Visão No. 50

25 0 0
                                    

Estou quebrado 
Como um velho gramofone… 

O mundo me deixou de lado 
E esqueceu das minhas canções… 

E agora o som que soa alto é uma cantiga de folia que é triste,
Com todos os duplos sentido que me partem em dois,
Com a cacofonia que me deixa surdo… 

E com tudo isso, meu verso escorre, 
Incapaz de irrigar a vida de sentidos,
É levado para longe 
No fluxo do esquecimento que me toma
E que toma o mundo… 

Estou quebrado!
Dei-me corda na esperança de me ver soar de novo,
Dei-me um disco de velhas sinfonias 
E soei impuro, cheio dos ruídos do mundo… 

E minha existência convinha ao meu canto
À rouquidão da minha voz, 
À cegueira de minha agulha, 
À flor morta que de mim brotou 
Como uma campânula enferrujada
Uivando feito o demônio de minhas profundezas frias… 

VISÕES AO CREPÚSCULOOnde histórias criam vida. Descubra agora