Hogwarts Legacies - A Filha de Sirius Black

8 || O Reencontro

Já era quase Natal. A maioria dos alunos em Hogwarts se despediam uns dos outros com seus malões feitos e prontos para irem pra casa comemorar as festas de fim de ano com suas famílias. Esse não era o meu caso, nem de Rony, Hermione, e nem de Harry.
   Harry decidira passar o Natal em Hogwarts, igual no primeiro ano, e Rony quis acompanhar o amigo. Eu teria de ficar de qualquer forma, pois a única pessoa com quem passei o Natal a minha vida toda, também permaneceria no castelo. Visto que nós três ficaríamos na escola, Hermione decidiu nos acompanhar.

Eu e Harry não voltamos a conversar, se era isso que queria saber. Ele é orgulhoso demais para ver que estava errado e vir me pedir desculpas. Então, enquanto Hermione e Rony estavam com Harry, eu ficava com os gêmeos, ou com qualquer outro amigo. Ou se não passava um tempo sozinha, que foi o caso desse dia.

– Feliz Natal adiantado, Vanessa! – dizia Cedrico apressado.

– Oh, feliz Natal, Cedrico! – respondi com sutileza. – Espero que você e sua família tenham um ótimo feriado!

– Obrigado! – o mesmo agradeceu com um sorriso largo. – Espero que passe muito bem aqui no Castelo. Nos vemos daqui quinze dias! – o garoto acenou enquanto puxava seu malão até a porta de saída.
   Me despedi de todos os meus amigos. Ou quase todos. Devo ter deixado passar um ou dois, mas eles superam.

Tendo visto que Rony e Hermione estavam junto de Harry, eu fui dar uma volta pelo lado de fora do castelo para ver a neve. Eu adoro a neve, sempre gostei. Me lembro de quando eu e Lupin fazíamos bonecos sempre nessa época. Bem, a verdade é que sinto a falta de Harry. Ele é um dos meus melhores amigos e mesmo assim, sei o quão cabeça dura ele é e o quanto pode demorar para que ele perceba que errou.

[...]

Enquanto caminhava pelo bosque completamente nevado, ouço um latido que pensei ser muito comum, afinal, Hagrid tem o Canino e de vez em quando recebe filhotes de Crupes para tomar conta. Mas aquilo deixou de ser algo comum quando o dono do latido saiu de dentro de um dos arbustos ali. O mesmo cachorro preto que eu havia visto há algum tempo atrás, e que Lupin afirmou ser Sirius.
   Eu entrei em completo estado de choque. Não conseguia me mexer e muito menos falar. O animal se aproximava de mim enquanto meus olhos se abriam cada vez mais. "Se ele foi capaz de entregar os próprios amigos à Aquele-que-não-deve-ser-nomeado, imagina o que faria com a filha". – Me lembrei dessa frase imediatamente e fiquei ainda mais apavorada. Mas para a minha surpresa, o cachorro não me atacou, não pulou em mim e nem nada parecido. Ele apenas sentou em minha frente e novamente latiu. Minhas mãos suavam e tremiam, minhas pernas estavam bambas e eu quase não conseguia ficar ali em pé. Então, novamente ele latiu, só que duas vezes. Eu estava me afastando vagarosamente, até que acabo tropeçando em uma pedra que estava atrás de mim, e caí em seguida.

– Ai! – exclamei passando a mão no meu tornozelo, que por sinal, acho que torci.
   Acabei me lembrando que o cachorro estava ali, sentado em minha frente. Ele sentado era maior que eu em mesma posição, o maior que já vi da espécie. Nossos olhares se encontraram e, por um momento, senti uma familiaridade muito estranha.

– Não é possível... – murmurei. Era como se houvesse um nó na minha garganta e na minha mente. – Não é possível que seja você... eu... – não consegui terminar minha frase. – É você mesmo?
   O cachorro latiu as mesmas duas vezes e levantou a pata direita, como se estivesse mostrando-a.

– Almofadinhas? – e latiu de novo. – Não, não pode ser... eu não acredito. – eu dizia balançando a cabeça.
   O animal se levantou e começou a latir várias vezes seguidas. Ele caminhava e latia enquanto olhava para mim, como se estivesse me chamando. Era muito arriscado. Uma parte de mim sabia que era ele, mas outra parte ainda duvidava, principalmente pelo fato de eu não conhecê-lo. O que eu conheço do meu pai, é o que Lupin me conta.
  Decidi que iria, e talvez fosse a pior decisão da minha vida, mas eu sou uma curiosa nata, então tomei a atitude de segui-lo. Levantei com muita dificuldade, pois meu tornozelo ainda doía. E o segui mancando até uma passagem escura por dentro do Salgueiro Lutador. Eu não fazia ideia de que aquele lugar existia.