capítulo quinze

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Nas terras longínquas localizadas às profundezas de sua mente, Jeongin divagava sem rumo em meio aos devaneios que tinham vindo com os últimos dias. Ela sempre pensava em Yunho, era fato, porém nunca desse jeito, com tantas preocupações e possibilidades futuras. Sobretudo agora, que tinha aparecido essa tal conta prometendo revelar um novo casal da escola. Ela também questionava se Yunho estaria preocupado à mesma intensidade.

Estava tão absorta em tais pensamentos, que sequer percebeu quando sua mão trombou acidentalmente no vasilhame de vidro e este escorregou da bancada. Apenas o som dos cacos sendo espalhados sobre o chão foi capaz de trazê-la de volta à realidade. Demorou alguns instantes para compreender o que tinha acontecido e, quando o fez, Jeongin suspirou fraco e abaixou para pegar os fragmentos maiores. Toda aquela situação deixava-a tão distraída. 

─ Innie? Tá tudo bem? Ouvi o barulho de algo quebrando. ─ A voz de seu irmão logo invadiu o cômodo. A Choi ergueu a cabeça e assentiu com um gesto sucinto. ─ Precisa de ajuda? ─ Tornou a questionar, conforme aproximava-se. Desta vez, a mais nova negou, também com um aceno mudo. ─ Sua mão tá sangrando. 

Jeongin parou abruptamente o que fazia, direcionou o olhar para a palma da mão direita e estava mesmo sangrando. De relance, viu San esticando os braços em sua direção, então segurou seus pulsos e puxou-a para longe dali.

─ Jongho tá no quarto, pede pra ele fazer um curativo, vou terminar de limpar aqui. ─ Ordenou. Sem muitos argumentos, a mais nova seguiu ao quarto. O gêmeo estava sentado de costas para a escrivaninha, lendo um livro, e olhou-a quando sentiu sua presença.

─ O que aconteceu? Eu escutei...

─ É, eu quebrei uma vasilha de vidro. Onde está o kit de primeiros socorros? 

Jongho fechou o livro de uma vez, levantou e foi até Jeongin, a expressão apreensiva.

─ Você se machucou? Deixa eu ver. ─ Com delicadeza, tomou a mão da irmã, analisando o machucado que ainda transbordava sangue.

─ Foi um corte superficial, só preciso limpar e fazer um curativo. ─ Deu de ombros. Jongho assentiu, empurrando-a devagar até a sala. Em seguida caminhou ao banheiro, onde pegou o kit, e retornou. 

─ O que está acontecendo, noona? ─ Indagou o mais novo, sem desviar o foco de sua tarefa. 

─ Eu só bati no vidro sem querer e escorregou da bancada.

─ Não, eu quero dizer, o que está acontecendo com você esses dias? Você não se distrai com facilidade, na real, é bem concentrada. À propósito, sempre cozinha mais que o normal quando está confusa, nervosa ou preocupada, principalmente doces, e senti o cheiro dos biscoitos lá do quarto. Além disso, já faz um tempo que não te vejo lendo. 

Jeongin ergueu as sobrancelhas, surpresa por Jongho ter notado todas essas coisas, que nem ela tinha se dado conta antes. Talvez fosse "seu poder especial de gêmeos" entrando em ação. 

─ Acho que estou preocupada com algumas coisas na escola e no curso de francês. ─ Disse por fim. Uma mentira. 

─ Não devia se sobrecarregar tanto, noona. Dê um tempo no curso, se não estiver conseguindo conciliar com a escola. ─ A morena murmurou alguma palavra de concordância e seguiu em silêncio até que o rapaz finalizasse aquele curativo, pelo qual ela logo agradeceu. ─ Tira um tempo pra você, tá? Eu te amo.

─ Também te amo, Jonggie. ─ Ambos sorriram fraco, ele selou a testa da mais baixa, em seguida retornou ao quarto. 

A garota, por sua vez, caçou o celular pelo apartamento, encontrando-o na cozinha ─ agora organizada graças a San. Ao baixar a barra de notificações, seus olhos foram de encontro a uma mensagem inusitada, porém que fez seus lábios curvarem num sorriso. 

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