Capítulo 5

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Preferia ter se agarrado a impossível opção de ficar invisível quando entrou em sua sala de aula com as bochechas vermelhas e começar a entrar em pânico assim que vários pares de olhos olharam pra ele.

A professora havia parado de explicar e encarado Shinsou em questionamento, o arroxeado tinha juntado forças para entregar o papel de justificativa enquanto sentia as pernas tremerem pelo silêncio na sala pelos alunos estarem igualmente o encarando.

Maldita hora na qual ela viu confusa no papel e perguntou alto, usando a palavra "Terapia", Shinsou arregalou os olhos com o rosto queimando e espalhando pânico pelo corpo, soube de imediato alguns alunos sussurrando incrédulos, outros parecendo enfiar uma faca no peito de Shinsou quando riram baixinho. O momento infernal pareceu durar séculos, se sentindo terrivelmente pequeno diante daquilo tudo, sua professora ainda teve a delicadeza de mostrar que a notícia de Shinsou aparecer tarde por conta da terapia era absurda. Mas claro que para melhorar deixou aquilo claro em sua face.

Ele andou apressado pela enorme sala tomada por manequins e inúmeros tecidos, a cada passo trêmulo os alunos lhe olhando fixamente com as expressões idiotas claramente querendo rir. Não sabia o que era pior, os de pena, ou de zoação, acabou sentando de qualquer jeito na cadeira onde dividia com uma aluna chamada momo, está que a olhou preocupada enquanto Shinsou enterrava o rosto nas mãos suadas devido ao nervosismo.

- Oi. - A garota com cabelos pintados de azuis cutucou o braço do arroxeado, o fazendo rapidamente se assustar e acabar se afastando, mesmo a mente lhe xingando por ter feito aquilo sem querer e com certeza ter o feito parecer ignorante. Mas ela pareceu não ligar. - Tá tudo bem? Bebe uma água sei lá.

- Eu tô bem. - Respondeu baixinho e Momo assentiu, logo voltando a prestar atenção na aula. Shinsou sentiu o peito doer pela impressão de ter parecido rude, acabou soando apenas na mente agitada um rápido "Me desculpa."

Mas no fundo Hitoshi sabia que Momo foi a responsável por falar mal dele pelas costas, debochando como o arroxeado era metido e arrogante por ter pais gays e ricos.

Só conseguia se desculpar mentalmente como um tolo por aquilo nunca ter sido de propósito e somente a sensação de estar numa sala lhe fazia querer chorar compulsivamente.

Porém obviamente ele parecia arrogante ao evitar olhares, desviar das pessoas, demorar pra responder ou resolvendo apenas não o fazer, já não bastava os próprios pais para lhe julgarem. Era tão cansativo precisar pedir desculpas por causa de seu medo, sua fobia.

Queria que Mina estivesse no primeiro ano e não no segundo, fora de cogitação, se contentou em pegar seus matérias em silêncio e apenas prestar atenção na aula, mas uma pequena vibração no celular lhe fez pegar o aparelho e desbloqueá-lo por debaixo da mesa.

Alienqueen: EAI COMO FOI LÁ??

Ficou estático quando acabou lembrando do que realmente aconteceu, merda. Olhou rapidamente ao redor e pro lado de Momo pra chegar se estava sendo observado e começou a digitar hesitante no celular.

You: o cara da outra noite tava lá

Alienqueen: QUE?

Alienqueen: NEM FODENDO

Alienqueen: ME CONTA ISSO AGORA

You: Eu tô em aula
You: Depois

Alienqueen: HITOSHI SHINSOU EU TENHO PRESSÃO BAIXA VOLTA AQUI

Bloqueou o celular.

Massageou as têmporas demoradamente, um suspiro baixo escapando dos lábios quando sentiu a cabeça começar a tremer pelas memórias, as malditas memórias de sábado que foram capazes de o fazer estremecer. E naquele maldito carro que a situação poderia ser facilmente evitada se não tivesse sido deixado de lado pelos pais. Não parecia nada de novo. Tentou esquecer. Focar apenas na aula que tanto amava, especificamente tentar esquecer ou ignorar as inúmeras mensagens da melhor amiga chegando no celular. Mas, quando se rendeu a deixar seu desenho e olhar pelo canto dos olhos, franziu o cenho assim que encarou a tela de bloqueio.

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