21 || Novos Rostos

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O temporal já se esgotara quando o dia seguinte amanheceu, embora o teto no Salão Principal continuasse ameaçador; pesadas nuvens cinza-chumbo se espiralavam no alto quando eu, Harry, Rony e Hermione examinamos nossos novos horários ao café da manhã. A poucas cadeiras de distância, Fred, George e Lino Jordan discutiam métodos mágicos de se tornarem velhos e, com esse truque, participar do Torneio Tribruxo.

– Hoje não é ruim... lá fora a manhã inteira — disse Rony, que corria o dedo pela coluna intitulada segunda-feira no seu horário —, Herbologia com a Lufa-Lufa e Trato das Criaturas Mágicas... droga, continuamos com a Sonserina...

— Dois tempos de Adivinhação hoje à tarde — gemeu Harry, baixando os olhos.

— Você devia ter desistido como eu fiz, não é? — disse Hermione decidida, passando manteiga na torrada. — Então poderia fazer alguma coisa sensata como Aritmancia.

— Ah, será que não dá para mudar de horário? — resmunguei decepcionada. — Não sei porque continuei com adivinhação...

— Talvez porque lhe renda um tempo extra para dar um cochilo! — zombou Rony.

— Continua cochilando nas aulas, Vanessa? — Hermione riu.

— Pode apostar que sim — Rony respondeu em meu lugar.

— E se não está dormindo, fica enfeitiçado as bolas de cristal dos outros alunos só pra ver as caras de apavoro deles — completou Harry.

— É... até que essa aula não é tão ruim assim — sorri lentamente.

— Não saia, por favor — disse Harry. — Se sair, nosso único entretenimento acabará.

— Quero só ver a hora que a professora Trelawney souber disso... ela vai ficar furiosa — Hermione revirou os olhos. — E talvez seja até mais severa do que foi comigo, Vanessa; já que você está implantando falsas previsões...

— Eu ficaria mais que feliz se ela me expulsasse da aula!

Após o café da manhã, percorremos todo o caminho pela horta enlameada até chegarmos à estufa número três, para a aula de Herbologia. A Professora Sprout mostrava à turma as plantas mais feias que eu já vi. De fato, elas se pareciam mais com enormes lesmas gordas e pretas que brotavam verticalmente do solo do que com plantas. Cada uma delas se contorcia ligeiramente e tinha vários inchaços brilhantes no corpo que pareciam cheios de líquido.

— Bubotúberas — disse a Professora Sprout brevemente. — Precisam ser espremidas. Recolhe-se o pus...

O quê? — exclamou Simas Finnigan, expressando sua repugnância.

— Pus, Finnigan — respondeu a professora —, e é extremamente precioso, por isso não o desperdice. Recolhe-se o pus, como eu ia dizendo, nessas garrafas. Usem as luvas de couro de dragão, podem acontecer reações engraçadas na pele quando o pus das bubotúberas não está diluído.
   Espremer as bubotúberas era nojento, mas dava um estranho prazer; era como espremer cravos. À medida que estourávamos cada tumor, saía dele uma grande quantidade de líquido verde-amarelado, que cheirava fortemente a gasolina. Recolhemos em garrafas, conforme a professora orientara e, no fim da aula, havíamos obtido vários litros.

— Isto vai deixar Madame Pomfrey feliz — disse a Professora Sprout arrolhando a última garrafa. — Um remédio excelente para as formas mais renitentes de acne, o pus de bubotúberas. Pode fazer os alunos pararem de recorrer a medidas desesperadas para se livrarem das espinhas.

— Como a coitada da Heloísa Midgen — disse Ana Abbott, aluna da Lufa-Lufa, em voz baixa. — Ela tentou acabar com as dela lançando um feitiço.

— Não vou com a cara dessa garota — sussurrei, revirando os olhos.

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