37° Não sei...

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"Deixa eu mudar essa nossa história hoje
Vamos ser mais que amor de fim de noite
Eu posso fazer tudo, ser melhor do que da última vez
E fazer bem melhor do que seu ex um dia te fez
Basta você dormir comigo hoje
Me dá sua mão e me beija essa noite
Eu posso fazer tudo, ser melhor do que da última vez
E fazer bem melhor do que seu ex um dia te fez"

Eloá,

Após um sexo matinal maravilhoso - que começou lá na ilha da cozinha e terminou na cama do quarto do Donga -, é hora da parte dele do nosso trato ser cumprida. Devidamente recuperada do sexo, e enrolada num lençol, atiro minhas pernas para o lado da cama, escapando de seu braço forte que me prendia.

- Ou, tá indo aonde? - Ele sobe a cabeça acima do corpo, para me questionar.

- Agora é minha vez! Esqueceu do acordo?! - Aviso do banheiro, já pegando o antisséptico e um chumaço de algodão na gavetinha do armário da pia.

Donga não fica nenhum pouco contente quando volto molhando o algodão com o spray e sentando ajoelhada no colchão. Para ele a morte seria mais tranquila do que um simples remédio em seu ferimento. Esse é tamanho do ego masculino - tiro sim, cuidar de um ferimento bobo, não.

- Pronto! Olha ai que beleza... não mata, viu? Agora vai secar, e o melhor, sem inflamar. - Incorporo por um minuto minha mãe, bancando a enfermeira especializada. Sem perder a oportunidade de o sacanear, claro.

Ele para seus olhos nos meus por um instante - tenho a suspeita de que está pensando em algo não relacionando ao meu dom para enfermagem - enquanto pouso o algodão mais uma vez no ferimento com muita sutileza.

- Já deu! - atrela sua mão em meu pulso, evitando que eu use um novo chumaço que acabei de molhar com o remédio.

O brilho velado de seus olhos parecem derreter meus ossos. Ainda mais quando caio em cima de sua rocha, que outra pessoa chamaria de tórax.

- Tudo bem, foi um avanço por hoje, não vou pegar pesado. - brinco, lhe dando um beijinho rápido.

Donga é ainda mais divino pela manhã. Com essa carinha de bandido bolado então... Nunca entenderei o porquê ele não tentou uma carreira de modelo ou coisa assim. Ele tem uma beleza diferente dos outros bandidos daqui. Uma beleza rústica, máscula e muito sedutora.

- Ontem fiquei puto, tá ligada, né? - Ele afina a linha de seus olhos, o tom cortante.

Evitei muito esse assunto, porque, definitivamente, me sinto uma egoísta do caramba.

- Eu também! - Não é tão fácil admitir sustentando seu olhar, por isso me distraio com o algodão na minha mão. - Te ver com aquela mulher me deixou possessa! - Suspiro. - Eu sei que a culpa foi minha, Donga...

- Tô falando de outra parada. Tô falando de você toda gostosa naquele vestido, vagabundo quebrando pescoço pra te olhar, tu toda lindona e não era pra mim. - desliza suas costas para cima no estofado da cabeceira, quase sentando na cama.

Seu olhar pula para a sacada, onde ele atravessa o dia claro lá fora, absorto. Consigo ver que tenta se auto-compreender. Meu instinto me faz querer mostrar a ele que não há motivos para se esquentar.

- Do que adianta eles me olharem, Donga? Com quem eu estou agora? Eu nem exergo mais ninguém na minha frente, nada!

Já que entrei na fase de expor meus sentimentos, que eu mergulhe de cabeça logo de uma vez. Não tem mais solução para mim mesmo...

Uma ameaça de sorriso presunçoso cintila em seus lábios. Penso que ele vai me beijar ou ser carinhoso como foi ontem, mas ele salta da cama.

- Vou tomar um banho! Depois a gente desce pra você alimentar essa lombriga ai no teu estômago! - segue nu para o banheiro, e lhe acerto uma travesseirada de longe.

Love no Morro da Liberdade 1Onde histórias criam vida. Descubra agora