Visão No. 23

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Toda prosa não passa de meias palavras,
Contemporizações que claudicam,
Relativizações convenientes...

Só é possível dizer com verdade 
Em linguagem de poeta… 
Em que as reticências denotam um prolongamento infinito do sentido.
Sem cortá-lo, sem adulá-lo, 
Sem aparar-lhe arestas… 

Não!
Não é do ofício do poeta 
Polir as palavras para amenizá-las,
Mas dar a cada sentido 
O seu sentido em absoluto…

Digo que o amor é bom
E ele é bom
E se quer que seja bom 
E não se dá margem à dúvida… 

A língua dos poetas 
É nítida como sol meridiano
Irradiando a Verdade!

Mas se noutro verso 
a mesma tese se contradiz!
Assim o é, não porque mente o verso…
Não é que o amor rendeu-se ao mal,
Mas que é mau o amor,
O mesmo amor que é bom! 

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