28- Não é novidade que eu ainda te amo

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- Ei, posso te mostrar uma coisa?- abri meus olhos lentamente quando Noah me chamou.

Eu estava ouvindo música usando só um dos fones, então o escutei de primeira. Vi Noah tirar o casaco que estava no banco do meio e jogar para o banco onde estava sentado antes, ao mesmo tempo que pulava para ficar ao meu lado. Ignorei o leve sono que eu estava sentindo e dei toda a atenção possível ao seu celular, que estava aberto no perfil da suposta Linsey.

- Estamos indo para Porto Alegre, certo? Você acha que tem alguma possibilidade da Linsey morar lá mesmo? Ou nós teremos que ir de cidade em cidade...

- Em pensei em uma coisa- o interrompi receosa- podíamos procurá-la em bibliotecas, por exemplo. Não acho que existem muitas pessoas com o mesmo nome e sobrenome que o dela, e já que estávamos indo para Porto Alegre, começemos por lá.

Noah sorriu para mim, não consegui evitar olhar no fundo dos seus olhos, sentindo minha bochecha formigar. Eu tinha idade suficiente para não ficar mais envergonhada com alguém que eu amava. Porque eu amava ele. E o amor era tão grande, que doía ter que segurar a vontade de abracá-lo ou beijá-lo, mas eu precisei deixar que doesse. O papel de amante não é pra mim, então eu seguiria forte na minha decisão de manter a minha dignidade.

- Você tá bem? Confortável?- ele perguntou baixo enquanto ainda nos olhávamos.

- Tudo bem Noah- sorri fechado e deixei um bocejo escapar.

Abri a pequena janela ao meu lado, mas a luz estava muito forte, então a fechei rapidamente. Fechei os olhos e voltei a prestar atenção na música que ainda passava no fone de ouvido. Era "Mercy", do Shawn Mendes. A única coisa que me veio na cabeça foi como aquela canção ficaria bonita na voz de Noah, eu sentia falta de quando ele cantava para mim. Eu sentia falta dele, mesmo o tendo ao meu lado.

[...]

- Si?- Noah apertou meu ombro delicadamente enquanto eu abria os olhos devagar.

Me estiquei na poltrona e coçei os olhos antes de levantar, Noah pegou minha bolsa e esperou que minha alma tivesse voltado para o meu corpo. Saímos da aeronave e de cara recebi uma rajada de vento frio, o que fez com que eu apertasse meus braços e, sem querer, me aproximei mais de Noah. Ele sorriu e tirou seu casaco preto, o colocando em meus ombros e me guiando até a porta do aeroporto.

- Noah Urrea, você tem planos de morar aqui para o resto da vida?- perguntei surpresa quando Noah pegou sua terceira mala da esteira, enquanto eu já tinha pego a minha há muito tempo.

- Fica tranquila Sina Maria, não existe a menor possibilidade de você ter que ficar presa comigo nessa cidade- o rapaz sorriu terminando de colocar nossas coisas no carrinho, ele ainda estava com o rosto um pouco inchado, como de quem acordara contra a própria vontade.

Vesti seu casaco do jeito certo em meu corpo enquanto caminhávamos para fora do grande aeroporto, vi Noah mexendo em seu celular rapidamente quando saímos do lugar, fui empurrada por várias pessoas que caminhavam com pressa, indo e vindo por todos os lados. Há muito tempo eu não via tanta gente em um lugar só, confesso que a sensação não foi boa, eu sempre tive um sério problema com lugares cheios de gente ou muito barulhentos.

- Tudo bem?- Noah virou meu rosto para sua direção, delicadamente. Arrumei a postura, tentando parecer mais confiante, e sorri fechado- vamos lá, nosso carro está ali- segui a direção que seu dedo apontou e vi o carro, tive uma certeza:

Noah planejou aquilo muito bem.

Um lindo e longo carro preto estava estacionado ali. Vendo aquele carro, o meu humilde HB20 branco chorava no banho. Ajudei Noah a colocar algumas malas na parte de trás do carro, mas depois cansei e me afastei devagar, para que ele não percebesse que eu estava deixando ele fazer todo o trabalho sozinho. Me abaixei um pouco e olhei para dentro do veículo, ficando ainda mais surpresa. Os bancos eram de um couro claro, vários botões no painel de controle e uma grande tela.

Só 296 kmOnde histórias criam vida. Descubra agora