29 Agrado

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Eloá,

A última aula de psicologia social termina. Aleluia! Não aguento mais a faculdade.

Hoje finalmente é sexta e terei um descanso dessa vida acadêmica agitada. Amém!

Meu último fim de semana foi tão agitado, que só me lembrei de que a Mia estudava comigo, quando o taxista, amigo do Donga, me deixou em casa na manhã de segunda-feira.

Minha mãe me esperava como uma fera na sala e foi difícil inventar uma historia da carochinha para convence-la de que eu ainda não tinha me recuperado do trauma da dupla traição. Em decorrência disso, me enfiei na bebida para esquecer, passei mal e não tive condições de vir para casa.

Em partes, há um fundo de verdade. Eu me enfiei na bebida, mas a água não me deixou passar mal. Nem bêbada eu fiquei.

Minha mãe se espantou com a revelação de que agora eu bebo. Nunca foi uma proibição dela, e sim, uma escolha minha evitar o álcool. Então isso não causou maiores danos do que se eu contasse que perdi a virgindade com um bandido.

Naquela manhã, não fui para facul.

Minha mãe entendeu que eu ainda não estava preparada para lidar com minha ex melhor amiga traíra e não forçou a barra.

Como ando mentindo muito para ela, a culpa quase me explodiu, e para aliviar, contei que não sou mais virgem.

Sempre fomos muito amigas e confidentes uma da outra e sempre jurei que contaria a ela quando esse dia chegasse. Ela tinha um tempo antes de ir para o hospital e foi toda ouvidos.

Por supor que transei com o rapaz que sai, o "Samuel", ela não fez tantas perguntas. Deve ser esquisito para uma mãe pedir detalhes sobre essas intimidades da filha. Ela só me abraçou, feliz por eu confiar nela.

Me culpei por esconder a realidade dos fatos, mas é melhor assim por hora. Quando eu criar mais coragem, lhe conto toda a verdade.

Como uma boa enfermeira, ela quis ter certeza de que eu me preveni. Trinquei um sorriso e balancei a cabeça, sem poder se quer abrir a boca, de tanto remorso.

Tudo foi tão mágico, que nem me lembrei da camisinha. E não por falta de aviso. Minha mãe sempre me alertou.

Minha confiança no Donga foi tamanha, que nem questionei a falta do preservativo.

Isso não é correto, jamais. E agora posso inclusive ter contraído uma doença. Se bem, que pela quantidade de camisinhas usadas no quarto dele que vi, acredito que ele se previna com outras mulheres.

Talvez ele não sentiu necessidade de usar comigo por eu ser virgem e tal. Merda! Estou mesmo arrumando desculpas para essa vacilada de principiante?

Se eu fosse uma desinformada, ok, mas minha mãe é enfermeira e sempre me advertiu quanto aos riscos de transar sem proteção. Mas tudo bem, nada disso vai mais se repetir e eu não cometerei esse deslize outra vez!

Voltando ao tema Mia, Duda se informou na secretaria a respeito, porque ela também não apareceu na facul. Informaram que Mia trancou o curso. Sem o risco de ter que ver a cara dela novamente, voltei na terça para a minha rotina de universitária normal.

Como uma manada de elefantes em busca de liberdade, a turma toda se levanta antes mesmo do costumeiro " Bom final de semana, galera! Estudem!", do nosso dedicado professor Taciota.

Ele é um coreano baixinho, mas, no fundo, um típico brasileiro que ama uma cervejinha. Na facul comenta-se, que os alunos já o encontraram nessas boates da vida. Um belo quarentão, coreano, solteirão e apreciador de boates caras. Esse é meu professor.

Love no Morro da Liberdade 1Onde histórias criam vida. Descubra agora