18- Nós não podemos fingir que ela não existe.

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Tenho fugido do Noah há alguns dias.

Desde que voltei de Caconde, não saí mais de casa. Isso faz quase uma semana. A única coisa que mudou é que agora Krystian vem me ver, e na maioria das vezes me traz bebidas. Meu irmão odeia, Any e eu adoramos.

- Fogos de artifício- Any disse.

Eu e ela estávamos com as cabeças deitadas nas pernas do Krystian, uma em cada lado e ele no meio do sofá. Fim da tarde de uma sexta feira, graças à Deus Josh ainda não estava em casa, e na situação que eu estava, eu nem me importaria muito.

- Tenho medo- falei e Krystian riu.

- Do que você não tem medo?

- Para- dei um tapa na barriga dele.

- Eu só bebi uma taça, mas tô tonta- minha cunhada levantou do sofá, mas logo caiu nele- bosta.

Krystian anunciou que iria embora, já que lá fora prometia cair um pé d'água. Os raios iluminavam o meu apartamento escuro, eu nem me importava mais, não tinha mais forças para pular de susto. Poucos minutos depois que o meu amigo saiu o celular da Any tocou, atendi depois de ver que era meu irmão.

- Hey loser- o barulho era muito alto do outro lado, tampei o ouvido tentando ouvir a voz baixa do Josh- você está em uma caixa??

- Escuta! Meu pneu furou, tô preso no centro, você pode vir me ajudar?

- Ah meu Deus, Any!- a morena saiu correndo da cozinha e se jogou do meu lado- Josh precisa de ajuda, você pode ir?

- Oi pedra- ela pegou o telefone.

Aquela ninja calçou o tênis usando só uma mão, pegou o casaco jogado no chão e saiu ainda falando com o meu irmão no telefone.

- Boa sorte!- gritei, mesmo sabendo que ela não escutaria.

Dei um pulo no sofá depois de ouvir um alto trovão, talvez não tenha sido uma boa ideia ficar sozinha em um dia de tempestade. Creio que nunca estive sozinha de verdade, quando eu não estava com Josh, tinha o fantasma do Noah para me perturbar e fazer compainha.

Fechei um pouco as janelas, mas não tudo, porquê eu odiava ficar em lugares muito fechados. Quando passei no corredor para pegar um casaco, a luz não acendeu como de costume. Ótimo! Sozinha e no escuro, que maravilha. Recolhi todas as velas que achei e espalhei pela casa, não que tenham ajudado muito, mas pelo menos eu não bateria mais o dedo na mesinha de centro.

[...]

Passei um café, meu celular estava descarregado e eu não fazia ideia de quanto tempo tinha passado desde que Any saira. Encolhi minhas pernas e me ajeitei no sofá, eu estava confortável e calma, até ouvir um soco na minha porta.

- Mas o que...- deixei meu café e abri a porta- Noah!!

O homem estava ensopado, sua blusa preta estava colada em seu corpo e seu cabelo caído no rosto. Assim que abri a porta ele sentou no chão e colocou a mão na barriga, me ajoelhei ao seu lado e tentei o ajudar a levantar.

- Espera- ele pediu ofegante- Josh está aí?

- O que?? Não!- passei seu braço pelo meu pescoço- vamos lá Noah, me ajuda.

Contei até três e nós levantamos, meu vestido azul claro já estava ficando molhado, não tanto quanto Noah, mas estava. Ele gemeu de dor enquanto eu o sentava na escada, deitou a cabeça para trás e pressionou mais a mão na barriga.

- O que foi?? O que você está fazendo aqui??

- Caí com a moto- ele tirou a mão de onde estava e levantou a blusa- queimou, no motor, e...

Só 296 kmOnde histórias criam vida. Descubra agora