12 || A Execução

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A euforia que sentimos por termos finalmente ganhado a Taça de Quadribol durou pelo menos uma semana. Até o tempo parecia estar comemorando; à medida que junho se aproximava, os dias foram desanuviando e se tornando quentes, e só o que as pessoas tinham vontade de fazer era passear pela propriedade e se largar no gramado com vários litros de suco de abóbora gelado do lado, e talvez jogar uma partida descontraída de bexigas ou apreciar a lula gigantesca nadar, sonhadora, pela superfície do lago.
Mas isso não era possível. Os exames estavam às portas e em lugar de se demorarem pelos jardins, os alunos tinham de permanecer no castelo, e tentar obrigar o cérebro a se concentrar em meio aos sopros mornos de verão que entravam pelas janelas. Até mesmo Fred e George tinham sido vistos estudando; estavam em vésperas de fazer o exame de N.O.M.s (Níveis Ordinários em Magia). Percy, por sua vez, estava se preparando para os exames de N.I.E.M.s (Níveis Incrivelmente Exaustivos em Magia), o diploma mais avançado que Hogwarts oferecia. Como Percy tinha esperança de ingressar no Ministério da Magia, precisava de notas muito altas. Por isso, a cada dia ficava mais nervoso, e passava castigos severos para qualquer aluno que perturbasse a tranquilidade da sala comunal à noite. De fato, a única pessoa que parecia mais ansiosa do que Percy era Hermione.

– Algum de vocês viu o meu livro Numerologia e gramática? – perguntou a garota impaciente.

– Ah, eu vi, apanhei emprestado para ler na cama antes de dormir – disse Rony, mas bem baixinho.

Hermione começou a remexer no monte de rolos de pergaminho que tinha sobre a mesa, à procura do livro. Nesse instante, ouviram um farfalhar à janela e Edwiges entrou com um bilhete bem seguro no bico.

– É do Hagrid! – disse Harry, abrindo o bilhete. – É o recurso de Bicuço, está marcado para o dia seis.

– É o dia em que terminamos os exames. – falei franzindo as sobrancelhas.

– E eles vêm aqui para o julgamento – disse Harry, continuando a ler o bilhete. – Alguém do Ministério da Magia e... e o carrasco.

Hermione ergueu a cabeça, assustada.

– Vão trazer o carrasco para o julgamento do recurso! Mas assim parece que já decidiram!

– É, parece – disse Harry lentamente.

– Não podem fazer isso! – bradou Rony. – Gastei séculos lendo para Hagrid o material que havia; não podem simplesmente desprezar tudo!

Mas tive a terrível sensação de que a Comissão para Eliminação de Criaturas Perigosas já tivera a opinião formada por Lúcio Malfoy. Draco, que andava visivelmente moderado desde a vitória da Grifinória na final de quadribol, nos últimos dias parecia ter recuperado um pouco da sua antiga arrogância. Pelos comentários desdenhosos que ouvi, Malfoy tinha certeza de que Bicuço ia ser eliminado e parecia satisfeitíssimo consigo mesmo por ter provocado tal efeito. E o pior de tudo era que não tínhamos tempo nem oportunidade de ir ver Hagrid, porque as novas e rigorosas medidas de segurança continuavam em vigor.

A semana dos exames começou e um silêncio anormal se abateu sobre o castelo. Nós alunos do terceiro ano saímos do exame de Transfiguração na hora do almoço, na segunda-feira, cansados e pálidos, comparando respostas e lamentando a dificuldade das tarefas propostas, que incluíra transformar um bule de chá em um cágado. Hermione irritou os colegas ao comentar que seu cágado parecia mais uma tartaruga, o que era uma preocupação mínima diante das preocupações dos demais.

– O meu tinha um bico no lugar do rabo, que pesadelo...

– Era para os cágados soltarem vapor?

– No final, o meu continuava com uma pintura de salgueiro estampada no casco, vocês acham que vou perder pontos por isso?

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