capítulo trinta e sete

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— E poderíamos finalizar comentando sobre algumas curiosidades a respeito da Guerra das Coreias... mas você não está ouvindo sequer uma palavra do que eu venho dizendo há vinte minutos. — Disse Siyeon, com um discreto tom de frustração na voz. Yunho sacudiu a cabeça de um lado para o outro, despertando de uma espécie de transe, então a olhou.

— Não, eu ouvi. Acho interessante colocar curiosidades sobre a guerra. 

A garota permaneceu encarando um tanto cética. Ele era transparente como uma taça de cristal.

— Onde você está afinal, Jeong Yunho? — Após deixar escapar um suspiro, largou a caneta sobre a mesa, em seguida apoiou os braços sobre os livros e cadernos abertos e inclinou-se na direção do rapaz, insinuando que ele tinha sua atenção.

— Do que está falando? — Indagou, mais aéreo do que confuso.

— Estamos aqui pra fazer um trabalho em dupla, mas desde que chegamos, você só lê em silêncio, não opina e concorda com tudo o que eu digo com "sim", "legal", "pode ser". 

Jeong também acabou por suspirar. 

— Desculpa, Siyeon. Eu... tenho andado distraído ultimamente. — Justificou, enquanto coçava a nuca, sem graça pela situação.

— Percebi. Quer falar sobre isso?

— Não tenho muitas palavras no meu inventário. "Sim", "legal", "pode ser"., você sabe. — Deu de ombros, mostrando um sorriso fechado e torto. Siyeon riu. 

— É por causa daquela história toda das fotos com a Choi Jeongin? — Perguntou cautelosamente. Ele desviou o olhar por um momento, e aí estava sua resposta. — Nunca pensei que algo tão bobo poderia causar tanta confusão. 

— Não foi algo bobo. Envolveu outras coisas e... pessoas.

— Entendi. — Balançou a cabeça, num assentir vazio, que se perdeu em meio ao silêncio do ambiente. — E não tem mesmo sequer mais uma chance pra vocês? 

Yunho negou.

— Desperdicei todas que tive. — Seu olhar, agora, repousava sobre as próprias mãos entrelaçadas. — Ela acredita que eu tive alguma coisa a ver com tudo isso. 

— Ela acha que você é a spotted? — Era perceptível a surpresa em sua pergunta. O outro esboçou um sorriso reto, dando de ombros novamente. 

— Ou que eu pedi a alguém pra nos expor assim. Não a culpo. Talvez, se trocássemos de lugar, eu acreditaria na mesma coisa. Só eu tinha aquele filme de fotos, então é a assimilação mais lógica pensar que fui eu. 

O silêncio pesou de uma vez, trazendo consigo um sentimento sufocante de culpa, que formou um nó na garganta. 

— Deveria tentar...

— Já tentei de tudo. Ela não lê minhas mensagens, ignora os recados que deixo na janela, finge que não me vê nos corredores, só fala o estritamente necessário comigo. Eu deixei de existir pra Choi Jeongin. — Era a primeira vez que Yunho externava aquele pensamento e havia doído bem mais do que imaginou. Até pensou que seu peito fosse explodir com a sensação repentina de queimação que emergia de dentro para fora. 

Siyeon entreabriu os lábios, sem saber ao certo o que dizer. Seu coração estava apertado por ver Yunho naquele estado — no qual ela nunca imaginou que ele poderia estar — e isso a deixava até atônita. 

— T-talvez, se esperar mais um pouco... 

— A questão, Siyeon, é que eu esperaria quanto tempo fosse necessário pra tê-la de volta, mas Jeongin vai me deixar esperando pra sempre. Ela foi bem clara ao dizer que queria distância. Não tenho mais o que fazer. — Tomou uma breve inspiração, então sorriu de canto. — É engraçado porque isso não muda uma vírgula do que sinto. Mesmo saber que ela me odeia e que vai encontrar alguém muito melhor no futuro. Não muda nada. Isso é amor, ou ainda somos muito jovens para amar alguém?

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