Emoções

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Mais uma vez ia parar naquela maldita casa decrépita no meio da floresta escura. Sasuke havia completado sete anos e nada havia mudado em sua vida, pelo contrário, as coisas pareciam ainda piores. Ninguém, absolutamente ninguém, interferia nas surras cada vez mais intensas que o duque lhe infligia.

O motivo de ter que passar a noite sozinho, desta vez, era o fato de ter tentado presentear a mãe com uma rosa que colhera no jardim. O pequeno se sentia tão sozinho, sentia falta de receber abraço, já que somente uma ama tentara estabelecer aquele contato consigo. Por que ninguém o abraçava? Será que fazia as pessoas ficarem tristes?

Como a sua mãe não falava com ele e, nem sequer o olhava, Sasuke decidiu dar a tal flor para ela, afinal, as criadas diziam que as mulheres gostavam de flores e que isso as deixava felizes. Contudo,  ao contrário do que pensava, quando chegara perto da mulher de cabelos negros para dar a rosa, ela simplesmente pegou-a e lançou contra o seu rosto.

— Tirem-no daqui. — Ordenou sem fitar o menino.

O que ele fizera de tão errado para que ela não falasse com ele? Só queria escutá-la o chamar pelo nome. Ninguém o chamava pelo nome. Ainda assim, uma parte de si, estava feliz ao sentir um arranhão em seu rosto pálido. Ela havia feito algo por ele, mesmo que o tivesse ferido, a sua mamãe notara que ele estava ali. 

Apesar de sentir o medo costumeiro, não podia dizer que se arrependia, pois, não era verdade. As costas doíam por conta das chicotadas, mas ele sentia-se orgulhoso do que fizera. Agora, talvez um dia, a mamãe o abraçaria forte, muito forte.

Entretanto, seu otimismo esvaiu assim que ele fora deixado sozinho. Odiava aquele lugar, odiava sentir-se fraco e o medo que paralisava o seu pequeno corpo. Odiava, odiava e odiava! Mas, acima de tudo, odiava o duque.

O vento gélido não o permitia dormir, exercendo um frio intenso no garoto. Quando ia para lá, seu pai não lhe dava nem ao menos um cobertor e, agora, nem mesmo as roupas ele deixara. Sasuke tremia copiosamente e, além dos tremores, os barulhos fantasmagóricos não lhe davam sossego. Por que a vida dele tinha que ser assim? Será que ele foi um mau menino? Pequenas lágrimas desceram pelo rosto pálido. Ele não sabia dizer se chorava pelo frio, medo ou por causa daquele vazio imenso que se instalava em seu peito.

Entretanto, em meio a nuvem de desespero, uma chama iluminou a parte externa do casebre e um anjo lhe soprou:

— Tem alguém aí? Está tudo bem?

Os olhos cor de mel acharam um jeito de encontrar o olhar negro assustado. Então, Sasuke soube que estava salvo.

Aquela lembrança dela foi o catalisador para que Sasuke fizesse a coisa certa. Ele tinha ciência que a família Hyuuga não recebia visitas às sextas-feiras, ainda assim, naquela manhã, ele pediu uma audiência com Lady Hinata. O moreno sentia-se muitíssimo confuso em tantos âmbitos de sua vida que não saberia distinguir qual deles estava mais estremecido.

Já havia se passado um mês inteiro e ele não recebera nada de Naruto que não fosse um silêncio ensurdecedor. Aquele mesmo maldito silêncio em que era tratado em sua infância. Era perturbador demais para conviver, por isso ele intercederia junto à lady para que ela e o seu amigo tivessem uma oportunidade de se acertar.

Não diria que confiava em Hinata Hyuuga, ainda assim, traçara um plano para saber o quão importante era Naruto para ela. Caso ela falhasse, ele faria questão de extinguir quaisquer compromissos entre os dois, mas, no fundo de si, algo lhe dizia que ele estava errado.

— Bom dia, milorde. Desculpe-me pela demora, mas eu não estou acostumada a receber visitas pela manhã… muito menos às sextas-feiras e, ainda menos, sem aviso prévio. — Havia um brilho perigoso no olhar da dama.

Amando o inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora