34- Você não vai ficar sem mim de novo

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Noah Urrea.

— Tem um homem fumando enquanto apoia o corpo no semáforo. Ele está de terno e gravata, carregando uma pasta na mão esquerda. O que isso te lembra?

Sina virou para mim sorrindo, sorri de volta e terminei de entrar no quarto, me aproximando mais dela. Coloquei as mãos na sua cintura e beijei seus lábios delicadamente. Ela não era uma ilusão, era a única coisa certa na minha vida, meu sonho que era realidade.

— Um clipe dos Beatles- Sina balançou a cabeça confirmando— ou do Zeca baleiro, também é válido- nós rimos e nos abraçamos.

Fechei os olhos e beijei a cabeça dela, sentindo o cheirinho do seu cabelo recém lavado. Sina sempre cheirava mar, apesar de que eu nunca havia cheirado o cabelo dela depois de um banho de mar (ela nunca tomou banho de mar, na verdade. A alergia era algo real). Creio que eu associei o meu cheiro favorito a minha pessoa favorita. Qual será o cheiro da minha irmã? Será que a mulher do salão gosta de cantar Zeca baleiro? Meu pai tinha cheiro de campo, e ele gostava de canta para mim.

Meu pai cantava.

— I will, dos Beatles.

— Oh, eu gosto dessa. Você me disse que era sua música preferida uma vez. Ainda é?- Sina levantou a cabeça— ei, o que foi?

— Tinha uma... Eu acho que...

— O quê? Você o quê?- senti Sina segurar minhas mãos até que eu estivesse sentado na cama— Noah, o que foi? O que--

— Tinha uma mulher cantando essa música lá em baixo. Eu ouvi, era... Era familiar. Era essa música, a música que meu pai cantava pra mim quando eu era pequeno- senti uma lágrima correr pelo meu rosto, mas Sina a limpou rapidamente— amor, era uma mulher, mas eu não quero acreditar que era minha irmã.

— Noah...

— Se for ela eu não vou me perdoar, porque fiquei tão paralisado que deixei ela ir- fechei meus olhos e senti Sina me abraçar— ela disse algumas coisas sobre distância, fiquei perdido, eu já estava perdido, foi... Achei que podia ser só coisa da minha cabeça, mas eu acho que ela estava lá. Acho que era a Linsey, e eu deixei ela ir embora! Deixei ela ir Si, acabou!

— Está tudo bem, vai ficar tudo bem- Sina beijou minha cabeça e continuou me consolando.

Desisti de tentar bancar o forte, deixei que minhas emoções tomassem conta e abracei minha garota de volta, aproveitando que com ela eu podia ser eu mesmo. Sem família, mas com muito amor para oferecer. Mas com ela, a minha menina especial e teimosa. Ela estava cuidando de mim, ela não fez perguntas, ela não implorou para que eu não chorasse porque não gostava de ver. Ela apenas me acolheu. De novo, eu não sabia mais o que sentir.
Eu odiava aquilo. Só queria uma certeza. Só uma. Qualquer uma...


Sina Deinert.

— Sente falta dos seus pais?

Noah e eu passamos o resto da tarde jogados na cama, nossos corpos ficaram entrelaçados, e eu fiquei feliz em perceber que nossos costumes não haviam mudado. Nossas pernas ainda ficavam entrelaçadas uma na outra, os braços dele ainda me abraçavam e me escolhiam como se eu fosse a coisa mais valiosa do mundo, e eu ainda amava dar beijos no seu rosto de vez em quando. O cheiro dele ainda era o cheiro dele. Mas percebi uma mudança, que talvez só eu tenha percebido. O silêncio, que poucos meses atrás era meu pior pesadelo, quando eu estava com Noah ele deixava de ser ruim.

Tudo era bom com ele por perto.

— Eles são estranhos- respondi a pergunta de Noah depois de pensar um pouco— pra ser bem sincera, acho que eles não nasceram para serem pais- Noah soltou uma risadinha, e mesmo sem vê-lo, eu soube que ele ainda estava triste— fico triste quando vejo o jeito que Josh olha para eles...

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