Visão No. 1

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Ao crepúsculo é que digo que nasço...
O que fui até esta hora em que desperto
É o sono dos homens...

Se me lembro de algo
É como um pesadelo...
Mas ao crepúsculo que tenho
Senão um copo de cerveja
- E nenhuma esperança...?

Pessoas vão e vêm
E passam por mim...
Às vezes, um cão mas nunca um gato...
Curiosamente ninguém havia passado por mim
Até esta hora...

E nem lembro de algum assunto importante
Que tenha me ocupado
Até esta hora...

Nada vi
(Estive sonâmbulo?
Quem me substituía quando eu tinha de falar?
Quem era diligente em meu lugar
E tomava as decisões
Que eu declinava de tomar,
Enquanto eu me distraía tanto da vida?).

Olho o relógio
Como um oráculo...
Reparei agora que alguns sorriem,
Outros estão preocupados...

Sói a vida ter contrastes...
Mas se tudo é tão difuso que parece o mesmo,
Há tédio,
Há aborrecimento...
E será que há vida?

Desperto às 7, almoço ao meio-dia,
Há uma rotina de horas
Reiteradas na sucessão dos tempos,
Mas é como se eu estivesse noutro sono
Para dentro do dia...

Acordei há pouco...
18 horas em ponto...
Vi um sorriso de gente humana,
Alguém me falou da beleza do céu,
A previsão do tempo dizia que ia chover,
Eu não fiz planos,
Apenas sorvo mais um gole...
A cerveja está gelada...
Mais um gole para dentro da noite...

VISÕES AO CREPÚSCULOOnde histórias criam vida. Descubra agora