O flagra

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Konoha

Sala de estar da mansão Hyuuga

Hinata suspirou pela décima vez em menos de dois minutos. O dia estava insuportavelmente quente, fazendo-a suar além da conta; o espartilho, apertado demais, lhe impedia de respirar direito e ela ainda era forçada a se manter ereta no sofá. Aquele dia não podia parecer pior aos seus olhos.

Poderia estar no piquenique com Hanabi e seu novo pretendente - não que sua irmã mais nova estivesse interessada no Baronete Aburame -, mas seria engraçado vê-la tentar se esquivar das conversas sobre as espécies raras de insetos que viviam aqui. A morena suspeitava que o maior interesse do Senhor Aburame fosse naquelas pequenas e terríveis criaturas, não no dote bem gordo que seu pai havia dado a Hanabi e nem pela própria moça.

Ele não era uma pessoa ruim. Só era... hum... excêntrico. Mas, não. Ao invés de estar rindo à beça à sombra de um salgueiro qualquer, ela estava ali, naquele calor insuportável, sendo esquadrinhada pelo olhar quase cego do Senhor Mitokado. Era incrível como seu pai, Hiashi Hyuuga, não cansava de tentar empurrá-la contra qualquer homem que aparecesse, mesmo que ele tivesse idade para ser seu avô.

Hinata odiava a sensação de ser tratada como mercadoria, e era exatamente assim que o Senhor Mitokado a enxergava. Desde de que chegara, ele só sabia falar sobre como o casamento entre eles seria vantajoso para a linhagem dele, apesar da jovem ser uma "novilha tímida", sobre como o quadril largo dela indicava que ela era uma boa parideira e, é claro, o infame dote que estava sobre a cabeça da morena.

Quando ele mencionou pela décima vez a circunferência de seu quadril, Hinata não aguentou. Ok, estava na hora de dar um basta nisso tudo. Ela faria jus à fama de pior debutante das últimas temporadas. Ela levantou-se, indo em direção à mesa que continha os bolos e o chá que a governanta havia deixado ali.

Sakura, que estava no canto da sala servindo como dama de companhia, prendeu o riso diante da iniciativa da jovem. Conhecendo bem a sua prima, ela sabia que nada de bom poderia surgir daquele gesto tão gentil. Nos anos que morava na mansão Hyuuga, a Haruno havia perdido as contas de quantos pretendentes Hinata tinha espantado.

A Hyuuga, por sua vez, ignorou a prima. Se seu olhar cruzasse com o de Sakura, ela não conseguiria conter o riso. Com a expressão mais angelical que conseguiu pôr no rosto, a morena pegou o bule e ofereceu, gentilmente:

- L-lorde-e Mi-mi-tokado, - Ela forçou a gagueira. - o s-senhor a-aceita chá?

Ela bateu seus cílios delicadamente, como uma mocinha frágil. No canto da sala, ouviu-se um som engasgado. Era Sakura, disfarçando uma gargalhada. Maldita! Desse jeito, Hinata não aguentaria.

- Claro, minha querida! - O lorde asqueroso devorou Hinata, mais uma vez, com os olhos. - Você é uma mocinha prestativa, milady, mal vejo a hora de tê-la massageando meus pés. Tenho um terrível problema de gota, sabe?

A Hyuuga conteve um estremecimento de horror e Sakura reproduziu o som engasgado mais uma vez, a traidora. Ah, esse sim merecia um bom castigo! A lady se inclinou em direção ao pretendente com a sua "arma" na mão e, "sem querer", deixou o bule escapar de suas mãos, fazendo-o voar diretamente sobre a cabeça do ancião.

A essa altura, a sua prima já não conseguia disfarçar riso.

- E-Eu... - Hinata arfou, pegando um lenço enquanto contornava a mesa. - D-Desculpa.

Ela caminhou em direção ao lorde, pisando fortemente no pé dele no processo. Este se sobressaltou com a dor e acabou se desequilibrando da cadeira, caindo para trás. Aproveitando a deixa, a Hyuuga também fingiu desequilíbrio e caiu de joelhos diretamente na virilha do Senhor Mitokado.

Amando o inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora