Sentem ranço de tudo e se enojam,
A vida lhes é má que não serve aos instintos…
Mas repara que é a vida o que querem
Enquanto aos outros é que desprezam…Buscam-se, querem-se
E de querer a si tem desejos que lhes condizem,
Mas quando é que vão perceber
Que estão atados a toda humanidade
E que seu desejo é o laço?Também eu queria
Um mundo que me conviesse…
Em que a ignorância fosse obliterada de vez
E cada qual soubesse que lugar lhe cabe
Na balança cósmica da existência…Também eu queria os gestos gentis,
Não ser despojado de qualquer direito já garantido pela convenção humana
E poder chamar a isso justiça…
Teria eu todos os direitos:
Comer, amar, um teto
E sexo o quanto os quisesse
E ninguém me privaria do meu direito
Para me falar de trabalho ou dever.Mas o ranço e o nojo que sentem
São o constrangimento de a vida estar diante de si e mostrar belezas que não podem alcançar
E que os obriga a contentarem-se pouco,
Com esta escassez incompreensível
Que é viver neste mundo
Em que falta o sentido
E sobra a fadiga dos deveres,
E que por isso compartilha-se com desigualdade o pão, o leito e as dores…O ruído das queixas revelam contradições e insatisfações…
E a balança das relações humanas
Oscila num alternar de pesos e contrapesos,
No vai e vem inconstante das emoções humanas…
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VISÕES AO CREPÚSCULO
Poetry#COMPLETO Poesias & Reflexões Em versos brancos, uma viagem por este mundo crepuscular em que as coisas lentamente se dispersam para abraçar a escuridão da noite.