6- Você não é e nunca foi meu.

2K 260 150
                                    


Vou matar o meu irmão, isso é certo. Depois que consegui me recompor, peguei meu telefone e liguei para o Josh, mas Any atendeu:

- E aí Si? Como foi?

- Any!- voltei a chorar, não sei nem como consegui parar em algum momento.

- Josh, vem aqui!- ela gritou- Sina, o que foi?

- Era ele Any, ele que... Noah...

- O que foi?- ouvi meu irmão gritando também.

- A Sina.

- Si?

- Eu te odeio!- consegui parar de chorar só para gritar, mas depois as lágrimas voltaram a escorrer- eu vou matar você, seu verme!

- Tá, tá, depois. Explica o que aconteceu!

- O Noah era o noivo Joshua! Eu acabei de tirar fotos do casamento do Noah!

- O que??- meu irmão e minha recém amiga perguntaram.

- Josh corre, porquê eu vou matar você- respirei fundo e fiz meus dedos massagearem o lado da minha cabeça, a enxaqueca estava chegando.

- Ele era o noivo?

- Sim, sua anta! E eu era a fotógrafa com cara de idiota!

- Respira Sina Maria, eu...

- Você nada! Cala a boca e passa para a Any.

- Estou aqui- a garota falou.

- Não sei o que fazer, eu acho que vou desmaiar mas não posso desmaiar porquê preciso trabalhar mas não posso...

- Calma Si, uma coisa de cada vez. Bebe água, respira, tenta manter a calma. Você vai conseguir trabalhar amanhã?

- Não posso deixar Sabina na mão, ela... está confiando em mim- apesar de tudo, ela não tem culpa de nada, eu espero- posso falar da minha alergia!

- Não brinca com isso, você pode morrer- meu irmão alertou, eu acharia fofo da parte dele se eu não estivesse sentindo vontade de matá-lo.

- Eu vou morrer de desgosto!- berrei de novo, no momento não me importava se ele ficaria magoado.

- Já chega Sina- Any interferiu- fique firme aí, toma cuidado com essa alergia. Amanhã quando você chegar nós vamos estar aqui.

- Obrigada Any, sério- sequei minhas lágrimas e consegui sorrir, meu coraçãozinho estava um pouco remendado.

- Não há de quê, fica bem.

- Beijo- desliguei o celular.

Tirei meu tênis e nem me dei o trabalho de tirar o vestido, o remédio para a alergia me dava sono, eu já podia sentir meus olhos caindo. Era melhor dormir mesmo, dormir para tentar esquecer.

[...]

Adivinhem? Não consegui dormir. Meus estômago estava revirado, e nem o remédio estava me fazendo dormir. Noah não saia da minha cabeça, nunca saiu, mas agora tudo estava mais intenso. Decidi levantar para dar uma volta na praia, o relógio marcava três horas da manhã e eu ainda podia ouvir a música da festa.

Coloquei meu tênis e saí do quarto, comecei a andar sem rumo pela areia, eu só queria que tudo aquilo acabasse. Vi de longe uma pessoa sentada, o homem abraçava seus joelhos e tinha o olhar fixo para o mar. Era Noah, eu reconheceria de qualquer jeito.

Ele parecia tão desolado quanto eu, e aquilo me fez voltar a chorar. Não sei o que é pior, vê-lo triste ou não se importando, eu realmente não sei o que dói mais. Eu quero distância, porquê as mentiras são demais para aguentar. Mas eu quero abracá-lo, grande parte da dor que eu estou sentindo é saudade, uma saudade que dói mais ainda por ter Noah tão perto e não poder fazer nada.

O vento frio jogou meu cabelo para o lado, alguns fios grudaram no meu rosto por culpa das lágrimas, mas eu não me importei, porquê Noah olhou para mim no mesmo instante. Meu corpo teve um sobressalto, dei meia volta e voltei para o meu quarto. Mnha mão parou na maçaneta, eu não tinha força nem vontade para virar ou entrar no quarto. Pensei no que aconteceria se eu, ao menos por um breve momento de fraqueza, deixasse o meu sentimento maior me dominar.

O amor.

Era com certeza maior do que a dor, a raiva e qualquer outra coisa ruim que eu estivesse sentindo. Deixei que o amor me dominasse, virei de novo para trás, Noah estava a poucos metros de distância de mim. Olhei para ele, nós dois estávamos chorando, ele mais alto que eu.

- Sina- ele abaixou a cabeça, nunca vi Noah chorar tanto, estava doendo em mim.

Não aguentei e corri até ele, me joguei em seu peito e rodeei seu pescoço com os meus braços. Noah não demorou para cobrir as minhas costas com os seus braços, me apertando forte mas sem me machucar. Ele chorou mais, eu chorei mais.

- Eu não acredito que você está viva! Eu sofri todos esses anos Sina, com a culpa, a saudade- Noah parou para tomar fôlego- foram os piores anos da minha vida, como se eu tivesse morrido com você.

Fechei os olhos com força, eu também sofri muito esse tempo todo, e por culpa dele. Mesmo se essa história que ele estava contando fosse verdade, nada conseguiria apagar tudo o que eu passei. Não foi fácil, só eu sei o quanto doeu. Acreditar no que Noah dizia nunca foi tão difícil, seria como dar um passo para trás na minha tentativa de me reerguer.

- Eu morri Sina, quando eu pensei que tinha te perdido a minha vida acabou- deixei que ele continuasse falando e me abraçando, pois eu sabia que seria a última vez que isso aconteceria- mas agora acabou, podemos...

- Não podemos nada- não demorei a dizer, mas não consegui soltar seu corpo- você casou, e eu ainda não consigo acreditar nessa história, pra mim você ainda é um mentiroso.

- Sina...

- Como você acha que eu estou me sentindo?- me afastei, as mãos de Noah continuaram na minha cintura até que eu estivesse mais longe- foram cinco anos Noah, eu passei cinco malditos anos me culpando por ter perdido você, por não ter sido suficiente. Você tem ideia do que significa esse anel no seu dedo?

- Nada, não signifca nada para mim- ele se aproximou, mas eu recuei- Maria, por favor...

- Pra mim significa- afirmei- é a confirmação que eu precisava.

- De que?

- Você não é e nunca foi meu- entrei no meu quarto, dando um fim horrível naquele momento.

- Sina- Noah bateu na porta várias vezes, coloquei as costas contra a madeira e tampei a minha boca, tentando conter os soluços causados pelo choro- Sina, eu preciso... por favor Sina.

- Sai daqui Noah.

- Si...

- Sua esposa está te esperando naquela festa, vai.

Os acontecimentos seguintes fizeram meu coração desmontar:

Noah socou a porta, e eu me assustei.

Noah gritou, como eu nunca tinha escutado antes, e eu me assustei.

Abri a porta e vi Noah ajoelhado na areia, balançando os ombros de acordo com os soluços que escapavam da sua boca.

Fechei a porta de novo, incapaz de continuar olhando. A dor que eu estava sentindo já estava difícil demais para suportar.

____________________________________________
Dor no coração...
desesperada porquê tenho que fazer 25 coisas e o dia tem 24 horas.
O que acharam?
Amo vcs!
Bjos, Mary🖤☀️

Só 296 kmOnde histórias criam vida. Descubra agora