Visões ao Crepúsculo

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Li certa vez que "a poesia só pode ser compreendida por poetas". Essa ideia, todavia, pareceu-me um tanto perturbadora, como apreciador que sou da boa poesia. De um modo, por parecer uma consideração um tanto elitista e, de outro, por sugerir certa inacessibilidade dessa linguagem às "pessoas comuns".
Acredito que ninguém começa a escrever seus poemas — ou mesmo ler poesia — julgando-se poeta. E assim foi comigo também... 
A trajetória até agora, que está em parte consolidada no longo Prelúdio às Visões, começa em versos da minha adolescência, que escrevia por motivações estéticas. Queria escrever algo que parecesse "legal" e não me achava um poeta e nem sentia a necessidade de tornar aqueles primeiros versos públicos. 
E assim foi até começar a publicar Prelúdio às Visões, registro da busca por minha própria voz poética
E por sua natureza preliminar — e não foi à toa que a chamei de Prelúdio — esta obra não é inovadora e nem tampouco experimental, mas um registro particular, cheio de erros e alguns acertos, em que vivi a experiência de construir a minha linguagem. Lutando contra as sombras em busca da luz. 
Do abismo — pois "também sou o abismo" —, trazendo à memória "os dias de alegria", adornados "por um corolário de ironias", para constatar que "sorrir é a melhor forma que inventamos para viver". Isso é um pouco dessa busca por trazer luz à existência, sentido, amor e glorificar à vida, mesmo em sua estranheza, em seus labirintos conceituais, paradoxos e, enfim, em sua totalidade... 
Curiosamente a imagem que escolhi para a capa, da Rua Augusta de Lisboa, representa bem esse percurso, desde a paixão que flameja no início deste caminho imaginário pela "língua-pátria" de grandes poetas, até atingir o céu estrelado que se estende além desse caminho. 
Por isso — e antes de "atingir a solidão gélida dos astros!" , —  vem esse lusco-fusco, essa zona limítrofe entre a esperança e a resignação, das Visões ao Crepúsculo
Sem esta caminhada longa não seria possível agora repousar na calmaria da violência, nesse recobrar da vontade de falar da vida, de falar do amor e do quanto tudo é ainda misterioso, mesmo depois de tantos "remendos" e de tantos "sonetos".
Bem-vindos à beleza do pôr-do-sol! 

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