Amando o inimigo

Caindo do cavalo

Propriedade Uzumaki
Lago

Hinata estava completamente sem fôlego, queria dizer que a sua falta de ar fora causada pelo contato com a água fria, contudo, os lábios de Lorde Naruto não a deixavam criar uma desculpa plausível. Era como se ele dominasse todos os seus sentidos. Entorpecida, a morena se deixou levar pelo beijo ardente.
Como da primeira vez, a boca do loiro a devorava com fervor. Ele a segurava pela nuca, exatamente como fizera minutos antes, apertando-a contra si com força. O vestido leve de passeio da lady, pouco pôde fazer para impedir que ela sentisse cada músculo de seu corpo másculo contra o dela.
Estava desorientada pelo toque suave de sua mão em sua cintura e das coisas indizíveis que a língua do lorde estava fazendo em sua boca. Hinata sempre considerou as debutantes que se perdiam por um beijo como tolas, mas agora entendia. O sabor da perdição era o mais gostoso que existia. Por isso que estava ali, beijando o seu pior inimigo.
Quando essas palavras ecoaram em sua mente, a dama finalmente despertou do transe em que estava e a cólera costumeira tomou conta de si. Afastou-se do lorde rapidamente, sentindo as bochechas corando.
— COMO OUSA ME BEIJAR?! — Ela gritou, colocando os dedos à frente dos lábios. O gosto dele ainda morava ali.
— Até onde eu sei, você estava gostando bastante. — Ele zombou, se aproximando mais uma vez.
— Um cavalheiro não falaria isso! — Hinata retrucou, por falta de resposta.
— Dane-se o cavalheirismo, minha noiva. — Ele provocou. Em seus olhos, chamas azuis dançavam de uma forma diabólica. Uma coisa era certa: mesmo que estivesse todo molhado - ou talvez por isso - o lorde era tão bonito quanto o próprio Lúcifer.
— Eu nunca vou me casar com você. — Ela sibilou, mostrando a verdadeira face. Lembrava das palavras do padre sobre não se enganar pela beleza, ainda que sentisse uma vontade terrível de se jogar nos braços fortes dele mais uma vez.
— Você vai, sim. E não será por obrigação. Até o dia do nosso casamento, você está louquinha por mim.
Sem saber como responder, Hinata desferiu um tapa contra o rosto do Lorde Uzumaki, deixando em seu rosto bronzeado a marca de sua mão.
— Foi você que pediu por isso.
Depois dessas palavras, o loiro capturou-a de um golpe só e beijou até as suas pernas bambearem. A cada vez que ele esquadrinhava a boca da Lady com a sua língua, ela se sentia se aproximando da loucura. Sabia que beijos não eram o suficiente para fazer uma mulher engravidar – tinha lido alguns livros a respeito, com Sakura –, mas podia jurar que não sairia ilesa daquele. O beijo de Lorde Naruto deveria ser considerado um atentado ao pudor.  Se não estivesse dentro d'água, a morena teria caído ali mesmo. Novamente, um fio de consciência invadiu a sua mente e ela se afastou.
— Seu miserável!
— Hm, eu não gosto de ser xingado.
Ele a beijou novamente ainda mais arrebatadoramente que nas vezes anteriores. Pelos céus, se a luxúria tivesse um nome, seria Naruto Uzumaki. Por alguns instantes, Hinata esqueceu do porquê não querer se casar com ele. A boca dele parecia ter sido feita para o pecado e nada além disso. Que Deus a perdoasse, mas Hinata queria muito pecar.
A mão dele desceu pelo seu pescoço, traçando a linha da coluna da jovem, o que fez com que um fogo desconhecido se abrigasse entre as suas pernas. Dor, era isso que conseguia ao se recusar a usar espartilho. O tecido do vestido não era suficiente para refrear a enxurrada de sensações que ele transmitia. Durante um instante insano, ela imaginou como seria se ele tocasse em sua pele desnuda. Quando se separaram, seu coração estava tão acelerado que ela temia que pudesse explodir no peito. Como um simples beijo podia ser o causador de tantas emoções?
Antes, porém, que ela pudesse encontrar uma resposta, os lábios do lorde desceram sobre o seu pescoço, fazendo a sua respiração fraquejar mais uma vez. Mesmo que estivesse na água fria, Hinata sentia que queimava no fogo do próprio inferno. Bom, era melhor se acostumar com a sensação, pois era para lá que iria. Teria que mentir na próxima vez que fosse confessar na Igreja.
Seu cérebro, o qual ela sempre se orgulhava por possuir, parecia ter desaparecido. Homens eram perigosos, mas Naruto era o dobro. Ele desceu a mão mais alguns centímetros, delineando a linha do seu quadril e colou seu corpo firme contra o dela. O que era aquilo que a espetava no meio do abraço? Era uma… espiga de milho?
— O q-que eu fiz agora? — O leve gaguejar em sua voz nada tinha a ver com fingimento.
— Nada. Eu apenas gosto de te beijar. Muito.
— Ora, seu…
Antes que ela pudesse completar a frase, o som de trote de cavalo invadiram os seus ouvidos. Em pânico, a morena mergulhou dentro, na tentativa de se esconder. Contudo, o empecilho de sua vida, mais uma vez cumpriu o seu papel. Menos de trinta segundos após o seu mergulho, Lorde Naruto puxou-a pelo braço, trazendo-a de volta à superfície. Deus, aquele homem era pior que a peste negra!
— Por que diabos você fez isso?! — Ela inquiriu, furiosa.
— Para uma dama de boa estirpe, milady pragueja demais. — O lorde zombou. — Eu é que quero saber o porquê do seu mergulho repentino. Admita, meus beijos te enlouqueceram.
A dama sentiu vontade de afogá-lo ali mesmo. Qual seria a pena por matar um lorde? Não importava, valeria a pena pagar o preço.
— Ei, por que a senhorita está me olhando desse jeito? — Assustado, o Lorde Uzumaki se afastou.
— É melhor se afastar mesmo, milorde. — Ela afirmou, cada vez mais tentada a dar cabo da vida dele.
— O-ora, mulher, não diga tolices! — Ele gaguejou, se afastando do perigo iminente. — Responda-me. Afinal, por que você tentou se esconder.
— Que disparate! Eu não tentei me esconder. — A mentira óbvia fez o loiro erguer uma das sobrancelhas em descrença. Certo, não foi a mais inteligente das desculpas. — É que eu não quero que me vejam em sua companhia. — Ela deu de ombros em um gesto nada feminino.
— Por quê? — O jovem Lorde perguntou, genuinamente ofendido.
— Vão nos obrigar a casar. — Ela apontou.
Boquiaberto, o loiro encarou-a com um semblante que indicava que ele pensava que ela era completamente louca. E foi exatamente isso que ele verbalizou:
— Céus, eu vou me casar com uma doida de pedra! — Ele suspirou, dramático. A vontade de afogá-lo retornou com força total.
— Eu não sou louca e nem me vou casar com você!
— Está vendo? — Ele falou como outra pessoa estivesse presente. — Ela é uma desvairada.
Hinata ia retrucar quando percebeu que o cavaleiro estava mais perto do que ela esperava. Teria que engolir o orgulho e deixar sua vingança para outra hora. Sem muitas opções, ela nadou para trás dele. Aqueles ombros largos deveriam servir para escondê-la. E, menos de um minuto depois, o intruso chegara ao lago.