16 || De Volta para Casa

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Eu, Harry e Hermione saímos pela porta às nossas costas e descemos uma escada de pedra circular muito estreita. Quando chegamos embaixo ouvimos vozes. Colamos o corpo contra a parede e escutamos. Pareciam as vozes de Fudge e Snape. Os dois caminhavam depressa pelo corredor no qual terminava a escada.

— ... Só espero que Dumbledore não crie dificuldades — dizia Snape. — O beijo será executado imediatamente?

— Assim que Macnair voltar com os dementadores. Todo esse caso Black tem sido muitíssimo constrangedor. Nem posso lhe dizer como estou ansioso para informar ao Profeta Diário que finalmente o capturamos... Acho provável que queiram entrevistá-lo, Snape... e quando Harry tiver voltado ao normal, espero que se disponha a contar ao Profeta exatamente como foi que você o salvou...
   Olhei para o lado e vi que Harry cerrou os dentes. Vimos de relance o sorriso presunçoso de Snape, quando o professor e Fudge passaram pelo lugar em que estávamos escondidos. O eco dos passos dos homens foi se distanciando. Nós esperamos alguns minutos para ter certeza de que tinham realmente ido embora, então começamos a correr na direção oposta. Descemos uma escada, depois outra, corremos por um corredor - então ouvimos uma risada escandalosa à frente.

— Pirraça! — murmurei, agarrando os pulsos de Hermione e Harry. — Aqui!
   Nos precipitamos para dentro de uma sala de aula à esquerda, na hora. Ao que parecia, Pirraça vinha saltitando pelo corredor apregoando bom humor, rindo de se acabar.

— Ah, ele é horrível! — sussurrou Hermione, o ouvido encostado à porta. — Aposto como está nessa excitação toda porque os dementadores vão liquidar Sirius... — ela tornou a consultar o relógio. — Três minutos, pessoal!
   Aguardamos a voz satisfeita de Pirraça sumir ao longe, então abandonamos a sala e desatamos a correr.

— Hermione, que é que vai acontecer, se não conseguirmos voltar antes de Dumbledore trancar a porta? — ofegou Harry.

— Nem quero pensar! — gemeu Hermione, verificando novamente o relógio. — Um minuto!
   Nós três tínhamos chegado ao fim do corredor em que ficava a entrada para a ala hospitalar.

— Okay... estou ouvindo Dumbledore — disse Hermione tensa. — Vamos!
   Saímos sorrateiramente pelo corredor. A porta da enfermaria se abriu. Aparecemos às costas de Dumbledore.

— Vou trancá-los — o ouvimos dizer. — Faltam cinco minutos para a meia-noite. Srta. Granger, três voltas devem bastar. Boa sorte.
   Dumbledore recuou para fora da enfermaria, fechou a porta e puxou a varinha para trancá-la magicamente. Em pânico, eu, Harry e Hermione corremos ao seu encontro.

Dumbledore ergueu os olhos e apareceu um largo sorriso sob seus compridos bigodes prateados.

— Então? — perguntou ele baixinho.

— Conseguimos! — eu disse ofegante. — Sirius já foi, montado em Bicuço...
   Dumbledore sorriu radiante para nós.

— Muito bem! Acho que... — ele escutou atentamente para verificar se havia algum ruído no interior da ala hospitalar. — É, acho que vocês também já foram: entrem, vou trancá-los...
   Nós entramos na enfermaria. Estava vazia exceto por Rony, que continuava deitado imóvel na cama ao fundo. Ao ouvirmos o clique da fechadura, nós três voltamos às nossas camas, e Hermione guardou o vira-tempo, dentro das vestes. Um instante depois, Madame Pomfrey saiu de sua sala.

— Foi o diretor que eu ouvi saindo? Será que já posso cuidar dos meus pacientes?
   A enfermeira estava muito mal-humorada. Achamos melhor aceitar o chocolate que ela trazia sem resistência. Madame Pomfrey ficou vigiando para ter certeza de que íamos comer. Mas eu mal conseguia engolir. Estávamos esperando, escutávamos, os nervos vibrando desafinados... Então, quando aceitamos o quarto pedaço de chocolate de Madame Pomfrey, ouvimos ao longe o ronco de fúria que ecoava em algum ponto do andar acima...

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