19- Por quê eu não posso ser feliz de novo?

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Dizem que errar é humano, mas persistir no erro é burrice. Enquanto eu terminava de limpar o machucado do Noah depois do nosso beijo, eu pensei seriamente no que deixamos acontecer. Não iria se repetir, foi um momento de fraqueza que não aconteceria de novo. Errar é humano, errar duas vezes é burrice e nesse caso, maldade.

- Não fiquei martirizando por isso- Noah segurou minha mão.

Ele estava "deitado" na escada, sua queimadura estava feia, então fiquei molhando a região por mais ou menos quinze minutos. Passei metade desse tempo apenas olhando para Noah. Me odiei por estar gostando daquilo, mesmo sabendo que era errado. Minha avó dizia que eu tinha o dom da santidade, mas no momento eu me considero o próprio diabo.

- Nunca mais Noah- falei depois de cobrir sua ferida com uma gaze- isso... nós... nunca mais.

- Nunca mais é muito tempo- ele sentou, ficando mais perto de novo.

Muito perto. Muito perto. Muito perto.

- Eu vou me separar dela, só estou esperando...

- O que?- inclinei a cabeça um pouco para o lado, curiosa- o que você está esperando?

Noah abaixou a cabeça e segurou meu queixo com a ponta dos dedos. Ele só parou de me tocar quando pegou a toalha e secou o meu rosto, olhando para mim fixamente. O pano passou no meu peito, onde estava molhado já que Noah havia se apoiado em mim. Seus olhos seguiam seus próprios movimentos, ele parecia incapaz de olhar para mim. Então, foi a minha vez de tomar uma atitude afrontosa. Levantei seu rosto delicamente, descansando minha mão na sua bochecha.

- Você a ama?- perguntei, mas não ouvi a minha voz, então repeti a pergunta- você não terminou com a Sabina... porquê a ama?

- Não- Noah respondeu firme- eu não amo a Sabina. Não tem nada a ver com amor, são...- ele bufou e de novo, esquivou o olhar.

- Confie em mim- o forcei a me encarar, não sei de onde saiu toda aquela coragem- eu acho que estou pronta para ouvir o que você tiver para me dizer, qualquer coisa.

- Eu também estou assustado- ele confessou com a voz trêmula- muito. As pessoas dizem que eu me tornei uma pessoa ruim, que não sou o tipo de cara que alguém quer por perto, e eu entendo. Tenho medo de não ser mais alguém que possa te fazer feliz, e não vou sabe lidar com isso se for verdade, porquê é tudo o que eu sempre quis.

Suas palavras me pegaram de surpresa, eu realmente não esperava que por trás daquela máscara de cara forte tinha alguém tão... tão traumatizado quando eu. Mas quando vi as lágrimas caindo dos olhos dele, ali eu vi o meu garoto. Uma vez no sorriso, outra vez nas lágrimas.

- Sabina sabe lidar comigo, ou, sei lá, ela está aprendendo. Você não, meu amor- ele jogou o meu cabelo para trás do ombro, delicadamente- você merece algo melhor. Melhor que eu.

- Não quero mais ninguém- garanti e ele riu fraco- não sei exatamente do que você tem medo, porquê eu não tenho medo de você, nem um pouco. Eu não vejo nenhuma pessoa ruim aqui, agora. Eu só vejo você- sorri em meio a dor, porquê ainda doía.

- Tem certeza?- ele fechou os olhos.

- Absoluta. Eu quero você, mas não assim- Noah me encarou de novo, alarmado- não posso.

- Si...

- Não. Nós podemos ficar nessa, você vem aqui de vez em quando, eu vou lá, não sei... sem beijos, sem... sem amor de verdade, não até você ser um homem solteiro de novo.

- Você acha que eu vou suportar ficar sem você? Já aguentei cinco anos Sina, saiba que antes de te reencontrar eu estava quase...- ele parou de falar e se afastou de mim, ficando de pé na escadaria.

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