32 Briga entre irmãos

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Donga,

Fecho a porta e ando em sua direção.

Ela recua uns dois passos para trás, engolindo seco, evitando o inevitável.

Não era o que ela queria? Queria me ver puto. Tô putão, pô!

Tem uma parede onde termina a pia e ela se encosta nela, encurralada com a minha proximidade brusca.

— Não tô te entendendo legal não, sua vagabunda! Qual sua intenção com essa ceninha toda? Tava quase abrindo as pernas pro meu irmão pra me provocar? Tá maluca? - Pego forte em seu pescoço. Olho no olho, nariz com nariz.

Lapadas de vento saem conforme eu respiro pesado, fazendo uns poucos fios caídos no rosto dela voarem.

— Vai se ferrar! — Ela diz, sem alterar a voz, quase que calculadamente.

Não esperava uma reação dessas, normalmente ela tem medo, mas tá ficando topetuda.

Fecho mais minha mão, usando mais força, causando vermelhidão em seu rosto.

— Me enfrenta... me enfrenta que te quebro aqui mesmo! - digo, compelindo minha mandíbula.

Ela toca minha mão em busca de se libertar.

Não estou usando nem metade da minha força, me controlando pra não fazer merda com essa piranha.

— Eu que não te entendo! Não foi você mesmo quem disse que ele era o melhor para mim? Por que se importa se eu beijo ele ou não? Volta a se engalfinhar com aquela vaca e me deixa em paz! - berra e bate a mão no meu ombro, tentando me empurrar. Uma formiga querendo mover uma parede.

Todo o controle que ela lutou pra manter até então, desaparece.

Histérica, se agita para se soltar. O olhar cheio de ressentimento.

- Eu não te devo nenhuma explicação! Nada! Você não é nada meu, então tira suas mãos de mim! 

Não sou só eu que estou fodido com o que vi, ela também está. Estamos juntos e atolados nessa até o pescoço.

Desistindo ao ver que é em vão lutar, ela fecha os olhos, virando o rosto para o lado, pro espelho acima da pia.

- Você quer o que com o moleque?! Deu pra mim e agora quer dar pra ele, é isso?! Quer sentar pros dois, vagabunda?

Para se pagar de maluca, nem na minha cara ela quer olhar, bancando a vítima.

- Donga, me deixa... para com isso. - Pede, se enfraquecendo.

Pego em seu queixo com a mão que antes a enforcava, meus dedos cravados em suas bochechas, comprimindo sua boca e obrigando-a a me encarar.

- Abre esse olho! - exijo, esmurrando a parede ao seu lado. - ABRE!

Assustada, ela abre os olhos, quase escorregando pelo azulejo branco de pavor.

Dentro de mim o ódio se transforma numa parada diferente perante ao verde daquele olhar apavorado.

Gosto que ela saiba que quem manda sou eu e que a água corre conforme a minha vontade. O medo dela me alimenta, ao mesmo tempo, me excita.

Aperto mais suas bochechas e chacoalho sua cabeça, indignado pela confusão que ela me causa.

É uma mistura de vontade com bolação, com tudo!

Encosto minha boca na dela. Nossos olhos a milímetros, quase afundando uns nos outros; o coração pulando igual touro bravo no peito.

- Sai, Donga! Para! - Ela não se aquieta.

- Tô perdendo a cabeça por tua causa, sua pilantra... - Beijo sua boca num desespero do caralho, quase arrancando pedaço.

Love no Morro da Liberdade 1Onde histórias criam vida. Descubra agora