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Quando voltei para o apartamento, eu ainda estava com as palavras de Noah rodando na minha cabeça. Sentei no sofá ainda com a carta na mão, eu estava pensando demais, o que eu não sabia se era um bom sinal. Lavínia sempre me dizia que pensar não era uma coisa ruim, o problema era quando os pensamentos eram maiores que a nossa capacidade de controlar eles. E naquele momento, meus pensamentos eram a única coisa que me controlavam.
— Ah, você tá aí- ouvi a voz do meu irmão, mas não consegui olhar para ele— Sina, o que foi?
Não respondi, fechei os olhos e joguei minhas costas no sofá. Senti Josh pegar a carta da minha mão mas nem tentei impedir, não tinha forças para fazer isso. Ouvi meu irmão chamar minha cunhada e começar a cochichar com ela, abri os olhos no exato momento que Any me encarou.
— E agora?- ela estava nervosa— vai! Por que você ainda está aqui??? Vai logo antes que a mãe dele ou a ex maluca apareçam!
— Foi a ex maluca que me entregou essa carta- falei dando uma longa respirada— e ela não é maluca, é sozinha.
— Igual você- Josh sussurrou, quase fiquei ofendida, mas era verdade— assim que eu a vi pela primeira vez, lembrei de você. É a mesma alma de garota solitária, menina que nunca se encontrou. Ela só queria ser amada, não é?
Meus olhos encheram de lágrima, balançei a cabeça afirmando enquanto um sorriso se formava no rosto do meu irmão. Ele se ajoelhou na minha frente e segurou minhas mãos, mas antes limpou as lágrimas que molhavam as minhas bochechas.
— Esse apartamento é pequeno demais pra você, não tem espaço pra sua cabecinha linda poder se reorganizar- ele sorriu— você ficou bem quando foi para Porto Alegre, mudou os ares, foi bom pra você, não foi?
— Eu tenho medo- sussurrei.
— Vai com medo mesmo!- Any disse ajoelhando ao lado do meu irmão, sorrindo para mim— vai, e se você perceber que não foi uma boa ideia, volta pra cá. Nós vamos estar aqui, com os braços abertos para abraçar você- o sorriso da minha cunhada acalmou meu coração.
Sorri com eles, sentindo meu coração se encher de alegria. Dei um abraço bem longo nos dois e chorei um pouquinho, mudanças davam medo e eu estava com medo. Confiança não me faltava, eu tinha certeza que qualquer lugar ao lado de Noah seria maravilhoso. Eu estava com medo de me perder de novo, acabar me afastando de mim novamente. Quando esses pensamentos começaram a me dominar de novo, meu irmão desfez o nosso abraço e colocou uma coisa na minha mão, fechando meu punho em seguida.
— Vou te dar a minha maior mala pra ajudar, vou deixar lá no seu quarto- Any disse sorrindo antes de sair pulando pelo corredor.
— Pai e mãe estão vindo pra cá amanhã, espere eles irem embora e conte sua decisão- Josh beijou minha mão antes de se levantar— está confiante?
— Estou- sorri expirando o ar e levantando na frente do meu irmão— confio em mim agora, e isso já é suficiente.
Josh estendeu a mão para mim, levantei minha mão também e bati na dele. Meu irmão estava confiando em mim, dava pra ver nos olhos claros dele. Quando nos abraçamos, eu soube que, caso nada desse certo na minha mais nova vida, eu poderia voltar para os braços daquele cara. Era reconfortante, mesmo que algo no fundo do meu coração me dissesse que tudo ficaria bem. Passei o resto do dia arrumando minhas malas com os meus amigos, meu irmão me deu duas camisetas dele, disse que era para que eu nunca o esquecesse.
— Eu vou... Vou preparar nosso jantar, ok?- Josh disse cabisbaixo— preciso de um abraço depois, por favor- vi ele sussurrar no ouvido da Any antes de deixar meu quarto, fiquei curiosa mas acabei nem perguntando o que era.
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Só 296 km
FanfictionQual a distância que o amor aguenta? Até que ponto você pode esperar por alguém? Várias coisas separam amores verdadeiros, a mentira, traições, ilusões... Sina e Noah nunca precisaram pensar naquilo, pois tinham tudo o que queriam e precisavam: um a...