— E poderíamos finalizar comentando sobre algumas curiosidades a respeito da Guerra das Coreias... mas você não está ouvindo sequer uma palavra do que eu venho dizendo há vinte minutos. — Disse Siyeon, com um discreto tom de frustração na voz. Yunho sacudiu a cabeça de um lado para o outro, despertando de uma espécie de transe, então a olhou.
— Não, eu ouvi. Acho interessante colocar curiosidades sobre a guerra.
A garota permaneceu encarando um tanto cética. Ele era transparente como uma taça de cristal.
— Onde você está afinal, Jeong Yunho? — Após deixar escapar um suspiro, largou a caneta sobre a mesa, em seguida apoiou os braços sobre os livros e cadernos abertos e inclinou-se na direção do rapaz, insinuando que ele tinha sua atenção.
— Do que está falando? — Indagou, mais aéreo do que confuso.
— Estamos aqui pra fazer um trabalho em dupla, mas desde que chegamos, você só lê em silêncio, não opina e concorda com tudo o que eu digo com "sim", "legal", "pode ser".
Jeong também acabou por suspirar.
— Desculpa, Siyeon. Eu... tenho andado distraído ultimamente. — Justificou, enquanto coçava a nuca, sem graça pela situação.
— Percebi. Quer falar sobre isso?
— Não tenho muitas palavras no meu inventário. "Sim", "legal", "pode ser"., você sabe. — Deu de ombros, mostrando um sorriso fechado e torto. Siyeon riu.
— É por causa daquela história toda das fotos com a Choi Jeongin? — Perguntou cautelosamente. Ele desviou o olhar por um momento, e aí estava sua resposta. — Nunca pensei que algo tão bobo poderia causar tanta confusão.
— Não foi algo bobo. Envolveu outras coisas e... pessoas.
— Entendi. — Balançou a cabeça, num assentir vazio, que se perdeu em meio ao silêncio do ambiente. — E não tem mesmo sequer mais uma chance pra vocês?
Yunho negou.
— Desperdicei todas que tive. — Seu olhar, agora, repousava sobre as próprias mãos entrelaçadas. — Ela acredita que eu tive alguma coisa a ver com tudo isso.
— Ela acha que você é a spotted? — Era perceptível a surpresa em sua pergunta. O outro esboçou um sorriso reto, dando de ombros novamente.
— Ou que eu pedi a alguém pra nos expor assim. Não a culpo. Talvez, se trocássemos de lugar, eu acreditaria na mesma coisa. Só eu tinha aquele filme de fotos, então é a assimilação mais lógica pensar que fui eu.
O silêncio pesou de uma vez, trazendo consigo um sentimento sufocante de culpa, que formou um nó na garganta.
— Deveria tentar...
— Já tentei de tudo. Ela não lê minhas mensagens, ignora os recados que deixo na janela, finge que não me vê nos corredores, só fala o estritamente necessário comigo. Eu deixei de existir pra Choi Jeongin. — Era a primeira vez que Yunho externava aquele pensamento e havia doído bem mais do que imaginou. Até pensou que seu peito fosse explodir com a sensação repentina de queimação que emergia de dentro para fora.
Siyeon entreabriu os lábios, sem saber ao certo o que dizer. Seu coração estava apertado por ver Yunho naquele estado — no qual ela nunca imaginou que ele poderia estar — e isso a deixava até atônita.
— T-talvez, se esperar mais um pouco...
— A questão, Siyeon, é que eu esperaria quanto tempo fosse necessário pra tê-la de volta, mas Jeongin vai me deixar esperando pra sempre. Ela foi bem clara ao dizer que queria distância. Não tenho mais o que fazer. — Tomou uma breve inspiração, então sorriu de canto. — É engraçado porque isso não muda uma vírgula do que sinto. Mesmo saber que ela me odeia e que vai encontrar alguém muito melhor no futuro. Não muda nada. Isso é amor, ou ainda somos muito jovens para amar alguém?
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Paper Hearts ⇾𝐉𝐘𝐇
Fanfiction[CONCLUÍDA] Choi Jeongin sempre quis viver um romance digno de um Jane Austen, entretanto, sua vida tornou-se um completo caos ao topar ser a protagonista de um romance clichê com Jeong Yunho.