Paper Hearts ⇾𝐉𝐘𝐇

capítulo vinte e três

O barulho da porta sendo fechada com força fez um eco cobrir todo o apartamento, surpreendendo a própria Jeongin com o volume daquele som. Por sorte, os pais estavam de plantão naquele dia também, Jongho provavelmente havia saído com os amigos, então não haveria ninguém para lhe dar uma bronca ou perguntar o porquê tinha voltado pra casa tão cedo.

Ela fechou os olhos e soltou um longo suspiro, mas seu coração ainda parecia estar sob uma pressão absurda que a impedia até mesmo de respirar direito.

Tudo encontrava-se tão mais confuso, sua mente estava dividida por um monte de emoções fragmentadas entre paixão e raiva. Por que ele havia beijado-a? Por que tinha dito que não podia retribuir seus sentimentos e agora criava todos esses cenários ambíguos? Por que ficava olhando pra ela daquele jeito? E os "por quês" seguiam infinitamente.

Seu celular sinalizou uma nova mensagem e a garota pegou o aparelho na bolsa rapidamente para ver quem era.

Woo ♡
Você saiu correndo da festa
O que houve?
Está tudo bem?
Quer conversar?

Um suspiro denso escapou com dificuldade pelos pulmões da Choi, que preferiu não responder Wooyoung naquele momento, pois sequer saberia o que falar, ou como explicaria o motivo de ter saído assim.

Na verdade, Jeongin se sentia cansada. Quando na vida esconderia algo assim de Wooyoung? Isso estava errado, ele era o primeiro que deveria saber, e Hongjoong também, mas ela havia deixado-se levar pelos próprios sentimentos e agora não podia contar para os melhores amigos sobre o seu primeiro beijo.

O coração ainda palpitava trêmulo dentro do peito, parecia ter sofrido um choque de impossíveis um milhão de volts. Ela não fazia a mínima ideia do que viria a seguir. O que acontece depois do primeiro beijo? — Perguntava-se a cada instante.

Retirando-a dos próprios pensamentos, três batidas soaram bem atrás de si. Jeongin sacudiu a cabeça, recompondo-se, então abriu a porta. Seus olhos arregalaram ao ver Park Seonghwa ali. Trajava um conjunto de moletom simples que ficava estranhamente refinado nele.

— Seonghwa, o que faz aqui? — Indagou, mas, ao cair a ficha, cobriu a boca com ambas as mãos e curvou-se diante do mais velho. — Desculpe, sunbaenim, não quis ser indelicada. Eu estou tão distraída hoje.

O rapaz segurou seus ombros de modo respeitoso, erguendo-a delicadamente.

— "Sunbaenim" ? — Ele esboçou um sorrisinho e seus ombros se mexeram como numa gargalhada discreta. — Vamos recomeçar, sim? Da parte que me chama apenas de "Seonghwa". Respondendo sua pergunta, ouvi o barulho da porta e vim saber se estava tudo bem. — Desviou o olhar por um instante, depois tornou a encará-la.

— Ah. Deu pra ouvir? Bem, eu... só fui descuidada ao fechar, sinto muito por ter te preocupado. — E reverenciou-o mais uma vez.

— Não tem problema, eu estava na sala, talvez por isso tenha ouvido, mas está tudo bem com você?

— S-sim, está, obrigada pela preocupação, Seonghwa.

O rapaz de fios negros assentiu com um sorriso fechado e virou-se devagar, ao tempo que Jeongin fechava a porta, até que ele parou no meio do caminho, o que despertou curiosidade na menor.

— Na verdade... — Começou o moreno, retornando até a garota. — Já jantou?

— Eu belisquei alguma coisa mais cedo. — Respondeu sem graça.

— Pedi jantar pra mim esta noite e sobrou uma quantidade, posso trazer pra você.

— Céus, não precisa, eu mesma preparo algo, não quero incomodar, você pagou pela comida.