Scourge & Os Freedom Fighters - Anos 80

Brooklyn High School - Scourge - Parte 1

- Vamos para a escola? Já está quase na hora de pegar o ônibus e eu ainda aqui escovando os dentes e esperando minha mãe preparar o café da manhã com os cereais e o leite que eu tanto gosto.

Safah - Scourge?! O café tá pronto! Desce logo antes de eu sair para o trabalho!

Scourge - Já tô indo mãe.

- Esse rosto bonito não é fácil de manter não! É rodi demais. Lavo, lavo e lavo para tirar essa porcaria de espinha mas a bagaça persiste em continuar no meu rosto.

Sarah - Scourge!!! Sai desse banheiro!!!

- Desço as escadas correndo e me sento na cadeira logo em frente à nossa humilde mesa na nossa humilde sala de jantar do lado da nossa humilde cozinha. Os cereais já estão no prato prontos para serem devorados.

Sarah - Hoje vou trabalhar até tarde filho. Você vai tomar conta das coisas até eu voltar. Então não fique na escola depois da aula perdendo tempo!

Scourge - Nem poderia. O Knuckles se mudou se lembra?

Sarah - Ah filho! Vê se esqueça dessa história. Já faz quatro anos!

Scourge - Perder um amigo assim não é nada maneiro mãe. Devia saber disso.

Sarah - Eu entendo filho. Mas mesmo assim, é pra frente que se anda. E mais uma coisa, sua namorada.

Scourge - A vá que você quer conversar sobre isso agora mãe?!

Sarah - Não é nada demais filho. Eu apoio seu relacionamento com uma garota quatro anos mais velha que você e que não completou os estudos. Mas quero que você tome muito cuidado. Sabe como funciona os instintos de mãe, eu sinto algo de muito ruim prestes a acontecer lá no fundo.

Scourge - Mas ela trabalha e ganha o próprio dinheiro. E além disso, precisa de alguém que a entenda como eu entendo ela. E vê se para de falar essas coisas de macumba mãe!

Sarah - Não me convenceu. Mas por favor filho. Tome cuidado. Estou arrasada. Tchau! Te amo.

Scourge - Eu também te amo mãe. Vai pela sombra!

- Ela sempre me dá um beijinho na testa, mesmo eu tendo dezessete anos hoje, e sai correndo pelas escadas com medo de perder a hora do ônibus. Coisa que eu também deveria tomar cuidado penso agora.

Scourge - Precisa de mais açúcar.

- Hora de ir. Tranco a porta e desço as escadas até chegar na saída do apartamento. Tranco a outra porta e vejo os meus vizinhos que sempre me dão os seus.

- Bom dia Scourge!

Scourge - Bom dia.

- Bom dia Scourge!

Scourge - Bom dia.

- Bom dia Scourge!

Scourge - Belo dia!

- No caminho para o ponto de ônibus sou somente eu com meu Walkman escutando um Bon Jovi quase dançando junto com a melodia, se não fossem pelos carros passando pelas ruas movimentadas do Brooklyn, eu poderia até dançar no caminho.

- Pois é. Eu falo falo do Knuckles mas vocês ainda não sabem quem ele foi... Na verdade sabe mas não como eu sei.

- Knuckles e eu quando eramos mais novos costumávamos ir juntos para a escola desde minha casa até a porta da entrada do secundário. Sempre conversando sobre os mais variados assuntos e nos divertindo bastante com cada furada que nós aprontamos, como daquela vez em que ele ficou preso numa loja de discos depois de ficar escondido por lá até a loja fechar, ele ligou pra minha casa e por sorte foi eu quem atendi.

- Scourge?! É você?!

- Que Que foi Knuckles?

- Eu tô preso na loja d discos!! Vêm aqui me salvar truta!

Resultado: Ele ficou lá até eu chegar com um pé de cabra e quebrar o vidro do banheiro para ele poder pular.

- E isso foi só uma das vezes em que ficamos em apuros! Mas a cada vez que eu passava a tarde inteira com ele, era especial. Foi muito triste quando ele teve que dizer que iria se mudar. Me lembro de ficar deprê durante semanas e minha coroa teve que liberar o telefone para eu poder ligar e conversar com ele até depois da meia noite, isso fez a conta de telefone subir às alturas naqueles meses, mas minha mãe nem ligou muito pra isso, pois queria me ver superar isso, como quer ver até hoje. Daí vocês me perguntam se nem com uma namorada eu superei, e eu te digo: Não cara, não tem como superar uma coisa dessas, era meu irmão que teve que se despedir de mim e me deixar sozinho somente com meus pensamentos e meu Walkman escutando músicas tristes.

Motorista do ônibus - Scourge? É agora ou nunca filho. Entre logo e deixe de besteira.

Scourge - Eita bicho. Fiquei perdido nos pensamentos. Já tô entrando.

Os motoristas todos já me conhecem depois dd tanto tempo pegando a mesma linha para ir pra escola, e olha, ainda bem que são todos gordos e velhos porque assim ele não me usam para chegar perto da minha mãe.

- Como é que é tio? É memo? É. Se eu te contar cada palhaço que tentou me usar pra chegar perto da minha mãe, vai me dar até raiva de lembrar, um pior do que o outro, querendo privar ela de sair de casa, outros sendo machista pra caralho falando um monte de asneiras... Ainda bem que ela sempre teve bom senso pra meter o pé na bunda desses vagabundos, ela quer mais é sossêgo rapaz!

- Mas e se... E se... Ela arranjasse um bom namorado hoje? Aí eu ia ficar numa nice! Ela tá precisando de alguém que a faça feliz de novo, não que ela não seja, sempre diz pra mim que ama ter minha companhia e que eu não preciso sair de casa nem tão cedo pra ter meu próprio teto... Mas mãe, você ainda tem muita vida pela frente, é bonita (sem malícia), dedicada, trabalhadora, essas coisas, precisa de uma pessoa que a deixe mais feliz e que te ofereça o que eu não poço fazer por ela.

- Enfim. Peguei um lugar no ônibus ao lado da janela e aproveito o tempo pra vasculhar minha mochila e conferir minhas lições de casa... Essa não.

Scourge - Puta que pariu!

- Alguns olhos correrão diretamente para mim, eu nem liguei e abri o caderno de artes com um aviso BEM grande na última lição: Entregar dia 02/04, HOJE. E eu nem comecei essa fita. Ah mas Scourge, professores de arte aceitam entregar depois, eles são viajados na maionese mesmo, vai pensando jovem, tô é fe-rra-do!

Moto - Seu ponto é o próximo Scourge.

Scourge - Valeu!

- E agora. Qual vai ser a desculpa que vou usar? Eu não tenho cachorro então descarta essa, não tem nenhuma marca de café no caderno então essa também vai pro brejo.

Amigo de Scourge - Eai Scourge? Como é que vai?

Scourge - Todo estourado na calçada. Não fiz a porra da lição de Artes fera.

Amigo - Ih carinha. Quer o meu emprestado?

Scourge - tá maluco? Essa lição era a minha chance de mostrar a essa escola a minha arte! Meu estilo! Agora perdi essa chance.

Amigo - Mas a aula é só depois do recreio cara. Dá tempo de você fazer algo até lá.

Scourge - É mesmo! Valeu cara.

Me comunico com todos dentro da escola para manter minha popularidade. Depois vêm a aula de Gramática, Aritmética, Geometria e finalmente... O recreio com VINTE minutos para eu fazer um desenho do caralho.

- Não falei com absolutamente ninguém. Passei reto e fui do outro lado da escola pra te um pouco de paz enquanto faço a maldita lição.

Scourge - Assim mesmo. Éh. Tá ficando bom.

Voz familiar - Scourge?

Scourge - Toma no cú! Tô ocupado!

Voz familiar - Ocupado até para o melhor amigo?