84 Provocação...

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Elô,

Procuro pela Duda e a encontro no maior papo com o Danete. Humm... como assim, Brasil? O que eu perdi?

Talvez a briga amoleceu seu coração duro e arredio, e ela resolveu dar uma chance!

Assim que me aproximo, Danete se despede dela, dizendo: " aí, ela chegou! Não tá mais sozinha. Vou me adiantar, valeu? ". E se manda.

- Ahh, safadinha! - aplico beliscões em sua barriga, sorrindo sapeca e insinuando maldades. Ela verga o abdômen, revirando os olhos e disfarçando um sorrisinho.

- Nem vem! Estou de boa de bandido! - afugenta minhas mãos de si, assumindo um ar de durona. - Ele só me fez companhia enquanto tu não voltava. Eu não queria ficar sozinha.

Seus olhos não param quietos. É um sinal de vacilação, e gosto de detectar isso. Circundo seus braços com os meus, rindo e a empurrando de ré, balançando nossos corpos unidos e confidencializando alegremente em seu ouvido:

- Flagrei ele babando em você quando chegamos e lá na porta da casa do Donga! - confiro sua reação, recuando a cabeça. - Ele é gatinho, vai! - Provoco, e um brilhinho traspassa seus olhos. Mas ela logo se recupera, voltando a defensiva.

- Elô, sem chance! Nop, not, never, nana nina não, entendeu? - Se livra do meu aperto, correndo para procurar outro assunto em que focar. - Mas e aí, o que deu lá com Donga?

Meu semblante despenca.

- E aí que ele está se achando, né? Ficou rindo e tirando onda. Depois assumiu o papel de injustiçado, aquele mesmo papo de que vivo evitando ele. Falou que não sabia que a Jessy viria. Supôs que ela "tinha noção". - Imito suas palavras, num tom ácido. - Mas ele me paga! Hoje ele me paga, Duda! Você vai ver!

- Eu disse que vocês dois vão acabar se casando! Nunca vi casal mais complicado! - Ela ri, me avaliando.

- Casar? ATÁ! Depois de hoje, a única coisa que quero é voltar para minha casa! - até me empenho para ser convincente, embora nem eu mesma esteja convencida disso. - Temos que buscar mais bebidas; a minha desperdicei na cara daquela vaca!

Enquanto caminhamos até o bar, espreito o Donga perto da mesinha, junto do Cavera e outros. Ele fuma maconha e até arrisca uns movimentos despojados de dança, sorrindo descontraidamente e submerso no papo dos amigos. Bebe de seu copão de 700ml despreocupadamente.

Está todo felizinho, o maldito...

Deve estar se sentindo o disputado, o piru de ouro!

Se não tivesse sido tão prazeroso o tapa que dei na Jessy, eu me condenaria agora por dar a ele esse gostinho.

Me resta, no momento, mostrar que não me importo nenhum pouco com nada... Isso! Vou beber e me divertir também!

Anunciam que o Orochi vai entrar em breve, e Duda se vira para mim, me puxando mais ansiosamente pelo caminho.

- Aaaah! Vamos logo que eu quero ver o deuso do Orochi!

Quase torço meu pé, devido à pressa dela. Faltou pouco! Taí, por isso odeio salto!

De copão na mão, eu não quero arrumar mais confusão hoje, e tentamos encontrar um espaço próximo ao parapeito para assistirmos ao show do nosso amado Orochi. Quem diria que num dia de semana o baile estaria tão lotado, hein?

A primeira música cantada é "Amor de fim de noite". Duda e eu penduramos nossos braços no pescoço uma da outra e unimos nossas vozes a dele, prestando total atenção no show. É como se nada mais importasse. A música tem esse poder, nos tira do mais profundo buraco e nos eleva. Ninguém fica infeliz bebendo e participando de um megashow do Orochi.

Love no Morro da Liberdade 1Onde histórias criam vida. Descubra agora