— Hinata Hyuuga, — entoou confiante — eu aceito você como a minha legítima esposa, para amá-la e respeitá-la por todos os dias de minha vida. Prometo estar ao seu lado na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte nos separ…
— ESPLÊNDIDO! — Jiraya aplaudiu da soleira da porta, com um sorriso radiante cortando as rugas, sobressaltando o neto que ensaiava em frente ao espelho.
— Vovô! — Irritou-se o loiro, indo em direção do mais velho com uma carranca muito feia, as sobrancelhas franzidas e um tom avermelhado subindo pelas bochechas. Se era pela zanga ou pela vergonha, ninguém saberia dizer. — O senhor não pode entrar no meu quarto quando bem entender! — Ralhou.
O conde fitou o neto, abanando as mãos em um gesto despreocupado. A verdade é que se sentia muito feliz em ver o seu netinho querido, a pessoa que mais amava no mundo, bem encaminhado na vida. Se ele fosse do tipo sentimental, com certeza choraria, contudo, tal postura não combinava consigo e ele preferia fazer piadas inconvenientes para amenizar o nervosismo do loiro.
— Na verdade, por mais que eu queira assisti-lo se declarando para o espelho como se fosse o novo Narciso, tenho um assunto sério para tratar contigo — o semblante do mais velho se tornou, tão diferente do usual. Toda a atenção de Naruto fora capturada somente com isso.
— Aconteceu alguma coisa, vovô? — Chegou perto do mais velho com dois passos, muitíssimo preocupado com ele. O conde, porém, apenas fitou o neto com afeto, abanando uma das mãos em um gesto despreocupado.
— Pode ficar tranquilo, não morrerei por agora — ultrapassou o loiro, adentrando no aposento, fitando as paredes com um olhar nostálgico. — Você cresceu tão rápido, netinho, tenho orgulho do homem em que se tornou.
O peito de Naruto se aqueceu com o tom empregado pelo conde. Se tinha alguém que o aceitara e o amara desde o princípio, esse alguém era o grisalho. O avô era o seu porto seguro, o lugar que tinha para retornar. Sim, era atrapalhado, mas quem era o Uzumaki para apontar algo assim? Também sentia orgulho por ter Jiraya como avô.
— E o senhor continua sendo o mesmo velhote pervertido — zombou de forma carinhosa. O conde gargalhou.
— Ah, mas as damas gostam desse velhote aqui — piscou. — Todavia, não vim para falar sobre os meus atributos… apesar de serem muitos, tenho que admitir. — Ambos riram.
— Então, vovô, o que o senhor tem a me dizer?
— Bem, logo você será um homem casado e construirá a própria família… Já pensou onde irá morar, Naruto?
A pergunta brusca não surpreendeu o loiro, pois era costume os rapazes da Alta Sociedade saírem de casa muito cedo, retornando somente quando o título era herdado. Ali, na casa dos Uzumaki, fora diferente, Jiraya incentivou o neto a permanecer perto. Exceto pela vez que ele saíra de casa por causa de Shion, Naruto nunca morara sozinho.
— Na verdade, vovô, já pensei a respeito, sim. — O mais velho assobiou, impressionado.
— Você realmente amadureceu, netinho… — a voz dele falhou um pouco. — Conte-me sobre essa casa. — Você já comprou a casa? É importante.
— Na verdade, estou em vias de fechar o acordo — o loiro coçou o queixo, indo se sentar na cama.
— Então não o faça — disse o conde simplesmente.
— O quê? — Indagou aturdido.
— Não a comprei — repetiu.
— Por que, vovô? Não espera que morarei aqui com minha esposa, certo?
— Francamente, é exatamente isso que eu quero — deu de ombros.
— Ah, claro, para que o senhor tenha uma vista privilegiada da Hina e poder fazer seus inquéritos constrangedores… — resmungou com o semblante mal-humorado. O mais velho gargalhou.
— Colocando nesses termos, é realmente tentador, netinho… — o olhar cortante do loiro fez o conde encolher os ombros e completar rapidinho: — mas não é isso que eu quero. Naruto, eu confio em você e no homem que se tornou. Agora que casará, quero que você também assuma o título.
— Mas, vovô?! — Os olhos oceânicos arregalaram-se diante da notícia e Naruto não conseguiu falar nada, além de alguns balbucios desconexos.
— Ora, não entendo o seu espanto, netinho. Creio que está claro para todos que eu não sirvo para ser conde, não tenho interesse nem responsabilidade para isso. Você não acha que um velho cansado como merece passar os seus últimos dias definhando em alguns bordéis, pesquisando para escrever seus humildes livros?
A expressão entediada de Naruto já respondia à questão. Seu avô não estava na flor da idade, claro, porém estava longe de ser o velho caduco que queria aparentar. Como cereja para o bolo de desculpas, o loiro duvidava que ele fosse aos tais antros para pesquisar… a não ser que fosse pesquisas práticas.
— O senhor bem sabe que não é assim que as regras de sucessão funcionam — suspirou.
— Desde quando nos importamos com isso? — O mais velho rebateu.
— Por que o senhor quer que eu seja responsável pelo título agora, vovô? — Perguntou a sério.
— Agora que você terá a sua própria família, não precisa mais de mim — Naruto tentou protestar, mas o mais velho somente ergueu uma das mãos, o interrompendo. — Não tente me confortar, meu netinho, não me incomodo com isso… muito pelo contrário. Você tem noção do quanto estou feliz por te ver tão bem depois de tudo o que aconteceu com aquela… aquela mulher — cuspiu. — Se fosse a sua versão daquela época, eu não teria a confiança de entregar meu legado. Todavia, Naruto, o homem que eu vejo agora, é digno de tudo o que tenho a oferecer e eu não poderia ter ganhado um presente melhor que você.
Os olhos escuros marejaram, fazendo as lágrimas ressoarem nos oceânicos. Nenhum dos dois mostraria a emoção abertamente, claro, mas ela estava ali, latente. O conde afagou os fios dourados, como fazia exatamente quando o neto não passava de uma criança. Há laços que são inquebráveis, independente do sangue que corre nas veias presentes.
— Obrigada por tudo, vovô — a rouquidão na voz do mais novo tinha um toque de embargo.
— Eu que agradeço, netinho… imagina o tanto de senhoritas que conhecerei na minha nova vida.
— Vovô! — Repreendeu o neto. — Dizem que quanto mais velho, mais sábio ficamos… o senhor está se tornando um sábio tarado!
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Amando o inimigo
FanfictionLady Hinata Hyuuga é uma mulher calma, tímida e passiva... isso é o que a sociedade pensa. Por trás da fachada de boa moça, existe uma jovem sonhadora de língua afiada e que sonha, acima de tudo, em ser livre. Contudo, seus planos serão frustrados q...