Visão No. 33

20 1 0
                                    

Há aqueles que como eu 
Vivem para o desejo… 
E não erguem as mangas 
Para nenhum propósito…

O desejo em mim
Brilha e se apaga… 
Como uma armadilha da vida….

Há aqueles que cantam e dançam 
Sem se dar conta de que a causa é rasa, 
Na carne que fenece todo dia… 

Há aqueles que se dão importância, 
Exigem o regalo que não merecem 
E dão justificativas inúteis… 

Mas quem encontrou a vontade? 
Quem não se deixou ao sabor das leviandades de um existir precário?

Quem se ergueu realmente desperto? 
Consciente a cada segundo
Do que é meramente conveniente
E do que é a verdadeira necessidade?

Pode ser que eu tenha razão, 
Que esta resignação não seja outra coisa que não a minha vontade 
Disfarçada em desânimo para com tudo que é grandioso...
Mas uma vontade primária, 
Sem a complexidade das grandes filosofias, 
Sem a nobreza das grandes moralidades,
Sem o imperativo de qualquer dever...
Convicto em mim
E dado a qualquer ação que é cega… 

Deixo assim este mundo aos que se agitam, 
Deixo com seus ruídos
E a comoção de seus ideiais… 

Deixo tudo para eles! 
E de cortesia
Alguns versos...
E nenhuma certeza...

VISÕES AO CREPÚSCULOOnde histórias criam vida. Descubra agora