Visão No. 42

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A miopia da humanidade 
Nos trouxe para demasiado próximo de nós mesmos
E nos trouxe, portanto,
Ao que é irreal e subjetivo… 

Os toldos do solipsismo 
Velaram-nos  toda objetividade
Com angústias e ansiedades…
E ousamos falar de uma liberdade 
Que jamais houve entre os grandes universais.

Olho e vejo na paisagem os santuários truncados, 
Os alicerces de areia,
As sombrias definições de uma existência 
Que se realiza como uma bolha de sabão… 

E tudo o mais é deixado de lado,
Todo princípio recaiu a leviandade… 
E a verdade é burilada 
por uma espécie de conveniência cósmica… 

Tudo o que desvela 
A face hórrida deste homem,
Doentio, cioso e desmedido…
É agora anatemizado…

É preciso ser condescendente com seu fracasso, 
Com sua falha intrínseca,
É preciso escusá-lo ao ponto de que nenhuma justiça seja mais valiosa
Que seu ressentimento…

E por isso,
Esse mundo se esgarça em definições falsas, 
Subsidiado por exemplos fúteis,
Narrativas sentimentais que se repetem 
Como canções  de carpir… 

E na convulsão de sentimentos 
E nos discursos do ego superestimado
Perde-se em privilegiar a inconsistência do coração do homem,
A buscar transcendê-la…

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