capítulo doze

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─ Por que sua família me cumprimentou como se nada tivesse acontecido? ─ A pergunta fora retórica, ela sabia muito bem a resposta. Yunho ergueu de leve as sobrancelhas, em surpresa.

─ É que eu me ocupei com tantas coisas que... acabei esquecendo, desculpe. ─ Prensou os lábios, sentindo uma pontada de vergonha pela própria irresponsabilidade. Jeongin suspirou com discrição. ─ Mas eu juro que vou contar...

─ Primeiro me fez uma promessa, agora está jurando. Pelo quê mais eu devo esperar? ─ Indagou, a voz dotada de chateação. O rapaz entreabriu a boca, sem saber o que dizer para amenizar a situação.

─ N-não deve esperar por mais nada, foi um descuido, mas vou falar assim que possível.

─ "Assim que der"? Yunho, isso não é algo que esteja me deixando exatamente numa boa posição tanto com a minha família quanto com a sua. ─ Suas respostas astutas vinham do mau sentimento de mentir para as pessoas. ─ Talvez você tenha o costume de omitir coisas assim, mas eu não.

─ Eu não costumo. Me desculpe por isso. ─ Jeong baixou o olhar, como se tivesse encontrado algum detalhe interessante nos pés. Quando tornou a encará-la, apressou-se em dizer: ─ Amanhã. Vou falar amanhã, já que eles te viram hoje e...

─ Está saindo dois dias do prazo. E se algum deles acabar me vendo amanhã também? Por quanto mais precisaremos adiar?

─ Não se preocupe, eu vou dar um jeito. Confie em mim. ─ Ao falar, Yunho abriu um de seus sorrisos adoráveis, os quais sempre usurpavam o fôlego de Jeongin. Era impossível negar alguma coisa a eles, mas, ao mesmo tempo, que motivos ela tinha pra confiar?

Não é como se ele tivesse cometido um crime, o que são apenas dois dias? Mas se eu continuar relevando, até quando vamos levar essa situação? Ou será que estou sendo fatalista demais? Talvez eu esteja me rendendo com facilidade por um simples sorriso... mas é tão lindo... Droga.

Após tortuosos minutos de reflexão, ela concordou num aceno de cabeça. Os olhos do garoto sumiram quando os cantos de seus lábios curvaram ainda mais pra cima. Era possível ver quase todos os seus dentes agora. Jeongin tentou ignorar a aceleração dos próprios batimentos.

Os jovens dispersaram-se após o pequeno diálogo. Yunho fora chamado pelo primo para ajudar em alguma coisa, enquanto Jeongin resolveu dar um volta pelo local — este que conhecia de uma ponta a outra — a fim de pensar um pouco.  Ela questionava a si mesma do porquê de fazer tudo aquilo, se era certo, de fato, ou quais eram suas reais motivações para permanecer nisso.

— Jeongin? — Alguém chamou, fazendo-a olhar por cima dos ombros.

— Damin, oi... o que tá fazendo aqui?

— Que surpresa ao me ver, acho que eu deveria vir mais à biblioteca. — Comentou, prensando os lábios. 

— Não foi isso que eu quis dizer, desculpe... — Jeongin estava prestes a fazer uma reverência, mas a ruiva riu e meneou a cabeça, sem dar importância.

— Eu sei, você não seria capaz de ofender nem uma mosca, e coisa e tal. Respondendo à sua pergunta, Kwon Eunji é a única escritora que ainda me estimula a não esquecer que sou alfabetizada. — Deu de ombros, provocando um risinho na mais nova. — E você, pelo visto, está indo muito bem, não? Com aquele garoto que cabelo castanho.  É a segunda vez que os vejo juntos, fico feliz que tenham se resolvido.

Naquele exato milésimo de segundo, Choi pôde sentir todos os músculos de seu corpo tensionarem ao mesmo tempo. 

— S-segunda vez? 

— Sim, semana passada vocês foram almoçar com mais um monte de gente no restaurante da minha avó. Você não me viu porque eu estava na cozinha. Aquela era a família dele, não era? Pelo visto as coisas estão sérias! — Havia uma ponta de empolgação por trás de seu falatório. 

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