15- Eles não sabem em quem eu realmente penso.

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Noah Urrea

As pessoas dessa cidade realmente não ligam nem um pouco para mim. Antes que eu pudesse acordar direito, já tinha gente entrando e saindo do quarto. Com gente eu quero dizer Sabina, Joalin e o namorado babaca da Joalin, Felipe. Tenho certeza que é ele que não para de bater a porta, a melhor decisão que tomei foi levantar revoltado e trancar aquela merda.

- Amor! Preciso pegar outro sapato!- Sabina deu vários tapas naquele pedaço de madeira.

Levantei e abri de novo, mas logo me joguei na cama e tampei o rosto com um travesseiro.

- Vai receber nossos convidados assim?- Sabina tirou o travesseiro de mim- anda logo meu "pitico", temos que receber os nossos amiguinhos- levei dois minutos para processar que ela estava realmente apertando as minhas bochechas e fazendo voz de bebê.

- Você não está ocupada?- virei o rosto e levantei da cama.

- Eu estava escolhendo a minha roupa, o que achou?

Ela estava realmente bonita, ninguém pode negar. Seu vestido preto estava bem colado no seu corpo, e eu não dava duas horas para ela se desfazer dos saltos nos seus pés. Ela era linda, só não mais que a loirinha que domina a minha cabeça. Sabina tenta me beijar, dou selinhos á ela, porquê as vezes é o máximo que consigo. Não posso beijar outra pessoa pensando na Sina, não é justo com ninguém.

Faz três dias que não nos vemos, achei que nossa nova fase seria diferente, mas não. Sina não fala comigo, não sei se ela quer manter a proximidade, ou se prefere se afastar de vez. Talvez eu não saiba da resposta porquê não tenho coragem de fazer a pergunta, eu realmente não quero ouvir da sua boca que ela não me ama mais.

- Você... tem falado com a...- Sabina nem me deixou terminar de falar.

- Sina! Você não vai acreditar, ela vem hoje!

- Ela o que??

Se Sina está vindo para Caconde, ela me quer por perto assim como tínhamos dito um para o outro. Mas isso também pode ser uma coisa ruim, ela pode vir mas ignorar a minha presença. Eu não devia ser tão medroso, na verdade eu não sou, mas quando o assunto é a Sina as coisas mudam.

- Ela vem, você gosta dela né?- balançei a cabeça afirmando e cortei contato visual com a Sabi, meus olhos são bem indiscretos, eles gritavam para quem quisesse ouvir:

SINA!

- Que bom, ela está vindo e vai trazer amigos- gelei, se seu amigo fosse um cara loiro que me odeia eu precisaria dar um jeito de não ir nesse almoço.

- Filhota, seus primos chegaram!- Fernanda gritou do andar de baixo, Sabina roubou um selinho meu e saiu correndo para fora do quarto.

Tomei um banho, mas era horrível fechar os olhos, tem sido assim desde que me separei da Sina. Meu coração quebra um pouquinho todas as vezes que eu lembro dela, é como se nunca parasse de trincar. Eu merecia, em parte. Não me importo de sofrer já que Sina passou anos sofrendo por minha culpa, é justo.

Mas seria melhor sofrer ao lado dela.

[...]

Não sei por quanto tempo, mas sei que dormir e acordei com calor, então deduzi que já estava na hora do almoço. O barulho que a minha barriga fez também me ajudou a chegar nessa conclusão. Resolvi descer antes que Wendy ou Sabina fossem me chamar, cumprimentei Lamar que estava sentado na escada e sentei ao lado dele, aceitei de bom grado a garrafa de cerveja que ele me ofereceu.

- Sua mãe já falou de você para três pessoas- ele comentou, me fazendo rir- como se sente sendo usado para o triunfo da sua família?

- Ridículo e usado- ele me deu um empurrãozinho, era seu jeito de dizer "sinto muito pela sua vida miserável".

Só 296 kmOnde histórias criam vida. Descubra agora