23 || Campeão Número Quatro

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Harry era oficialmente um campeão tribruxo. Por mais que jurasse de pés juntos que ele não colocou seu nome no cálice, ninguém acreditou nele. E com razão, porque não tem como saber o motivo de aquilo ter acontecido, mas segundo Bartô Crouch, Harry não poderia simplesmente decidir não participar do torneio, pois as regras eram muito rígidas, e se o nome dele foi anunciado, então a partir deste momento ele era um dos campeões.
   Rony foi um dos que não acreditou no amigo. Na verdade, o ruivo ficou muito chateado por Harry ter 'mentido' para ele, e então os dois discutiram e não estão se falando.

— Ele é um idiota! — exclamou Harry, irritado. — Estou dizendo, eu não coloquei meu nome naquela droga de cálice! Eu não queria isso!

— Harry, mas convenhamos, é difícil acreditar em você quando não se tem nada provando o contrário. Quem mais colocaria seu nome lá? — falei.
   Eu e Harry estávamos na Ponte Coberta conversando enquanto Hermione terminava algum dever e Rony não queria vê-lo nem pintado de ouro.

— Você não acredita em mim? — o garoto quis saber.

— Bem... é complicado...

— Achei que pelo menos você acreditaria! — exclamou o garoto, que estava quase tendo um surto.

— Deixe-me terminar de falar! — vociferei, sem paciência. — Eu acredito, tanto que, se não estivesse falando a verdade, não estaria tão nervoso desse jeito. Mas a situação é muito estranha, e nem um pouco favorável para você. Quem colocou seu nome lá, com certeza quer te prejudicar.

— Você acha, é? — o garoto deu um suspiro profundo.

— De qualquer maneira, não culpe o Rony. Ele ficou chateado porque se sente ofuscado pelos irmãos e por você, Harry. E você é o melhor amigo dele, é difícil para ele também.

— Se sente ofuscado? — indagou o garoto.

— É óbvio! Ele é o irmão menos favorecido dos sete, e sente que vive na sua sombra por você ser quem é. Sabe por que ele queria tanto participar dessa porcaria de torneio? Para mostrar a todos o valor dele, que ele não é apenas um dos Weasley, ou apenas o melhor amigo do Harry Potter. Ele quer que todos reconheçam ele pelas qualidades dele... por quem ele é! — expliquei. — De verdade, não fique tão chateado com ele... Rony só queria uma oportunidade de se destacar.

— Mas Rony também deveria ver o meu lado e tentar entender que não fui eu quem fiz isso! E se tivesse feito, ele seria a primeira pessoa que eu contaria. — falou o garoto, ainda muito tenso com toda a situação.

— Sim — concordei. — Ele também não está certo, mas se você sabe que não fez isso, então não deve se preocupar. Dê tempo ao tempo... uma hora tudo irá se resolver.

— Assim espero — disse Harry, desapontado.

Mais tarde, tivemos aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, que por sinal, estavam cada vez mais difíceis e exigindo nosso esforço mais do que nunca. Moody decidiu que usaria a maldição Imperius nos alunos a fim de demonstrar seu poder e verificar se conseguíamos resistir aos seus efeitos.

– Mas... se o senhor disse que é ilegal, professor – perguntou Hermione incerta, quando Moody afastou as carteiras com um movimento amplo da varinha, deixando uma clareira no meio da sala. – O senhor disse... que usá-la contra outro ser humano era...

– Dumbledore quer que vocês aprendam qual é o efeito que ela produz em uma pessoa – disse Moody, o olho mágico girando para a garota e se fixando nela sem piscar, com uma expressão misteriosa. – Se a senhorita preferir aprender pelo método difícil... quando alguém a lançar contra a senhorita para controlá-la... para mim está bem. A senhorita está dispensada da aula. Pode se retirar.
   Ele apontou um dedo nodoso para a porta. Hermione ficou muito vermelha e murmurou alguma coisa no sentido de que a pergunta não significava que ela quisesse sair. Harry e Rony sorriram um para o outro. Eles sabiam, assim como eu, que Hermione preferia beber pus de bubotúberas do que perder uma lição daquela importância.

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