11- Eu não sou sua marionete.

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Almoçamos na mesa da cozinha, Noah mal comia, só brincava com a comida usando seu garfo. Aproveitei o nosso silêncio para pensar, e a minha conclusão foi bem óbvia, na verdade. Não posso nem quero trair a Sabina, ela não merece isso da parte do Noah nem da minha parte. Mas... tem um lado meu que gosta de ter ele por perto, aquele lado que sente muita falta e chora de saudade.

- Você vai mesmo mudar pra cá?- perguntei e Noah levantou a cabeça.

- Sabina gosta de Caconde, eu queria mudar... por sua causa.

- O que? Não. Noah, espera- afastei nossos pratos e coloquei minha cadeira mais perto da dele, já que a mesa era redonda. Segurei sua mão e encostei na sua aliança, demorei alguns segundos para me tocar do que eu estava fazendo- isso aqui diz muita coisa.

- Eu sei- ele sussurrou.

- Não podemos ter nada, estamos muito magoados e... tem a Sabina. Isso não é justo com ninguém aqui.

- O que você quer fazer?- boa pergunta- o que você quiser Si, eu só vou respeitar.

- Eu quero que você respeite ela, e nós dois também. Não vou negar, eu te odiei em alguns momentos durante esse tempo, mas agora eu não tenho porquê sentir nada. As coisas estão esclarecidas e diferentes, você está casado e eu estou... destruída.

- Eu também- ele colocou sua outra mão sobre a minha.

Ele estava tão mal quanto eu, os olhos do Noah estavam vermelhos e eu não vi ele parar de chorar desde que chegou no apartamento. Apertei um pouco mais sua mão, já que é o máximo que eu poderei fazer.

- Eu preciso ficar perto de você, não importa como.

- Noah...

- Si, a Sabina pode ficar com a gente, as coisas podem ser como você quiser, mas eu preciso de você de novo.

- Tudo bem- suspirei, eu também preciso dele- acho melhor você volta para a sua casa, Sabina deve estar...

- Ela está no salão, relaxa- Noah levantou ainda segurou minha mão, então levantei com ele- um abraço?

Sorri fraco em resposta. Fiquei na ponta dos pés e agarrei o pescoço dele enquanto as suas mãos rodearam minhas costas. Fechei os olhos enquanto o cheiro dele invadia meu nariz, eu sentia falta do meu garoto, muita saudade. O jeito que fomos afastados não foi justo, acredito que tudo tem uma razão para acontecer, mas não consigo parar de pensar em como as coisas podiam ter sido se fossem diferentes.

- Vou te deixar em paz, sei que você gosta do seu espaço- Noah segurou meus braços e beijou a minha testa por alguns segundos, não sei descrever se as lágrimas que escorreram do meu rosto eram de emoção ou de dor, mas deixei elas caírem.

Sorri quando Noah se afastou, seus olhos também estavam marejados. Dei a volta em seu corpo e abri a porta da casa, Noah recolheu sua carteira e a chave da sua moto em cima da mesa e saiu devagar, sem tirar os olhos de mim.

- Promete que não vai chorar hoje?- ele perguntou e eu ri fraco.

- Não te garanto nada.

- Tudo bem.

- Mas eu prometo não desejar que você quebre um dedo.

- Que horror- ele riu e chamou o elevador, ficamos em silêncio até a porta de metal se abrir- até logo.

- Até- fechei a porta.

Eu não tenho um minuto de paz nessa minha vida.

Noah Urrea

Só 296 kmOnde histórias criam vida. Descubra agora