De camisola, Hanabi se olhou no espelho de corpo inteiro, deslizando a mão sobre a barriga quase inexistente sob o tecido fino. Um filho. Tinha um outro ser humano ali dentro, que seria uma misturinha perfeita dela e de Konohamaru. Não dava para negar, a Hyuuga se sentia imensamente feliz e não se arrependia de nada que tinha feito. Contudo, na mesma intensidade, ela estava devastada.
— Vai ficar tudo bem, meu amor — sussurrou para o filho, ainda acariciando o ventre inchado. — Papai logo virá.
Ela não sabia a quem estava prometendo aquilo, se era realmente para o rebento ou para si mesma, por causa do alento que tanto precisava naquele momento. Não podia esmorecer agora. Não podia agir como a garota mimada e frágil que tinha sido criada para ser. Se desistisse agora, não teria volta. Tinha que aprender a engolir o choro e erguer a cabeça.
Ainda assim, sozinha no silêncio daquele quarto, a morena deixou as lágrimas rolarem livremente, pingando sobre a barriga. Quando passara a ser tão sonhadora? Desde quando colocou os olhos em Konohamaru, Hanabi soubera que viver ao lado dele seria quase impossível. Porém, se o sabia, por que continuava a doer tanto?
— Uma carta... o que eu não daria para ler uma carta sua mais uma vez? — Soprou para o vento, rezando para que suas palavras atingissem o Sarutobi.
Ela já não podia sair de casa desacompanhada e suas correspondências eram rigorosamente inspecionadas antes de chegar às suas mãos. Eram nulas as possibilidades das cartas de Konohamaru chegar até a ela. Suspirando, a morena enxugou as lágrimas, sentando-se na cadeira de balanço que tinha ali e pensando no que deveria falar.
Sentia-se tão sozinha sem Hinata por ali. No final das contas, ela era o elo que unia as irmãs, até mesmo Sakura estava desnorteada sem sua presença. Era como se tudo tivesse conspirado para desmoronar sem ela por perto. Mas a mais velha já tinha forjado o próprio caminho, restava a ela fazer o mesmo.
Por Deus, Hanabi sentia tanto medo, mas teria que arriscar! Se isso não desse certo, nada mais daria. Decidida, a Hyuuga foi até o armário, buscando por algum vestido simples que não precisasse de criada para ajudá-la a vestir-se. Já vestida, ela voltou a acariciar o ventre.
— É para o nosso bem, dará tudo certo.
Assumindo uma postura austera, pela primeira vez em duas semanas, a Hyuuga saiu do quarto. Sabia que estava mais pálida que o normal, que os olhos estavam escuros por causa das olheiras, sua expressão estava péssima e o cabelo desalinhado. Mas, se dependesse de si, que a aparência fosse às favas! Tudo o que ela precisava era estar com seu amado, seu pai teria que ceder.
Quando chegou à porta de madeira negra, tão intimidante, do escritório de seu pai, ela engoliu em seco. Pediu coragem aos céus. Ao invés de bater à porta, ela apenas adentrou o recinto, percebendo que não era a única pessoa abatida por ali.
— Pai, precisamos conversar — anunciou, convicta.
O marquês tinha um aspecto cansado, de quem não dormia direito à noite. Havia sobre a mesa algumas garrafas vazias e o cinzeiro estava cheio de pontas de charuto. O coração de Hanabi se apertou e, de uma forma estranha, ver seu pai daquele jeito lhe renovou o ânimo. Se conseguisse resolver aquela situação, ele ficaria bem também. Não tinha outra solução para que tudo voltasse ao normal.
— Volte outra hora, Hanabi — as pérolas de seus olhos estavam submersas na vermelhidão das órbitas, por causa das noites insones e excesso de bebida.
— Pai, eu o que eu quero falar pode esperar para outra hora.
— Se for sobre o caçador de dotes, nem tente — ouvir Konohamaru ser chamado daquele jeito fez o sangue ferver nas veias da morena.
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Amando o inimigo
FanfictionLady Hinata Hyuuga é uma mulher calma, tímida e passiva... isso é o que a sociedade pensa. Por trás da fachada de boa moça, existe uma jovem sonhadora de língua afiada e que sonha, acima de tudo, em ser livre. Contudo, seus planos serão frustrados q...