decisão dela, seguindo-a como um cachorro. — Seu tom de voz elevado atraiu o olhar de um enfermeiro que estava por perto e os repreendeu pelo barulho. Após uma reverência em desculpas, Jung tornou a fitar Yunho, o qual tinha uma feição nada boa, porém Wooyoung não se deixou intimidar. — É claro que a Jeongin vai querer ser sua amiga se ficar o tempo todo em cima dela. 

— Não estou rondando a Innie, eu disse que a amizade começou espontaneamente. Não gosto do jeito que tem falado comigo, me acusando como se eu estivesse cometendo um crime por me aproximar. 

— E eu não gosto do que você está fazendo. Não consegue ver? Ponha-se no lugar dela: se você tivesse revelado o que sente, recebido um fora e, depois ela viesse como se nada tivesse acontecido, tentando ser sua amiguinha, como se sentiria? Por favor, não precisa ser muito inteligente pra entender. 

Yunho cerrou os lábios, sem saber o que dizer. Wooyoung falava de si tão cruelmente, como se ele só estivesse interessado em manter Jeongin por perto para elevar o próprio ego. Mas que culpa ele tinha de ser alvo dos sentimentos dela? E como Jung podia acusá-lo com tanta propriedade se não tinha a menor noção do que ambos estavam vivenciando nos últimos dias? Mesmo que Jeongin contasse, era o ponto de vista dela, e ela não parecia achar que ele estava fazendo algo tão perverso.

— Pare de me colocar como o vilão dessa história.

— Não existe vilão aqui. Você acabou com o conto de fadas quando rejeitou os sentimentos da Jeongin. E, tudo bem, não é obrigado a retribuí-los, mas por que não a deixa em paz de uma vez se não pode ser recíproco?

— Como tem tanta certeza disso? —  Inquiriu impulsivamente. O moreno ergueu as sobrancelhas por um instante. 

— É recíproco, hyung? — Pela primeira vez ele não parecia um advogado opositor e carrasco. Yunho não respondeu. — Viu? Você nem responde. Eu sei de tudo sobre aquele White Day e até antes de a Jeongin ir falar contigo. Não existia outra pessoa que apoiasse mais vocês dois do que eu, até comprei os chocolates, não foi? E, por mais que sejam meus melhores amigos, não vou fechar os olhos pra o que está acontecendo. Entre deixar a Innie se magoar outra vez ou ficar na minha porque você vai se chatear, eu prefiro tentar abrir os olhos dela.

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