Aflição

492 59 10
                                    

Existem momentos que podem mudar tudo. Num segundo tudo parece estar bem, no outro, uma palavra dita pode arruinar todo um relacionamento. Foi assim que Hinata se sentiu quando ouviu aquele nome sair dos lábios de Naruto… Shion.
O rosto torcido por uma expressão de pesar e angústia a feriu em uma intensidade tão forte que ela sentiu o fôlego sendo roubado de seu peito. Sim, a Hyuuga sabia que aquela confissão era importante para o loiro, contudo ainda não estava pronta para escutar nada do que sairia dos seus lábios. Por isso, em uma atitude drástica, ainda sentada sobre o colo dele, Hinata tomou a boca de Naruto mais uma vez.
Talvez não fosse o certo, contudo queria se perder naquele beijo, naquele corpo, naquele homem. O corpo dele, abaixo de si, estava duro feito pedra. Desta vez ela sabia o que aquilo significava, então pôs-se a se esfregar contra o membro excitado dele.
— Essa conversa pode ficar para mais tarde. — Ela mal reconhecia a própria voz, pois parecia bem mais sedutora do que pretendia soar. — Dane-se essa mulher, Naruto! Aliás, eu não quero que você pense em nenhuma outra além de mim… não agora.
Ela ergueu a saia do vestido esvoaçante para que o contato íntimo se encaixasse melhor. Apesar das camadas de roupa, a sua intimidade recebeu todo o calor que emanava dele, fazendo-os ofegar. Sem muito pudor, a Hyuuga gemeu, manhosa, usando as unhas bem cuidadas para arranhar qualquer centímetro de pele visível por entre toda aquela roupa que cobria o corpo de Naruto.
Se ele lhe dera aulas antes, estava de parabéns porque ela havia aprendido a como seduzi-lo. Hinata mordiscou o queixo de Naruto de forma provocante, arrastando os lábios até a orelha dele, enquanto a respiração quente incendiava a pele do loiro, que gemeu como resposta.
— Eu te quero por inteiro, Naruto, não me negue isso.
Se ainda existia algum autocontrole no Uzumaki, esse evaporou naquele instante. As mãos grandes se encaixaram na cintura dela, ditando o ritmo que a intimidade roçava contra seu pênis, cada vez mais molhada. Era incrível como o corpo pequeno de Hinata encaixava-se plenamente no seu.
A parte sensata de seu cérebro berrava o quanto aquilo era errado, que Naruto deveria esclarecer as coisas primeiro, antes de se entregar àquelas sensações avassaladoras. Entretanto, o corpo da morena era um alento, um refúgio e uma fuga. Era tão mais fácil se entregar aos prazeres carnais em detrimento de despir a alma.
— Aaah! Naruto…
O gemido dela por seu nome fez-lhe arrepiar-se por inteiro, rezando para que a carruagem chegasse logo ao destino. Entretanto, o que os dois não percebiam era que por mais deliciosa que fosse uma fuga, ela continuaria sendo somente isso: um momento fugaz.
Ainda assim, as mãos fortes abriram o vestido de Hinata e ela não moveu um só músculo para impedir. Sua atenção estava voltada para o rosto compenetrado do seu amado. Por que ele tinha que ser tão malditamente lindo quando ficava sério? Seu corpo ficava excitado somente por ver o semblante sisudo. Sim, definitivamente sua intimidade ficava molhada diante daquela visão.
O vestido de cetim deslizou como uma carícia pelos seus braços e, de um jeito que ela nem sabia dizer como, em segundos, o vestido já não estava entre eles. Talvez aquele fosse o seu dia de sorte, afinal, havia dispensado o espartilho e as anáguas que usava eram do tipo que se amarrava à cintura; por isso, em menos de um minuto, Hinata estava quase nua no colo de Naruto.
Não tinha jeito, eles eram como fogo e pólvora, não precisavam de muito para formar um incêndio completo.
Impacientes, as mãos do loiro agarraram as nádegas da morena, para acelerar o ritmo cadenciado de antes, os gemidos ganhavam proporções mais e mais altas no cubículo que se encontravam. Aos poucos, aquele espaço era tomado por contornos sexuais: o cheiro afrodisíaco inebriava a ambos; os sons graves de Naruto mesclavam-se com os agudos de Hinata, formando a mais bela das sinfonias; os vidros da janela estavam tão embaçados que parecia haver um nevoeiro ali dentro… Todos os sentidos foram despertos em sua potência máxima.
Naquela posição, o rosto do Uzumaki ficava de frente para os seios fartos de Hinata, o tecido fino do seu chemise roxo pouco fazia para esconder os mamilos intumescidos aos olhos azuis. A morena se pegava mais quente, mais desejosa, arfante…
— Por favor…
O grito quase mudo foi a deixa para que a língua rosada do loiro contornasse o bico inchado do seio direito, fazendo um tremor atravessar o corpo pequeno, reverberando na intimidade dela. A Hyuuga arqueou as contas enquanto seu quadril trabalhava sozinho, à procura de mais daquela fricção narcótica. Seus dedos finos agarraram os fios loiros, empurrando o rosto dele contra seus seios, mas Naruto apenas riu, não fazendo nada para aplacar o desejo crescente de Hinata.
— Não negue um pão a homem faminto, Hinata… — provocou, usando a língua para roçar o tecido fino contra o mamilo sensível — ou melhor, não me negue esse corpo delicioso que invade os meus sonhos todas as noites…
Hinata não sabia identificar pelo que estava sendo seduzida, se pelo toque molhado ou palavras macias. Como poderia negar qualquer coisa àquele homem? Oh! Céus!
Ela havia perdido as contas das vezes que se tocou durante os últimos meses pensando nele… somente nele. Em sua mente e em seu coração uma coisa estava clara: ela, Hinata Hyuuga, estava amando o inimigo com cada átomo do seu ser.
Então a boca dele se fechou sobre si e o grito de Hinata rasgou o ar noturno, sobrepujando qualquer outro som ali. De repente, parecia ter roupas demais entre eles.
— Eu quero você! — Era um pedido e uma ordem.
Ele estava disposto a atender, caso a carruagem não tivesse chegado ao destino naquele preciso momento. Naruto abraçou Hinata por alguns minutos na tentativa de aplacar os tremores que reverberavam por entre eles. Era tão seguro simplesmente abraçá-la.
— Se você não quiser ir em frente, pode desistir agora. Eu nunca vou te obrigar a fazer algo que você não queria, Hinata. Nunca. — A sinceridade dele tinha o dom de desarmá-la e fazê-la querer se jogar em seus braços.
— Eu quero, Naruto… eu te quero!
— Então vamos.
Sem esperar por uma resposta, o loiro levantou-se, levando a Hyuuga consigo. Ele não se deu ao trabalho de pegar o vestido dela que jazia no chão da carruagem. Com as pernas da morena enlaçadas em sua cintura, Naruto rumou para dentro da mansão Uzumaki sem se importar com quem os visse.
Já era quase madrugada então poucos criados ainda estavam em pé. O mordomo arregalou os olhos quando vira o casal cruzar a soleira da porta de forma tão descomposta, as poucas criadas que estavam no saguão cobriram o rosto. Como se pressentisse a confusão que estava se instalando ali, Iruka surgiu, interpelando os passos do Uzumaki.
Naruto esperou por um sermão que nunca veio, pelo contrário. Ao invés de repreender o que via, o mais velho abriu um sorriso quase imperceptível; estava claro que ele se esforçava para contê-lo.
— Naruto, estou contando com você para fazer a coisa certa. — Disse simplesmente. — Vocês aí, — referiu-se aos criados — nenhum de vocês viu nada do que aconteceu aqui, estenderam?
Rapidamente eles desviaram o olhar, fingindo que não presenciaram Lady Hinata chegar seminua à casa dos Uzumaki. Naruto não podia estar mais surpreso com a atitude de Iruka, afinal, ele nunca, nunca passava a mão sobre sua cabeça. Bem, na verdade, o moreno era bastante rígido quanto à criação do loiro, e esse sabia muito bem qual era o motivo para isso.
— O-obrigada? — Hinata agradeceu, escondendo o rosto no peito do Uzumaki.
— O que vocês ainda estão fazendo aqui? — Indagou o mais velho, exasperado. — Vão logo, antes que mais pessoas os veja! — Ralhou.
Despertando do pequeno embaraço da situação, Naruto correu escada acima rumo ao seu quarto, sem ouvir as palavras sussurradas por aquele homem tão importante em sua vida:
— Apertem os passos, porque eu quero carregar no colo os meus netinhos.

Amando o inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora