40 || Não Devemos Contar Mentiras

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O jantar naquela noite, após a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, não estava sendo lá muito agradável. A notícia sobre o torneio de gritos dos alunos com Umbridge se espalhara com excepcional velocidade, mesmo para os padrões de Hogwarts. Ouviam-se cochichos a toda volta.

– O que não entendo – disse Harry, com a voz vacilante, descansando a faca e o garfo (suas mãos tremiam demais para segurá-los com firmeza) – É por que todos acreditaram na história há dois meses quando Dumbledore a contou...

– A questão é, Harry, que não tenho muita certeza de que acreditaram – disse Hermione muito séria. – Ah, vamos sair daqui.

Ela bateu com os próprios talheres na mesa; Rony olhou cobiçoso para a torta de maçã que ainda não terminara, mas acompanhou-os junto com Vanessa.

As pessoas ficaram olhando os quatro saírem do salão.

– O que quis dizer com essa história de não ter certeza de que tenham acreditado em Dumbledore? – perguntou Harry a Hermione, quando chegaram ao patamar do primeiro andar.

– Olhe, você não entende como foi depois que a coisa aconteceu – explicou Hermione em voz baixa. – Você chegou no meio do gramado segurando o cadáver do Cedrico... nenhum de nós viu o que aconteceu no labirinto... só tínhamos a palavra do Dumbledore de que Você- Sabe-Quem tinha retornado, matado Cedrico e lutado com você.

– O que é verdade! – disse Harry em voz alta.

– Eu sei que é, Harry, por isso será que pode, por favor, parar de se enfurecer comigo? – pediu Hermione, cansada. – Só que antes de poderem assimilar a verdade, todos foram embora, passar as férias em casa, lendo durante dois meses que você é pirado e Dumbledore está ficando senil!

A chuva martelava as vidraças enquanto voltavam, pelos corredores vazios, à Torre da Grifinória.

– Mimbulus mimbletonia – disse Hermione, antes que a Mulher Gorda pudesse perguntar. O quadro girou, expondo o buraco que ocultava, e os quatro passaram.

A sala comunal estava quase vazia; a maioria dos alunos ainda jantava no salão.

– E como é que Dumbledore pôde ter deixado isso acontecer?! – exclamou Vanessa de repente, fazendo Harry e Rony se sobressaltarem. Ela socou os braços da poltrona, furiosa, fazendo pedacinhos do enchimento escaparem pelos puídos. – Como é que ele pôde deixar aquela mulher horrível dar aulas para nós? E justamente no ano em que temos de prestar os N.O.M.s? Desse jeito ninguém vai passar em Defesa Contra as Artes das Trevas!

– Bom, nunca tivemos grandes professores de Defesa Contra as Artes das Trevas, tivemos? – disse Harry. – Você sabe qual é a situação, Hagrid nos contou, ninguém quer o cargo, dizem que está azarado.

– É, mas daí a empregar alguém que se recusa a nos deixar praticar magia! Qual é a do Dumbledore?

– E ainda por cima está tentando convencer as pessoas a espionarem para ela – disse Rony sombriamente. – Estão lembrados de quando ela disse que queria que a gente fosse contar se ouvisse alguém dizendo que Você-Sabe-Quem voltou?

– É claro que ela está aqui para espionar, isto é óbvio, por que outra razão Fudge iria querer que ela viesse? – retorquiu Vanessa.

– Será que não podemos... vamos só fazer os deveres, tirá-los do caminho... — disse Harry com um ar cansado.

Eles apanharam as mochilas a um canto e tornaram a sentar nas poltronas diante da lareira. As pessoas estavam voltando do jantar agora. Harry manteve o rosto desviado do buraco do retrato, mas ainda assim sentia os olhares que estava atraindo.

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