Ação e reação

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Céus, aquilo só podia ser um castigo divino, Naruto supôs, rasgando o folhetim de fofoca em mil pedaços, antes de jogar os restos na lareira. Deveria ser mais generoso com a Igreja ou ir às missas com mais frequência. Ou talvez fosse uma punição por corromper uma criatura tão pura quanto Hinata.
A noite anterior tinha sido estranhamente excitante. Quando levou-a até o clube, o loiro esperava que a sua pequena e atrevida noiva pedisse para voltar para casa no mesmo instante. Mas ele já deveria saber que aquela mulher não era comum. Ao invés de ficar acuada, os olhos de Hinata brilharam intensamente a cada novidade com a qual ela se deparava. O Uzumaki se sentiu o homem mais importante do mundo por proporcionar algo assim para ela. Divertiu-se quando ela experimentou whisky, sendo que as mulheres não bebiam nada além de uma taça de vinho em ocasiões especiais.
A pequena rata era trapaceira nos jogos, raspando as moedas de todos eles, até mesmo de Shikamaru, que era o que era um verdadeiro gênio nas mesas de carteado. Sim, ela era uma mulher incrível em todos os aspectos. O seu corpo, nossa! O loiro finalmente entendeu o porquê  das mulheres não usarem calças. A visão da silhueta de suas pernas lhe proporcionou sonhos ardentes durante a noite.
Memórias gravadas na mente eram boas, mas aquelas que ficavam marcadas na carne eram sensacionais. O loiro ainda podia sentir a firmeza das nádegas dela em sua mão, em sua pele a sensação do ofêgo que lhe escapava a cada vez que seus corpos se encontravam não dava descanso para ele e tinha o calor…
A lembrança do calor da intimidade dela sobre o seu membro era o suficiente para fazer o Uzumaki ficar duro feito pedra, levando-o a se acalmar com as próprias mãos e, quando se libertava, o grito que lhe vinha à garganta era o nome dela. A Hyuuga só poderia ser uma feiticeira, ele tinha certeza.
Contudo, o encanto que a noite ocasionou foi desfeito pelo maldito e fedorento Lorde Kiba Inuzuka. Até onde sabia, nunca tinha feito nenhum mal para o rapaz, pelo contrário, estudaram juntos e tinham um bom relacionamento, apesar de não serem amigos próximos. O loiro não conseguia entender a motivação dele para espalhar um boato tão descabido como aquele.
Sabia que muita gente não gostava daquele tipo de relacionamento, e que quem gostava do mesmo gênero era considerado degenerado ou coisa pior, mas ele não julgava nem ofendia as pessoas por simplesmente quererem ser felizes. Mas ele não se encaixava naquela categoria, por isso ficou um tanto irritadiço. Além do mais, o desdobramento do boato não cairia somente sobre si.
— Milorde? — A governanta lhe chamou atenção, trazendo-o de volta à realidade.
— Sim?
— O Lorde Jiraya está te convidando para tomar o desjejum em sua presença. — Sem esperar uma resposta, ela fez uma breve reverência e se retirou.
Era raro que o avô ainda estivesse em casa naquele horário, por isso o loiro desconfiou. O "convite" estava mais para um ultimato, estava claro. Provavelmente ele deveria ter lido a maldita coluna. Droga!
Temeroso pelo o que estava por vir, Naruto se dirigiu à sala em que sabia que iria encontrar o ancião. O mais velho gostava de lugares quentes, por isso mantinha uma saleta que ficava em direção ao sol, onde escrevia os seus… livros. Se é que poderiam ser chamados dessa forma.
Ao adentrar no aposento, o loiro se deparou com a imagem da pessoa que mais amava no mundo. Era fato que Lorde Jiraya não era a pessoa mais ajuizada do mundo, mas ele havia criado o seu neto com muito amor, após os pais desse terem deixado o mundo. Tudo que o cavalheiro sabia sobre o mundo, havia aprendido com ele. O avô era a sua fortaleza nos momentos difíceis e o ombro amigo com o qual ele sempre poderia contar.
— Mandou me chamar, vovô? — Ele se aproximou da mesa em que o ancião se encontrava, puxando a cadeira de frente para ele.
— Sim, Narutinho. Tenho assuntos para tratar com você. — Ele falou, muito sério. A postura tão anormal trouxe uma inquietação no estômago do Uzumaki, nada de bom poderia vir disso.
— Pode falar, vovô. — Ele respondeu, já se arrependendo de ter dado corda ao grisalho.
— Onde eu errei? — Ele perguntou sem rodeios.
— Como assim? — Naruto piscou, genuinamente confuso.
— Eu amo tanto as mulheres, mas você não parece compartilhar do mesmo gosto que eu. — Jiraya falou, fazendo o neto corar.
— É claro que eu gosto de mulheres! — O loiro protestou.
— E por que nunca foi para a cama com nenhuma delas? — Mais uma vez, o grisalho foi direto ao ponto. — E já tive tantas nessa vida, que seria capaz de preencher um livro só com os nomes delas.
— Vovô, eu poderia morrer tranquilamente sem saber disso. Eu não vou para a cama com ela porque eu não consigo. — Ele respondeu, dando de ombros.
— Não consegue por que gosta do Uchiha? — Céus! Definitivamente Naruto estava pagando pelos seus pecados.
— Não, vovô! O Sasuke é meu amigo e nada mais que isso. — A humilhação era pouco para descrever o que o loiro sentia com essa sabatina. — Eu não consigo por… hum… detalhes técnicos.
O interesse do ancião foi despertado. Ele olhou para a mesa recheada com frutas, queijos, pães, geleias e algumas rosquinhas e encarou o neto de volta. O Uzumaki não sabia o porquê, mas um arrepio de horror subiu por sua coluna. Jiraya estendeu a mão e colocou no seu prato uma rosquinha, uma colher de geleia e uma banana.
— Sabe, Narutinho, os detalhes técnicos da arte de fazer amor não são tão difíceis como parece. — Ele começou, descascando a banana.
— Vovô, pare. — Pelo bem de sua sanidade, o loiro preferia não saber o que o avô tinha a dizer.
— Digamos que essa rosquinha é a parte íntima de uma mulher. — Ele prosseguiu como se não tivesse escutado o pedido do Uzumaki. — Para que ela esteja pronta para recebê-lo, ela tem que estar muito lubrificada.
Para ilustrar o que dizia, Jiraya levou um dedo à geleia, pegando uma grande quantidade do produto e passando no círculo interno da rosquinha, deixando-o bastante encharcado.
— Pelo amor de Deus, vovô! Eu imploro para que pare com essa conversa.
— Ora, não precisa ficar tímido! — O grisalho descartou o protesto com um aceno de mão. — Eu sou o seu avô e o meu dever é te ensinar as coisas.
— Mas eu já sei disso! — O loiro interviu, sabia que quando o avô colocava algo na cabeça, era difícil desviar o seu foco.
— Se soubesse mesmo, não seria um virgem. — O ancião rebateu. — Continuando, para chegar nesse nível de lubrificação, você deve levar os dedos ou a boca na região íntima e massagear levemente a pérola que se encontra ali.
Deus, Naruto queria morrer com tal constrangimento. Ao que parecia, nada o impediria de continuar com aquela conversa.
— Então, quando ela estiver disposta e entregue a você. — Ele pegou a banana descascada entre os dedos e posicionou-a no buraco da rosquinha. — Você poderá penetrá-la.
Como exemplo, ele empurrou a fruta pela circunferência, fazendo movimentos de vaivém.
— Se tiver muito bom para ela, — Ele prosseguiu, fingindo não notar a expressão de horror no rosto do neto — ela vai gritar coisas como "aaaah! Aaaah! Mais, eu quero mais!" ou "com mais força, Naruto! Mais forte".
A cada instante que passava, a cena ficava mais bizarra. O Uzumaki só queria perder a audição ao ouvir o avô fazer uma imitação de voz feminina para gemer o seu nome. Deus, por favor, me leve! Ele fez uma breve oração.
— E também há diversas posições que você pode fazer amor. — O grisalho se animou por seu neto não ter pedido que parasse com o assunto. — Existe a clássica.
Ele deitou a rosquinha sobre o prato e pôs a banana por cima, imitando os movimentos anteriores.
— Existe a lateral. — Jiraya inclinou o condimento, colocando-o de lado e penetrando com a fruta. — Ela também pode ficar por cima.
Posicionou a banana em pé e pôs a rosquinha por cima, abaixando sobre a sua extensão. Oh, céus, o loiro tinha certeza que iria vomitar a qualquer instante.
— E também…
— CHEGA! — Naruto esbravejou, sabendo que não aguentaria mais nenhum detalhe sórdido. — Eu preciso visitar a minha noiva e já estou atrasado. Até mais, vovô! — Despediu-se, se dirigindo à porta.
— Só não vá usar agora o que eu te ensinei, Narutinho. — O grisalho aconselhou. — O Marquês não ficaria nada feliz por ter a sua filha deflorada.
O Uzumaki ignorou a recomendação e, sem ter para onde ir naquele horário, realmente se dirigiu à mansão dos Hyuuga. Que Deus o ajudasse a encarar o Lorde Hiashi.

Amando o inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora