Capítulo 16

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Um dia antes

Shinsou não estava pensando direito, seu cérebro por si só parecia ter desligado, e corpo pareceu reagir somente a uma coisa, se jogar daquela sacada.

E, ele realmente estava disposto a fazê-lo, apenas um pequeno impulso seria o suficiente, contudo, ouvir a voz quebrada de Kaminari ecoando desesperada o fez sentir vontade de chorar. Não queria que ele chorasse, e percebeu que pior do que aquilo, Shinsou passou a fazê-lo lembrar das próprias tentativas de suicídio.

Os sentimentos pioraram, só resolveu desistir da ideia para não machucar mais o loiro, mas sequer perceber já ter sido carregado pelo mesmo. Ele poderia ficar ali, em seu colo recebendo carinho e palavras de que ficaria tudo bem, se tudo não tivesse voltado a tona, e pegando seu celular, Shinsou saiu daquele apartamento com o coração batendo forte contra o peito.

Não olhou pra trás, não ouviu Denki grita-lo, sua visão embaçada não o permitiu ver um policial que foi responsável pela abordagem do loiro, ele já estava longe, chorando desesperadamente enquanto se perguntava se nunca seria feliz na merda daquela vida.



Quando Shinsou chegou em casa, batendo a porta fortemente, assustou os pais que jantavam junto a Eri na cozinha. Todos os olhares voltados a si estranharam ver o filho mais velho mais velho correr até o quarto e se trancar no próprio cômodo, as costas deslizaram pela porta e um choro baixo deixou seus lábios enquanto escondia o rosto nas pernas próxima ao joelho.

— Shinshin? — Eri rapidamente se levantou, indo ao encontro da porta e batendo diversas vezes sobre a madeira. — Ei, o que aconteceu?!

— Pelo amor de Deus, não sei mais o que fazer com esse garoto. — Mic suspirou com as mãos postas sobre a cabeça, Aizawa franziu o cenho, hesitante se fazia alguma coisa pois não estava tendo certeza caso aquilo era birra ou algo mais preocupante.

— Pelo amor de Deus você, pai! — A caçula exclamou irritada. — Parece que nem ama seu filho, droga!

— Eri, você sabe que eu o amo. Mas essas birras dele estão fugindo do controle.

— Não é birra pai!

O arroxeado tampou os ouvidos, o corpo ficando mais encolhido ao sentir as vozes lhe machucarem, e precisou se arrastar até a cama para se enfiar debaixo dos cobertores.

Eri continuou gritando com Mic, o silêncio de Aizawa o irritava, tudo estava o irritando, até a voz da própria irmã subindo o tom dez vezes mais. Ele sabia que ela a defendia, mas o peito subindo e descendo rapidamente mostrava seu nervosismo junto a dificuldade de respirar. Queria gritar, vomitar até os órgãos saírem e se cortar até todo o sangue deixar o corpo.

Dane-se se estava tendo uma crise, no momento ele só desejava a morte.

Tentou dormir após uma hora, o que foi em vão. Já havia deixado a palma da mão sangrando com as unhas de tanto que forçou a mão fechada contra elas, quando pareceu ouvir uma voz baixa lhe chamando. Pensou ser Eri novamente, e já estava pronto para mandá-la embora, quando outra se fez presente:

— Shinsou, sou eu a Mina. Eri me ligou. — A rosada sussurrava, parecendo preocupada. Hitoshi arregalou os olhos, não acreditando no que estava ouvindo. — Deixa eu entrar vai? Por favor.

Merda, ela continuaria até que abrisse. Eri não deveria ter feito aquilo, não queria ver ninguém, muito menos a rosada. Contudo, um lado ingênuo seu ouvindo preocupação na voz da rosada o fez  e levantar, os dedos enxugando os olhos úmidos e inchados pelo choro, foi até a porta, e a destrancou.

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