Scourge & Os Freedom Fighters - Anos 80

Central Park - Nicole - Desconhecido

- Para onde vamos? Por onde iremos? Uma boa forma de questionar minha existência nessa minha nova forma de vida que me acostumei a conviver. Por um milagre, ainda tenho as sensações e minha personalidade preservadas em minha memória, posso sentir até a comida em .eu estômago, mesmo que agora eu não possa comer nenhum tipo de refeição.

- A noite passa lenta e amargurada. Assim como a vida de quem vive pelas ruas noturnas de NYC. Devo ser a única vigilante dessa cidade, sem o apoio de quem agora está a conversa com Deus, não é mesmo papai? Não tive um período de luto, apenas aceitei que não o verei nunca mais. Assim funciona minha nova vida.

- E ela me chama para solucionar mais um caso. Algum problema em uns transformadores centrais do bairro em Central Park. Vamos dar uma olhada Nicole?

- Surgindo nos altos clarões de minhas partículas holográficas, chego nos transformadores de energia onde suspeito de que algo de ruim possa acontecer em algum momento.

??? - Olá Nicole.

Nicole - Olá. Quem está falando? Não o vejo. Apresente-se por favor.

??? - Agora não. Quero conversar com você sem me identificar. Fique tranquila quanto a isso. Não farei nenhum mal contra você.

Nicole - Está bem. Posso me sentar?

??? - Pode. Mas te aconselho a ficar de olho nos transformadores.

Nicole - Você quer explodir eles? Fará um mal imenso a cidade e acabará se matando no processo.

??? - Eu sei bem como é morrer por electricidade. Além do mais, foi você quem me deu essa ideia.

Nicole - Não estou entendendo onde você quer chegar.

??? - É uma metáfora. Não se esforce em entender. Apenas aqueles que sofrem com sua existência podem saber do que estou falando.

Nicole - Está complicando as coisas para o seu lado. Sinto que você quer causar um mal sim. E contra mim. Quais são suas motivações para fazer isso?

??? - Minhas motivações? Que tipo de pessoa precisa ter mais motivações do que eu? Apenas tente se lembrar do que fez no dia em que houve um blackout aqui em Central Park.

Nicole - Como vou saber? Eu não moro por aqui e não me preocupo com essas coisas. Meu dever é proteger os cidadãos de mentes criminosas.

??? - Deveria se preocupar em defender as pessoas de você mesma, Nicole The Holo Lynx. É uma poderosa super-heroína de fato. Mas também, uma poderosa imã de desastres feitos por seus atos não pensados.

Nicole - Irá bancar o clichê de vilã sem causa e que apenas quer me matar? Posso terminar com seu sofrimento bem rápido. Apenas me dê permissão para matá-la, antes de causar mal para com outras pessoas.

??? - Eu não causei nenhum mal com ninguém. É você que está me ameaçando de morte sem ao menos olhar para o meu rosto. Mas não se preocupe com esse fato também. Não queremos causar nenhum alarde antes de você provar do seu próprio veneno.

Nicole - Isso soou para mim como uma ameaça. O que você quer dizer com "Nós" nesse pronome oculto? Estão reunindo uma rebelião contra mim? Nem ao menos estão no mesmo barco que o meu.

??? - Ha. Ha. Ha. Ha. Estamos todas no mesmo barco Nicole. Só você que não sabe usar seus poderes para ver o que realmente está em sua frente. Não existe um mundo sem pessoas boas, e não existe um mundo sem pessoas más. Todas nós vamos afundar na mesma arca, uma hora ou outra.

Nicole - Diz algo como o apocalipse. Mas não consegue dizer algo que faça sentido para mim. Se você quer profetizar minha queda, fique à vontade, esse tipo de conversa fiada eu lido todos os dias em grupos a favor e contra os super heróis.

??? - Eu não faço parde de uma simples organização que quer ver sua derrota, queda, transformação final. Não não. Sou parte de um início de uma nova era. Algo que transcende a minha vida e me faz ser o topo do seu iceberg, que daqui pra frente, começará a afundar cada vez mais. E você mesma viverá para ver o seu propósito de vida falecer, junto com você. Em outras palavras, sou o início de uma nova ideologia neste mundo repleto de seres como você que bancam os vigilantes da raça humana e antropomórfica, que exterminará vocês como uma máquina de lavar, limpando a sujeira do mundo.

Nicole - Cite algum filósofo para deixar seu discurso mais interessante. Do contrário, pare de uma vez em me fazer perder meu precioso tempo.

??? - O tempo é preciso para você? Então permita-me apresentar a pessoa com quem vos fala.

- Ela surgiu das sombras na direção de sua voz por onde eu a observei enquanto conversávamos. Um ser antropomórfico de fato, mas não consigo distinguir de qual raça é. Um guaxinim? Uma raposa? Uma felina? Tem a pele rosa escura e usa roupas personalizadas com composições peculiares, talvez reconheça esse tipo de tecido para ser usado por trabalhadores de circuitos elétricos. Usa um cachecol escondendo algum ferimento no pescoço e anda sem muitas preocupações com os fios de alta voltagem em seu caminho. Tem a minha altura e olhos da cor violeta, usa luvas pretas finas e sapatos pretos com adesivos tribais, assim como a cicatriz em sua pálpebra esquerda que não causou nenhum dano em sua vista. Mas algo está muito estranho quando volto a analisar seu corpo com minha visão raio-x, seus órgãos estão com uma carga de electricidade muito maior do que a dos elétrons e nêutrons de uma pessoa comum.

??? - Ficou fascinada em mim? Está me olhando a mais de um minuto sem dizer nada.

Nicole - Estou tentando descobrir do quê você é feita. É muito interessante essa sua composição muscular e sanguínea. Está me parecendo que recebeu uma descarga elétrica.

??? - Inteligente. De fato. Recebi uma descarga elétrica que quase me fez morrer se não fosse por um milésimo de segundo que usei para transformar essa descarga em algo a mais dentro de mim.

Nicole - Hum.

As duas se fitaram por um bom momento de silêncio. Apenas se escutou os sons de pássaros e dos fios de alta tensão passando pelos transformadores ao redor delas. As partículas de Nicole começaram a rodear ela com mais rapidez, deu um passo à frente com expressão sombria, e perguntou:

Nicole - Quem é você.