10 ° Revelação

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Eloá,

Em frente a uma casa de fachada toda branca e discreta, com um muro de uns 4 metros de altura, Donga pisca o farol da moto duas vezes seguidas e o portão preto, grande, de lata, se abre, revelando uma casa de arrepiar.

Os seguranças se detém do lado de fora e ele fecha o portão atrás de nós.

A primeira vista contemplo um quintal todo gramado, coqueiros na lateral do muro, plantas e umas luzes iluminando entre essas plantas. A casa - que pelo visto é do tamanho de um campo de futebol -, fica no canto esquerdo do quintal, se iniciando a uns dois metros da entrada do portão e terminando lá no fundo. Mas sei que ainda tem espaço lá atrás.

A garagem é do lado direito; somente uma cobertura. Facilmente cabem uns 3 carros, porém apenas uma Evoque branca está estacionada ali. Só pelo estilo da casa sei que ele não tem só essa Evoque.

Caramba! O lugar é lindo! Eu desço da moto encantada, olhando tudo, passada.

No fundo da casa consigo ver uma piscina iluminada. É muito azul e grande... luzes brilham dentro dela.

Há espreguiçadeiras debaixo de um pergolado de madeira, ao lado da piscina, tudo em cores claras. É incrível! A casa é perfeita, enorme!

- Gostou? - Donga pergunta atrás de mim, me tirando do transe.

- Nossa... é perfeita! É aqui que você mora? - Como se eu não pudesse acreditar, faço uma pergunta tosca, me reprimindo assim que a escuto em voz alta.

Óbvio que é a casa dele, sua anta!

Na minha imaginação acerto um tapa em minha própria cabeça.

- Um dos lugares... tenho outras casas. - Ele conta, sem esconder o orgulho.

Como diria uma menina da minha turma: "Macacos me mordam, ele deve ser muito rico!"

Lembrar das vezes em que ela falou isso, e eu quase me engasguei de tanto rir, me faz rir agora.

- Coé? Tá rindo do quê? Aqui eu vivo melhor que muito artista, pô! Tudo no meu nome! - Cheio de marra e superioridade, ele sorri.

Tenho certeza que esse tom esnobe é porque ele pensou que eu ri da cara dele. Deixo ele se remoer ou conto a verdade? Hum...

- Desculpa. Não ri de você, só lembrei de uma coisa idiota... - Passo uma mecha de cabelo para trás da orelha.

- Lembrou do quê? - Sua sobrancelha faz uma perfeita curvatura especulativa.

Sinto uma pontada de insinuação de sua parte. Não consigo entender o que ele quer com isso.

Eu retorno a minha postura defensiva.

- Agora que estamos aqui, você pode dizer o que tem para dizer e ser breve, por gentileza? - colocando uma mão sobre meu braço atravessado em frente a barriga, o incentivo com a outra mão a agilizar as coisas.

- Pô... - Ele faz uma expressão, deitando a cabeça de lado: confusão, divertimento, ofensa, tudo misturado.
- Qual teu problema comigo?

Me surpreendo com a pergunta. Ele é tão cheio de si, jamais imaginei que pudesse perguntar esse tipo de coisa.

- Vou pegar alguma parada pra gente beber.

Ele não me deixa responder o que ficou no ar, passa por mim e some porta de vidro adentro. Não tenho saída, por isso entro também.

A mesma reação que tive ao ver o exterior da casa, tenho ao ver o interior em cores escuras.

A copa é adjacente à cozinha americana e, juntas, formam o primeiro cômodo que se vê ao passar pela porta de entrada. Essa porta é de vidro, grande. Aquelas de correr. Em frente a ela encontra-se uma exagerada mesa com tampo de vidro branco e um jarro chique - que parece caro - em cima. No teto, acima dela, um lustre de cristais foi pendurado.

Love no Morro da Liberdade 1Onde histórias criam vida. Descubra agora