- Ainda tenho fotos do seu... humm, casamento- parei o carro na garagem e Noah e eu descemos.- Passo.
Caminhamos em silêncio até a porta da casa, ninguém tinha chegado ainda, mas não consegui entrar. Eu já havia imaginado tantas realidades onde Noah e eu morávamos juntos, e agora, eu estava na frente da casa onde ele morava com outra pessoa.
- É melhor...- dei um passo para trás quando ele colocou a mão na maçaneta- vou pra casa.
- Não!- Noah protestou e esticou o braço tentando me tocar- fica. Almoça comigo, eu não vou tentar nada, não faço nada, prometo.
- Eu vou te ajudar com a Linsey, vamos nos encontrar depois, mas...
- Tudo bem- ele sorriu fraco e abriu a porta- quando eu te vejo de novo?
- A gente se encontra- dei alguns passos para trás, sem cortar contato visual com Noah- a gente sempre se encontra mesmo.
Nós rimos fraco enquanto eu seguia me afastando, Noah entrava devagar dentro de casa mas nenhum de nós tinha coragem de se afastar completamente. Eu parei, Noah também parou. Meu coração parou. Fiquei presa no lugar.
Noah sempre foi mais expressivo que eu, ele não tem nenhuma dificuldade em demonstrar seus sentimentos sem que pareça algo estranho. O moreno se permitiu chorar um pouco ali na minha frente, eu amava o homem sensível que ele se permitia ser, sem medo de ser julgado. Quando namoravamos, eu vivia dizendo que queria ser como ele.
Eu ainda quero.
- Diz que você ainda sonha com o dia que seremos nós de novo- Noah pediu, abaixei a cabeça e sorri.
- Eu sonho.
Levantei a cabeça quando senti o corpo de Noah me envolvendo em um braço, não pensei duas vezes antes de devolver. Mal sabe ele que sonho todos os dias com o que fomos, o que poderíamos ter sido e o que vamos ser. É o que eu mais quero.
- Eu tenho que ir- foi a minha vez de dizer, mas, de novo, não me mexi para que isso acontecesse.
- Sim.
Apertei mais forte o seu corpo, uma lágrima minha caiu em seu ombro, mas Noah pareceu não se importar. Meu coração sempre se cortava um pouco nas nossas despedidas, eu sempre queria ficar mais um pouco.
- Tô ouvindo o carro- sussurrei e me afastei- tchau Noah.
Ele sorriu fraco e beijou minha testa por alguns segundos, levantei a cabeça e o encarei. Ouvi o carro mais perto e corri até o meu, escondido atrás de algumas árvores. Me sentei, me preparei para sair, mas não consegui. Talvez eu realmente seja masoquista, pois fiquei ali parada vendo Sabina pular no corpo do Noah e agarrar seu pescoço. Ele olhou para mim enquanto a segurava, e sussurrou um "vai", sabendo que era melhor para nós dois.
Foi o que eu fiz, andei por duzentos e noventa e seis quilômetros pensando onde havia sido o meu erro, onde eu pequei para merecer aquilo. Vi muitos erros, na verdade, eu não era uma pessoa legal antes do Noah. Egoísta, mesquinha e mimada. Nunca fui muito de pensar nas pessoas antes de fazer ou falar algo, mas precisei mudar, porquê Noah me fazia querer mudar.
Uma vez, aceitei o convite de Heyoon para ir em um bar, ela e Harvey adoravam sair, mas eu nunca aceitava, pois para mim os lugares que eles iam não estavam no meu nível. Eu sempre acreditava que merecia coisa melhor, me coloquei no lugar mais alto, onde todos eram inferiores. Perdi muito com aquilo, por isso nunca tive muitos amigos, só ficavam aqueles que me suportavam.
Foi a primeira vez que vi Noah depois do primeiro contato na praia, fiquei nervosa quando o vi entrar pela porta do bar. De novo, ele cumprimentou a todos e eu fiquei por último, mas na época aquilo nem me incomodou, nada me incomodava.
Eles conversavam enquanto eu bebia, cheia de tédio. Nada me agradava ou era bom o suficiente. Aquilo começou a mudar quando Heyoon e Harvey saíram juntos da mesa, me deixando sozinha com Noah. Fiquei envergonhada, óbvio, ele era bonito e desconhecido, qualquer um ficaria.
- Eu te fiz alguma coisa?- ele perguntou cruzando os braços em cima da mesa.
- Não.
- Então por quê você me trata como se me quisesse morto?- não consegui segurar a risada, que continha um certo tom de deboche- é sério, se eu te tratasse assim você voltaria pra casa chorando. Sabe, quando você não gosta de uma pessoa, você não sai com ela, é bem simples.
- Eu não...- fiquei calada, ali foi a primeira vez que eu tive um choque de realidade- eu não tenho nada contra você, é só o meu jeito.
- Esse não é o seu jeito- ele sorriu- você é melhor que isso Sina, eu tenho certeza.
- Como sabe tanto sobre mim assim?- cerrei os olhos.
- Sei reconhecer uma alma bonita quando vejo uma- Noah virou um gole de cerveja na boca, ainda sorrindo.
Me deu um ódio, eu quis tirar aquele sorriso do seu rosto, mas era tão lindo. Noah era lindo, sempre foi. Ele nunca deixava de sorrir, por mais que as coisas o irritassem ou se complicassem, seu sorriso parecia resolver tudo.
‐ Tente agora- ele apontou para o lado, onde vi uma garçonete se aproximar de mim.
‐ Desculpa pela demora, eu estava ocupada lá...- ela começou a se explicar, mas minha risada a interrompeu.
- Eu realmente não quero saber porquê você é tão incom...- olhei para Noah, ele olhava para a janela ainda com um sorrisinho idiota no rosto, como quem dizia "viu? Era disso que eu estava falando". Respirei fundo e me virei de novo para a jovem mulher ao meu lado- está tudo bem, me desculpe- ela sorriu envergonhada- eu só quero uma Pepsi gelada.
- Só isso?
- Só- suspirei- obrigada- a mulher saiu e eu encarei Noah de novo- você não estava certo, se quer saber, mas eu sei que estava errada.
- Dá no mesmo se você for parar para pensar.
- Então tá, sou uma pessoa ruim e você é melhor que eu?
- Eu não sou melhor que ninguém- ele parou de sorrir e ficou sério- eu nunca disse isso, pois sei que é mentira. A única diferença entre nós dois é que eu penso antes de falar, só isso. Me diz, você por acaso imaginou o quanto o seu exporro poderia magoar aquela moça? Não, você não imaginou. Mas está tudo bem, você é novinha, você aprende.
- Meu irmão...- abaixei a cabeça-... meu irmão vive dizendo que se eu não mudar meu jeito, vou acabar sozinha.
- Isso é mentira, porquê você não precisa mudar o seu jeito. Você é linda Sina, por dentro e por fora, não precisa mudar- sorri fraco e olhei para ele- sabe, eu posso me acostumar ao seu jeito, se você quiser- Noah riu e segurou minha mão em cima da mesa- não precisa mudar.
E ali eu entendi, eu não era uma pessoa ruim, apenas alienada nos próprios interesses. Noah passou a me ensinar durante meses os reais sentidos da vida, a humildade, o carinho, amor, respeito... Meus pais fizeram um péssimo trabalho como pais, Noah dizia que tudo o que aprendera foi com o pai, e eu acredito.
Agora, no presente, eu precisava focar em Noah, o que não era muito difícil. Eu ajudo a encontrar sua irmã, e de quebra, passo mais tempo com ele, o que é praticamente medicinal. Vou sair ganhando, de qualquer modo, deve ser melhor pensar nele estando com ele. Mas apenas isso, nada mais.
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EU SUMI, ACEITO A MINHA CULPA MAS POSSO EXPLICAR!
Tô escrevendo uma história nova (estou amando, por sinal), minha criatividade está toda voltada nela, por isso, me perdoem.
Espero que tenham gostado, vou tentar voltar como eu era antes.
O que acharam?
Amo vcs!
Bjos, Mary🖤☀️
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Só 296 km
FanfictionQual a distância que o amor aguenta? Até que ponto você pode esperar por alguém? Várias coisas separam amores verdadeiros, a mentira, traições, ilusões... Sina e Noah nunca precisaram pensar naquilo, pois tinham tudo o que queriam e precisavam: um a...