Favores

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Propriedade Uzumaki
Campo de equitação

Sasuke Uchiha já tinha passado por uma ou duas experiências de quase morte e também tivera um ou dois episódios que sentira uma dor excruciante a ponto de querer chorar. Claro que não morreu nem chorou, era muito pomposo para partir deste mundo em circunstâncias ridículas… mas agora duvidava que estava realmente vivo.
Céus, todo o ar foi roubado de seus pulmões! Fitou o céu azul que se estendia, infinito, sobre ele e pôde jurar que desciam anjos de lá. Sua hora havia chegado? Espera, aqueles que estavam ali sobre as nuvens eram os seus pais? Fechando os olhos, ele aceitou o destino. Estava pronto. Contudo, o descanso eterno não existia perto dos demônios do inferno, por isso o jovem duque foi despertado do seu devaneio pós quase morte por um cutucão em sua costela.
Quando abriu os olhos, deparou-se com exóticos cabelos roséos, evidenciando que aquela criatura estava longe de ser alguém normal; olhos verdes do tom exato das esmeraldas, que carregavam um brilho de excitação; mais abaixo… oh, ele iria desmaiar com aquela visão! Uma calça preta, pequena demais para ser masculina, mas que tinha o molde exato das que ele próprio usava, se agarrava às pernas dela não deixando nada para se imaginar.
Uma de suas pernas – e que bela perna! Ele tinha que admitir – investia em sua direção, meio chutando, meio cutucando, enquanto ela tentava conter a euforia.
— Não foi divertido, Vossa Graça?! — Indagou, quase dando pulinhos. — Nada melhor que uma boa cavalgada para trazer um pouco mais de vigor às nossas vidas, não é mesmo?
Com a visão perfeita de algumas partes daquele delicioso corpo feminino, Sasuke se imaginou em um tipo completamente diferente de uma vigorosa cavalgada com ela. Diabos, como queria que ela fosse a sua amazona! Na região de sua pelvis, o seu amiguinho tentou participar do pensamento, enviando ondas dolorosas para o restante do corpo do duque, fazendo-o lembrar quem era aquela peste à sua frente.
— Eu vou matá-la. — Ele sussurrou quase inaudivelmente.
Sem ter noção do perigo que corria, Lady Sakura se inclinou sobre o Uchiha, apoiando-se sobre um joelho.
— O que Vossa Graça disse? — Ela indagou, expondo o seu belo pescoço leitoso ao Uchiha, na tentativa de escutar melhor.
Um tanto excitado, dois quartos doloridos e totalmente enfurecido, o lorde nem sequer se deu ao trabalho de pensar em decoro ou algo do tipo, simplesmente agiu por instinto. Agarrou os braços da dama e puxou-a para si, girando seu corpo pequeno até estar debaixo dele.
Viu-a ofegar, fazendo os seios pequenos, mas tentadores, subirem e descerem dentro da blusa branca de seda. O rubor em seu rosto pálido fazia com que ela parecesse adorável, quase um anjo. Mas o Uchiha tinha ciência de que até os demônios já foram anjos algum dia, por isso não se deixou enganar.
Aproximando o seu rosto do dela, quase tocando o seu nariz afilado, as onix dele encontraram as esmeraldas dela, fazendo brotar faíscas entre eles. Com sua voz baixa e rouca, ele proferiu as palavras mais uma vez:
— Eu vou matá-la.
Sentiu a jovem estremecer abaixo dele, fazendo-o se arrepiar no processo. Seus lábios rosados, do mesmo tom dos seus cabelos, abriram-se levemente, e, de repente, testar a textura que eles teriam era a tarefa mais importante da sua vida. Ela  não parecia ter medo, pelo contrário, fechou os olhos como se esperasse por algo e o seu rosto estava ficando cada vez mais vermelho.
Sentindo o coração retumbar no peito, o duque refletiu se ela se afastaria se ele descesse mais alguns centímetros, exterminando a distância entre eles. Cinco centímetros… quatro… três… dois…
— Eu venci! — A voz de Lady Hinata o fez despertar do momento. — O senhor me deve um favor, Lorde Uzumaki, e eu vou cobrar!
Repentinamente, o Uchiha se deu conta do que estava fazendo. Ergueu-se de súbito e estendeu a mão para ela. Ambos olharam para todos os lados, exceto para o rosto um do outro, tentando fingir a todo custo que nada daquilo tinha acontecido, extremamente rubros.
— Você é uma trapaceira, Hinata! — Seu amigo esbravejou, desviando o foco dos pensamentos de Sasuke, que estavam em uma determinada rosada. — Você disse que não sabia atirar!
— Não disse, não! E não me chame pelo meu nome de batismo, não te dei o direito! — A lady se defendeu, abrindo um sorriso de desdém. — Se não aguenta uma aposta, milorde, não a faça. Eu não sabia que o senhor era tão… covarde.
Sasuke arregalou os olhos diante de tamanho insulto, contudo, em contrapartida, o Uzumaki riu. Gargalhou tanto que seu corpo se dobrou e ele envolveu o estômago com ambas as mãos. E, para a surpresa do Uchiha, Lady Hinata também estava rindo, ainda que tentasse veemente disfarçar.
Um alarme soou alto em sua cabeça. Não queria ser intrometido ou inconveniente, mas teria que interferir nesse enlace a todo custo. Se fosse com outra pessoa, ele pouco se importaria se Naruto casasse ou não. Porém, Lady Hinata… ela tinha algo que o lembrava muito de Shion. E, pior que isso, pelo jeito que o loiro olhava para a morena, o Uchiha tinha certeza que seu amigo se apaixonaria por ela e outro amor fracassado destruiria Naruto.

Amando o inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora