29- Não é você que sente saudade da pessoa que mais te amou.

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Demorei uma eternidade para encontrar uma roupa que me agradasse, não que eu me importasse com o que os outros iriam pensar, a única coisa que me preocupava era parecer desleixada demais naquele hotel tão fino. Optei por uma calça moletom preta, que não era totalmente folgada nas pernas. Vesti uma blusa listrada branca e preta e amarrei o cabelo em um rabo de cavalo alto, assim eu me sentia bem, então estava tudo bem.

Peguei o elevador e consegui encontrar o restaurante, o café da manhã ainda estava disponível. Peguei um prato e me servi com algumas frutas, peguei uma xícara de café mesmo sabendo que eu pegaria mais. Sentei sozinha em uma mesa, procurei Noah com os olhos mesmo sem querer. O encontrei com seu fone de ouvido, concentrado mexendo em seu computador. Ele também estava com a sua câmera na mesa, tudo o que eu quis fazer foi me levantar e ir sentar com ele, mas não tive coragem.

Quando eu menos esperava, Noah levantou a cabeça e olhou diretamente para mim. Levei a xícara de café até a minha boca e esquivei os olhos, só voltei a ver Noah quando ele se aproximou de mim e sentou na minha frente.

Por que ele era tão bonito?

- Me fala que você não pediu champanhe no quarto- ri fraco e neguei balançando a cabeça- eu estava pensando...

- Você pensa, uau!- brinquei e Noah me estirou a língua- continua.

- Se a Linsey é mesmo minha irmã, ela também deve gostar de arte, concorda?

- Concordo.

- Então nós podíamos ir para lugares que atraíram ela, a cidade é cheia de exposições, teatros, festivais de cinema nacional, feiras de livros... Acho que nos demos bem Si, viemos para o lugar certo- soltei uma risadinha envergonhada e abaixei a cabeça.

- Acho que sim- o encarei, senti meu rosto esquentar quando vi que ele me encarava também- Noah...

- O que foi?- ele encolheu os ombros e riu- posso te fazer uma pergunta?- afirmei de novo, terminando de mastigar meu morango- você acha que a Linsey vai gostar de mim?

A cena era terna. Noah juntou os braços sobre a mesa e encostou o queixo em cima, enquanto me olhava esperando uma resposta. Seus olhos brilhavam esperançosos. Apoiei o cotovelo na mesa e o queixo na palma das minhas mãos, admirando o quanto Noah podia parecer vulnerável de vez em quando.

- Ela vai adorar você- eu falei em voz baixa- eu acho que vocês serão melhores amigos...

- Sério?- sorri com a sua animação- vai ser legal ter uma amiga.

- Ei, eu sou sua amiga- o homem riu e escondeu o rosto de mim- não tem graça, se eu não sou sua amiga...

- Calma Deinert- ele segurou minha mão e voltou a olhar para mim, tentei não surtar quando percebi o carinho que ele estava fazendo na minha mão com o polegar- se ser seu amigo é o único jeito de te ter por perto, eu não vou recusar.

Olhei para as nossas mãos juntas, aquela felicidade que eu só sentia quando estava com Noah me invadiu de novo. Apertei sua mão e também, mas não tive coragem para olhar nos olhos dele. Assim estava bom, só um leve toque fazendo meu coração se encher de alegria. Era tão estranho, eu estava feliz com tão pouca coisa, mas mesmo assim, aproveitei.

- Podemos ir até a biblioteca hoje- propus, mas acabei falando mais baixo que o esperado.

- Claro- Noah abaixou a cabeça até entrar no meu campo de visão, tirei os olhos de nossas mãos e olhei para ele- é uma boa ideia.

- Então eu... eu vou me arrumar.

- Você tá linda assim- ele sorriu, sorri envergonhada- pode me esperar na recepção enquanto eu calço um tênis? Ou quer ir comigo pro meu quarto?- abri a boca, incrédula, enquanto Noah caía na risada.

Só 296 kmOnde histórias criam vida. Descubra agora