capítulo trinta e um

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Já era quase fim do intervalo quando o celular de Jeongin vibrou, avisando de novas notificações no Instagram.

@shwa.park começou a seguir você
@shwa.park deseja enviar uma mensagem

Jeongin clicou no ícone do chat do aplicativo.

shwa.park
O algorítimo me sugeriu seu perfil! 😅
Tá meio em cima, mas quer vir à biblioteca depois da sua aula?
É o Seonghwa!

j.in_choi
Oi! 👋
Claro, vai ser legal
Nos encontramos lá

shwa.park
👍


[...]

Com o término da última aula, Jeongin juntou as coisas e guardou rapidamente na mochila. Já estava prestes a sair, quando alguém a segurou pelo ombro.

— Noona, temos algo pra conversar. — Disse Jongho. A mais velha suspirou baixo e virou para si.

— Temos. Mas pode esperar só mais um pouquinho? — Franziu o cenho, numa expressão de súplica. O gêmeo torceu os lábios de modo quase imperceptível. — Eu sei que prometi que iria te falar, e juro por tudo que não estou enrolando, só preciso ir à biblioteca antes de voltar pra casa e, quando eu voltar, te conto detalhe por detalhe do que está acontecendo.

O Choi analisou a irmã sem expressão no rosto. Isso assustava Jeongin, pois era sempre difícil saber o que Jongho estava pensando.

— Tudo bem. Não estou querendo saber por fofoca, nem nada do tipo. Só fiquei... confuso e preocupado com a cena de hoje, mais cedo. Você sabe, não é, noona?

Ela ergueu as sobrancelhas, escondidas pela franja densa de fios negros.

— Jonggie, é claro que sei. Você nunca faria algo assim comigo, e obrigada pela sua preocupação de sempre. — Um sorriso fraterno curvou os lábios da mais velha para cima, e ela puxou seu caçula para um abraço apertado. — Por favor, só... não comenta com o San. Lembra dos segredos de gêmeos? Este é um deles.

Jongho assentiu e ambos se abraçaram outra vez.

Ao sair da escola, Jeongin sentiu o peso insuportável de seus ombros aliviar um pouco mais. Aos poucos, as coisas pareciam se ajeitar, mas as palavras de Seonghwa ainda perambulavam por sua mente. Se aquele era o processo de cicatrização, no fim, só restaria uma lembrança e mais nenhum sentimento, nem bom nem ruim. Apenas a cicatriz de um machucado que foi mais profundo do que deveria ter ido.

Por sorte, o metrô ainda não tinha saído e ainda havia assentos disponíveis. Gangnam ficava a dezesseis minutos de Gwanak; dava para ler um ou dois capítulos de O Morro dos Ventos Uivantes, mas Jeongin estava travada no mesmo parágrafo há mais de cinco minutos. Como vinha sendo difícil manter o foco nos últimos dias. Eram tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo, que, em meses, ela sequer conseguira terminar um livro que leria em apenas um, no máximo.

Yunho, Yunho, Yunho, era tudo o que se passava por sua mente. O dilema infindável de amá-lo ou não, a dúvida cruel dos seus sentimentos, ou da ausência deles. Afinal, quem Jeong Yunho pensava que era para brincar assim consigo e fazê-la questionar o que ela própria estava sentindo? Será que ele pensava o mesmo a seu respeito? Será que o coração dele acelerava quando estavam próximos? Será que o estômago embrulhava? Será que ele sentia que podia fazer qualquer coisa só pra ter o olhar apaixonado de Jeongin por apenas um minuto? Não, ele não sentia isso, porque não precisava mover um dedo para receber o olhar apaixonado por quanto tempo fosse. Que injusto.

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