Paper Hearts ⇾𝐉𝐘𝐇

capítulo trinta e três

A sensação era de que estava prestes a enfrentar um tribunal o qual tinha como juíza a adorável e intimidadora Choi Jeongin. Yunho nunca estivera tão à flor da pele antes. O jogo tinha mudado de uma hora pra outra, deixando-o quase que sem tempo para assimilar as coisas, no entanto, a velocidade com que isso aconteceu era a mesma com que poderia acabar de vez. Apaixonado por Jeongin? Alguns meses atrás seria a maior piada que alguém poderia lhe contar. Como? Como ele nunca se deu conta da pessoa extraordinária bem abaixo do próprio nariz? De fato, lamentável — para dizer o mínimo.

A fachada do Paris Baguette era moderna e cativante, impossível não querer entrar lá. Porém Jeongin não queria fazê-lo. Estava tão ansiosa que as mãos não paravam de transpirar e o estômago tinha embrulhado desde antes de sair de casa. Era terrível sentir-se tão vulnerável daquela forma, sobretudo porque gostar de Yunho em segredo sempre a deixou bem dentro da zona de conforto, mas tudo era diferente agora, e a Jeongin do passado não poderia imaginar o quão difícil seria ter que encontrá-lo para conversar. Tentando ser o mais positiva possível, ao menos ele se desculparia por toda a besteira que os fez se meterem, não havia muito para temer quanto a isso, certo? Ela esperava que sim.

Puxando o ar, na tentativa de obter junto um pouco de coragem, a garota finalmente tocou a maçaneta. No mesmo instante, ao sentir o toque inesperado nas costas da mão, virou o rosto para o lado, até que seus olhos esbarraram nos de Yunho. Ele ergueu as sobrancelhas de modo sutil, revelando que o gesto não fora premeditado. 

— Innie, não te vi aí. Quer dizer, não percebi que era você. — Disse, retirando a mão sobre a da menor, que acabou por afastar-se da maçaneta também. 

— Também não vi você chegar. 

— Está aí há muito tempo? — Seria preocupante se a resposta fosse positiva, mas Choi negou com um gesto de cabeça. — Vamos entrar? — Tornou a segurar a maçaneta gélida de metal e abriu a porta, dando espaço para que a outra pudesse entrar primeiro.

Quando Jeongin passou diante de si, seu perfume marcante invadiu as narinas de Jeong. Ao mesmo tempo, seus batimentos aumentaram e, involuntariamente, ele tomou uma inspiração profunda, capturando o máximo que podia daquele aroma de baunilha. Como um cheiro poderia causar tantas reações em seu corpo? 

Não haviam muitas mesas vazias no salão, Jeongin notou. Estava tentando prestar atenção em qualquer coisa que não fosse Yunho, mas era tão difícil. Ele tinha aquele jeito doce e gentil que roubava toda a atenção do mundo para si, principalmente a da Choi. Gostar de alguém não devia ser tão assustador assim, ela pensou, embora sua mente tivesse começado a relembrar as experiências agradáveis vividas por ambos recentemente. 

— O que acha de sentar ali? — Jeong indagou, puxando a menor de sua divagação. 

— Hm. Parece ótimo.

Era difícil dizer com o que aqueles dois pareciam. Próximos demais para serem estranhos um para o outro. Distantes demais para serem um casal aproveitando os meados da primavera coreana. De toda forma, eles nunca haviam passado disso: uma relação indefinida e complicada — pelo menos não na realidade. 

Até manter contato visual direto exigia esforços demais dos dois lados. Embora tivesse tido o trabalho de escrever e memorizar o que diria quando estivesse frente a frente com Jeongin, nem mesmo uma palavra passava pela mente de Jeong. Ele buscava incansavelmente por uma forma de começar a conversa, mas nada acontecia. Nenhuma frase digna de ser dita, nenhuma ideia brilhante, tudo vazio como uma sala velha e empoeirada.

Um garçom aproximou-se para tirar seus pedidos — a salvação para aquele momento de tensão. Yunho optou por um Buble Tea e um sanduíche em baguete francesa, enquanto Jeongin preferiu apenas um café gelado com chantilly extra. Ele, então, deixou de lado o fato de ter achado extremamente adorável o jeito que a menor pronunciava "chantilly" e tentou concentrar-se no objetivo daquele encontro.